Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Uma igreja que é uma coroa em Famalicão

O novo templo católico de Santiago de Antas está carregado de referências simbólicas. Foi inaugurado no passado domingo.
***PÚBLICO - Uma igreja que é uma coroa em Famalicão

A partir da nova estrada aberta junto à igreja de Santiago de Antas, em Famalicão, o templo românico fica perfeitamente enquadrado entre a torre sineira e a nave do novo local sagrado da freguesia. Os dois edifícios não podiam, porém, divergir mais: o mais antigo é rectangular, pequeno, e granítico; o novo, que foi inaugurado no domingo, é elíptico, enorme, e construído em betão pintado de branco. “Queríamos fazer este contraste para mostrar às pessoas que é uma peça completamente diferente”, explica Hugo Correia, arquitecto que assina a obra.

A igreja antiga, com origem no século XII, está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1958. O projecto de arquitectura do novo edifício teve, por isso, que passar pelo crivo do  Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar). Nas conversas com os técnicos do património “surgiu muitas vezes a pergunta: por que não reveste a granito ou de algum material próximo a nova igreja?”, conta Correia. “Nós éramos completamente contra. A igreja antiga é tão valiosa, que não queríamos correr o risco de confundir as pessoas”.

Acabou por convencer os técnicos do Igespar e desenhar uma igreja moderna, de linhas simples, mas carregada de simbolismo. No interior, os únicos ornamentos estão no retábulo do altar, desenhado por Tiago Costa, arquitecto que esteve a colaborar no gabinete de Hugo Correia nos últimos anos. Esses dois painéis foram construídos em cerâmica e decorados com folhas de ouro e prata, com imagens de S. Tiago e de Nossa Senhora da Conceição. A igreja tem formato oval e no exterior é circundada por vários anéis que se entrecruzam, criando um efeito de malha. De acordo com Correia, pretendem simbolizar a coroa de espinhos que terá assentado sobre a cabeça de Jesus Cristo no momento da sua crucificação.

Há outras referências a símbolos da doutrina da Igreja Católica na obra. O piso de madeira é percorrido por duas linhas paralelas em mármore, que ligam o exterior do edifício ao altar. A primeira, azul, representa o rio Jordão, local do baptismo de Cristo, e liga o exterior do templo à pia baptismal e depois ao retábulo mor. A segunda linha, vermelha, representa o sangue do profeta, e termina sob o púlpito onde são feitas as leituras dos textos sagrados.

A freguesia de Santiago de Antas foi uma das que foi absorvida pela cidade com o crescimento de Vila Nova e Famalicão nos últimos anos. O vizinho Parque da Devesa e novos empreendimentos imobiliários fizeram crescer uma localidade que até há 30 anos era marcadamente rural. Hoje, tem cerca de 8.000 pessoas e a velha igreja não tinha condições para acolher os que, dentro destes novos habitantes, são católicos.

“Não havia assentos para todos”, conta o padre Agostinho Alves, que está na paróquia há seis anos. Aeixou de ser um problema dentro da igreja, onde há também lugar para muitas mais pessoas – o novo edifício tem 500 lugares sentados e espaço para mais 200 pessoas nas naves laterais – e condições acrescidas para as actividades da paróquia no piso subterrâneo, onde foi criado um centro pastoral com quatro salas para as sessões de catequese e uma sala com capacidade com 200 pessoas e possibilidade de receber espetáculos e festas.

A construção da nova igreja era, por isso “uma festa que há muito tempo se esperava” na freguesia de S. Tiago de Antas, ilustra Agostinho Alves. Esse dia chegou no domingo, com a realização de uma missa inaugural a que presidiu o Arcebispo de Braga, Jorge Ortiga.

Ao todo, a obra da nova igreja de Santiago de Antas custou 3,2 milhões de euros, financiados quase exclusivamente por fundos próprios da paróquia e por intermédio de um peditório feito de porta a porta juntos da população local e do apoio de alguns beneméritos. A Câmara de Famalicão deu também um auxílio, cedendo o terreno em que o edifício foi implantado por um prazo de 100 anos e atribuindo dois subsídios, num total 230 mil euros, que serviram para pagar o projecto de arquitectura e os arranjos exteriores.

https://www.publico.pt/2016/11/28/local/noticia/uma-igreja-que-e-uma-coroa-em-famalicao-1752885

terça-feira, 18 de outubro de 2016

A terra, o homem e a luta: ‘Os sertões’


  

15 de outubro de 2016 - 9h19 




 Fonte: Nexo

segunda-feira, 11 de julho de 2016

uma, duas, três ... quatro casinhas como se fossem os 4 "mosquiteiros"




[Gosto da] Minha Casinha  - 1943

Que saudades eu já tinha
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar
assim num primeiro andar
a contar vindo do céu.

O meu quarto lembra um ninho
e o seu tecto é tão baixinho
que eu, ao ir para me deitar,
abro a porta em tom discreto,
digo sempre: «Senhor tecto,
por favor deixe-me entrar.»

Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.

De manhã salto da cama
e ao som dos pregões de Alfama
trato de me levantar,
porque o sol, meu namorado,
rompe as frestas no telhado
e a sorrir vem-me acordar.

Corro então toda ladina
na casa pequenina,
bem dizendo, eu sou cristão,
“deitar cedo e cedo erguer
dá saúde e faz crescer”
diz o povo e tem razão.

Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres

tem mais alegria.

Autor da Letra:Linhares Barbosa
Autor da Música:Frederico de Brito


Uma Casa Portuguesa

Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!


Autor da Letra:Reinaldo Ferreira
Autor da Música:Matos Sequeira / Artur Fonseca

**




A Casa da Mariquinhas

Foi no Domingo passado que passei 
À casa onde vivia a Mariquinhas 
Mas está tudo tão mudado 
Que não vi em nenhum lado 
As tais janelas que tinham tabuinhas

Do rés-do-chão ao telhado 
Não vi nada, nada, nada 
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas 
E há um vidro pegado e azulado 
Onde via as tabuinhas

Entrei e onde era a sala agora está 
À secretária um sujeito que é lingrinhas 
Mas não vi colchas com barra 
Nem viola nem guitarra 
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas

O tempo cravou a garra 
Na alma daquela casa 
Onda às vezes petiscávamos sardinhas 
Quando em noites de guitarra e de farra 
Estava alegre a Mariquinhas

As janelas tão garridas que ficavam 
Com cortinados de chita às pintinhas 
Perderam de todo a graça porque é hoje uma vidraça 
Com cercaduras de lata às voltinhas

E lá pra dentro quem passa 
Hoje é pra ir aos penhores 
Entregar o usurário, umas coisinhas 
Pois chega a esta desgraça toda a graça 
Da casa da Mariquinhas

Pra terem feito da casa o que fizeram 
Melhor fora que a mandassem prás alminhas 
Pois ser casa de penhor 
O que foi viver de amor 
É ideia que não cabe cá nas minhas

Recordações de calor 
E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer 
Numas ginjinhas

Pois dar de beber à dor é o melhor 
Já dizia a Mariquinhas 
Pois dar de beber à dor é o melhor 
Já dizia a Mariquinhas




Autor da Letra:Silva Tavares
Autor da Música:Popular
***

Ave Maria No Morro


Barracão de zinco
Sem telhado, sem pintura
Lá no morro
Barracão é bangalô

Lá não existe
Felicidade de arranha-céu
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu

Tem alvorada, tem passarada
Alvorecer
Sinfonia de pardais
Anunciando o anoitecer

E o morro inteiro no fim do dia
Reza uma prece ave Maria
E o morro inteiro no fim do dia
Reza uma prece ave Maria

Ave Maria
Ave
E quando o morro escurece
Elevo a Deus uma prece
Ave Maria.


Letra  e Música - Herivelto Martins

sexta-feira, 13 de maio de 2016

"República" por Francisco Fanhais e José Afonso (1975)


Álbum gravado em Roma, disco de solidariedade para com o jornal República e a reforma agrária, editado em 1975, com interpretações de José Afonso e de Francisco Fanhais, numa iniciativa conjunta do Manifesto e das organizações Lotta Continua e Vanguardia Operaria, nunca foi distribuído em Portugal.



Francisco Fanhais - "Para não dizer que não falei de flores" 



José Afonso - "Os Vampiros"


Francisco Fanhais - "Senhora do Almortão"



José Afonso - "Foi no sábado passado "

Canção composta por José Afonso sobre os acontecimento em Setúbal a 7 de Março de 1975. quando a direita - PPD/PSD - tentou logo após o 25 Abril realizar um comício nesta cidade. Dos confrontos com a Polícia resultou um morto.



Francisco Fanhais e José Afonso (voz)


José Afonso - "Canta Camarada"



José Afonso - "Eu hei-de ir colher marcela" 


Francisco Fanhais - "Se os teus olhos se vendessem "



José Afonso - "O pão que sobra à riqueza"


Francisco Fanhais - "Letra para um hino"


Ouvir o disco "República" (pela primeira vez para muitos de nós!)




“República” foi gravado em Roma, em 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1975, nos Estúdios das Santini Edlzioni. Álbum de solidariedade para com o jornal República e a Reforma Agrária, editado em 1975, com interpretações de Zeca e de Francisco Fanhais, que inclui um tema inédito, Foi no Sábado Passado, escrito a propósito de uma manifestação de solidariedade com a revolução portuguesa, realizada em Roma. Os outros temas são Para não dizer que não falei de flores, do brasileiro Geraldo Vandré, Se os teus olhos se vendessem, Canta camarada, Eu hei-de ir colher macela, O pão que sobra à riqueza, Vampiros, Senhora do Almortão, Letra para um hino e Ladaínha do Arcebispo. Editado por iniciativa conjunta do Manifesto e das organizações Lotta Continua e Vanguardia Operaria, nunca foi distribuído em Portugal. O produto da venda dos discos destinava-se ao apoio da Comissão de Trabalhadores do Jornal “República” ou, caso o jornal fosse entretanto extinto, ao Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre.

Em http://www.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=Coopera (Centro dedocumentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra) fomos encontrar este disco raríssimo de José Afonso e Francisco Fanhais que contém músicas nunca editadas em CD e que aqui temos oportunidade de ouvir pela primeira vez.
Aparece aqui com o título “Per le cooperative agricole portoghesi de José Afonso e Francisco Fanhais”


1 – Para não dizer que não falei de flores (Geraldo Vandré)
2 – Se os Teus Olhos se Vendessem (Popular)
3 – Foi no Sábado Passado (José Afonso)
4 – Canta Camarada (Popular/José Afonso)
5 – Eu Hei-de Ir Colher Marcela (Popular/ José Afonso)
6 – O Pão que Sobra à Riqueza (Quadras de José Afonso com a música “Vira de Coimbra”)
7 – Os Vampiros (José Afonso)
8 – Senhora do Almortão (Popular Beira-Baixa/José Afonso)
9 – Letra para um Hino (Manuel Alegre/Francisco Fanhais)
10 – Ladaínha do Arcebispo (José Afonso)
http://www.aja.pt/ouvir-o-disco-republica-pela-primeira-vez-para-muitos-de-nos/