Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Crónicas do novo mundo - Uma herança a preservar


* F. Falcão-Machado,
Embaixador de Portugal no México

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Foi aprovada há poucos dias pelo plenário da assembleia geral das Nações Unidas uma importante declaração sobre os direitos dos povos indígenas. De entre os vários aspectos contemplados nesse documento merece uma referência a questão das línguas autóctones desses povos.
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Segundo dados recentemente divulgados pela ‘National Geographic Society’, são hoje reconhecidas no Mundo cerca de sete mil línguas. Grande parte delas – sobretudo na América Latina e na Austrália mas também na África – arrisca-se a cair em desuso. Por exemplo, existem 500 idiomas no Mundo que apenas são falados hoje por menos de dez pessoas. Outros idiomas, muito raros, resistem à divulgação em virtude de os seus cultores os utilizarem defensivamente, como uma linguagem secreta reservada apenas a iniciados – é o caso de muitas orações e receitas ligadas à ervanária e utilizadas por feiticeiros, cuja origem se perde na noite dos tempos. Em contrapartida, impuseram-se no Mundo contemporâneo 83 línguas com influência global que são faladas por cerca de 80% dos habitantes da área geográfica respectiva. Mesmo nas sociedades bilingues tem-se verificado um fenómeno semelhante àquele que sucede com a moeda: acaba sempre por se impor o idioma dominante nas relações económicas e nos meios de Comunicação Social, entendidos estes num sentido amplo que cobre toda uma realidade internacional hoje de acesso tão fácil graças aos progressos tecnológicos. Além disso, se o facto de grande parte dessas línguas indígenas não possuir uma forma de escrita contribuiu para o seu progressivo desaparecimento, também a própria dinâmica interior do universo dessas línguas acelerou de alguma maneira esse mesmo processo. A História mostra-nos, com efeito, que certos idiomas dominantes foram aniquilando outros idiomas falados pelos povos dominados.
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Ora a questão que se nos põe é a de saber se deveremos ficar indiferentes ao desaparecimento desse segmento do património cultural da Humanidade. A declaração sobre os direitos dos povos indígenas mostra-nos o caminho a seguir.
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in Correio da Manhã 2007.10.06
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