Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Óscar Lopes - 90º aniversário

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O Secretário-Geral do PCP enviou uma saudação a Óscar Lopes, assinalando o seu 90º aniversário, sublinhando a grande admiração e fraternidade da Direcção do PCP pelo homem, pelo intelectual, pelo revolucionário e comunista e destacando a sua inestimável contribuição na conquista da liberdade e da democracia e na luta por uma nova sociedade.

90º aniversário de Óscar Lopes

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP


No dia em que se assinala o 90º aniversário de Óscar Lopes, o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, endereçou ao militante comunista e prestigiado ensaísta, crítico literário e historiador uma saudação com o seguinte teor:
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«No momento em que celebras mais um aniversário de uma vida exaltante, e procurando interpretar a grande admiração e fraternidade da Direcção do Partido para contigo – pelo homem, pelo intelectual, pelo revolucionário e comunista – recebe um imenso abraço extensível à tua companheira.
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Tens dado camarada, uma inestimável contribuição na construção do Partido que temos e do Partido que somos, na conquista da liberdade e da democracia e na luta por uma nova sociedade.
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O teu exemplo dá-nos força e confiança para prosseguir os muitos combates que travamos para alcançar um devir colectivo mais justo, livre e solidário neste fazer e refazer permanente da nossa acção e da nossa luta».
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Terça, 02 Outubro 2007
Amanhã, no dia em que faz 90 anos, nasce, em Matosinhos, uma avenida com o nome deste homem de palavra, das palavras. Leitor emocionado, crítico rigoroso, nas noites de insónia escreve poemas à procura, talvez, de "errados nomes de desejo". Partilhou a vida entre a história da literatura, a linguística, as grandes questões sociais e o fraterno sentido de estar com os outros. Óscar Lopes, o leitor emocionado, é alvo de uma homenagem, organizada pelo "mais camarada" dos seus "patrões".
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Da obra poética do autor da Gramática Simbólica do Português apenas se conhece um poema, publicado em 1985, na antologia A Ilha dos Amores, edição da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. .

O poema, "Segunda Pessoa", surpreendeu, pela beleza e amargura, os leitores que de Óscar só conheciam o linguista, ensaísta ou historiador da literatura. Até à data, porém, o restante trabalho poético continua inédito, fechado na gaveta. Não por falta de editor, mas por desejo do autor. "O meu livro de poemas não é provável que saia enquanto estiver vivo."
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O fascismo português impediu o co-autor da mais importante História da Literatura Portuguesa de leccionar na universidade. Mas não teve força nem engenho, contudo, para lhe tolher a intervenção cívica e política, que alguns consideravam prejudicial ao trabalho de linguista e investigador. Óscar Lopes sempre contestou essa ideia: a actividade política e cívica, sublinha, é tão importante com o resto do trabalho.
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No longo caminho do leitor emocionado e oposicionista à ditadura há, fácil de adivinhar, a passagem pela prisão por motivos políticos. E até aí, "na enxovia" - na prisão da PIDE, na Rua do Heroísmo, Porto - mal iluminada continuava o fascínio de ler, de ler os outros, mesmo que fosse numa posição incómoda. "Tinha que subir a uma cadeira colocada em cima da mesa e ler a essa altura, porque a luz era fraquíssima."
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O editor José da Cruz Santos, que organiza juntamente com a Cooperativa Árvores a homenagem, conhece há muito a generosidade do linguista solidário. Óscar Lopes foi o primeiro director da Inova, editora que Cruz Santos criou em 1968. "Ele não se importava de fazer as coisas mais simples, lia originais, fazias as badanas dos livros, escrevia folhetos de divulgação." Sempre com boa vontade, "sobrecarregado de trabalho", é certo, mas a editora e as suas palavras de fogo cumpriam uma intervenção cívica. Um dia, lembra o editor, Óscar Lopes ofereceu-lhe um livro, onde deixou esta dedicatória: "Ao mais camarada de meus patrões."
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O leitor emocionado é também um homem justo. Só podia ser um homem justo. Sabia separar as águas. Vergílio Ferreira, na Conta-Corrente, várias vezes o fustiga, tocado por ódios ideológicos e não só. Mesmo assim, Óscar não riscou das suas preferências o desabrido crítico. Prova disso, a dedicatória que escreveu, a pedido de Cruz Santos, ao autor de Aparição. "Vergílio Ferreira, pode não gostar do que escrevo, do que julga eu representar, e até de mim. Isso não me dá direito de não gostar daquilo que gosto, em si e na sua obra. Tanto mais que até gosto de toda a gente. ’Pobre gente, toda gente’.
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Esquecimentos convenientes sobre Óscar Lopes - O Blogue do Castelo

Segunda-feira, 1 de Outubro de 2007
Esquecimentos convenientes sobre Óscar Lopes
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Óscar Lopes faz amanhã 90 anos. Historiador da Literatura Portuguesa, escritor, ensaísta, professor, etc, foi ainda um opositor do regime fascista e continua a ser um comunista coerente e convicto. Amanhã receberá uma merecida homenagem que incluirá a atribuição do seu nome a uma avenida de Espinho. Vai iniciar-se no dia 10 de Outubro um ciclo de homenagem a esse nome incontornável da cultura portuguesa, onde participam políticos como o secretário-geral do PCP e a ministra da Cultura, asim como intelectuais como Urbano Tavares Rodrigues, Maria Alzira Seixo, Magalhães Godinho, Carlos Reis, Vasco Graça Moura, Baptista-Bastos, Viale Moutinho, José Manuel Mendes, etc.
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Pois bem, leio hoje um artigo no Diário de Notícias sobre o homenageado e pasmo! Pasmo por ver como é possível escrever longamente sobre um homem como Óscar Lopes, os seus méritos e qualidades, referir o corajoso passado de anti-fascista com passagem pela prisão e conseguir fazer isso tudo sem uma referência à sua filiação partidária. Que pudores avassalarão a alma de tal escriba para evitar dizer o que muitos sabem: que Óscar Lopes é comunista e não renegou? E como lhe teria sido proveitoso! Que diferença entre a coluna vertebral erecta dos verdadeiramente grandes e o curvar de cerviz dos medíocres!
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E a pergunta vem-nos à mente. A sua militância comunista seria igualmente esquecida se ele fosse um ex? Não estaria a comunicação social dominante a fazer um escarcéu sobre a sua saída?
Ah! O pobre escrivão chama-se Henrique Mangas e o pobre escrito pode ser lido aqui.
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in O Blogue do Castelo

Para saber mais ver:

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Óscar Lopes na Wikipedia
DGLB pesquisa de autores: Óscar Lopes e a História da Literatura Portuguesa
O fim do fascismo e a queda da PIDE no Porto
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Caricatura de Óscar Lopes - autor não identificado

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Homem de muito saber a quem é interessantíssimo ouvir, mesmo em qualquer conversa informal;

Que coisa extraordinária fazer 90 anos!
PARABÉNS PROFESSOR!

Maria Mamede