Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 30 de setembro de 2007

Primeiro satélite faz 50 anos


Efeméride: Lançamento do ‘Sputnik 1’ iniciou a era espacial e foi um marco na guerra fria
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* Sérgio Vieira
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Em 1957 comemorava-se o Ano Geofísico Internacional (entre 1 de Julho de 1957 e 31 de Dezembro de 1958). Para o celebrar os EUA tinham prometido lançar o primeiro satélite artificial, mas na véspera da inauguração do VIII Congresso Internacional da Astronáutica, que se realizou em Valência, a 5 de Outubro de 1957, a nata dos cientistas astronáuticos e o Mundo em geral foram apanhados de surpresa: a União Soviética, que tinha realizado o seu programa espacial de forma silenciosa, adiantou-se e lançou o primeiro satélite artificial, o ‘Sputnik 1’.
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Os EUA tinham menosprezado a eficácia soviética pois existia a noção, enraizada em toda a América, de que não só os americanos constituíam a vanguarda tecnológica do Mundo como a de que o povo soviético era particularmente atrasado em termos tecnológicos. Em plena Guerra Fria, os americanos sentiram-se humilhados e até vulneráveis, dado que o lançamento de um satélite constituía uma ameaça de domínio mundial. A União Soviética provou que estava apta a colocar em órbita objectos de 80 quilos (que poderiam muito bem ser bombas). Assim, qualquer alvo situado em qualquer parte do Mundo passava a estar ao alcance dos mísseis balísticos intercontinentais soviéticos, como o foguete lançador R7 que, não se mostrando até então uma arma muito eficaz para levar destruição ao inimigo, foi ainda assim uma arrasadora arma de propaganda.Essa história começa a 4 de Outubro de 1957: enquanto os americanos amargavam vários insucessos com os seus foguetes, um R7 partiu do cosmódromo russo de Tyuratam-Baikonour (hoje no Cazaquistão). A bordo, uma pequena esfera de alumínio de 58 centímetros de diâmetro, à qual foram fixados dois pares de antenas com 2,4 e 2,9 metros, respectivamente. A esfera estava repleta de azoto e continha essencialmente um par de baterias químicas que alimentavam dois emissores rádio a emitir o famoso bip bip captado em todo o Mundo pelos radioamadores.O ‘Sputnik’, lançado para além da atmosfera, viajava a uma velocidade suficiente (8 km/s, ou seja, cerca de 29 800 km/h) para permanecer em órbita, como a Lua. Dava uma volta à Terra em pouco mais de 96 minutos a uma altitude entre os 228 e 947 quilómetros. Acima dos 240 quilómetros a densidade da atmosfera da Terra é tão baixa que quase não tem efeito sobre um corpo em movimento. O pior é que, no seu perigeu, a órbita do ‘Sputnik’ levava-o regularmente abaixo desse limite, pelo que não poderia ficar no Espaço indefinidamente: a fricção actua com um travão e o veículo acabaria por decair, queimando-se nas camadas mais densas da atmosfera.Foi o que aconteceu: acabou por se desintegrar em 4 de Janeiro de 1958. Entretanto, o bip-bip já tinha deixado de se ouvir em 26 de Outubro, altura em que se esgotaram as baterias. NOVO GOLPE NO ORGULHO AMERICANOAntes que os americanos conseguissem reagir, um mês depois um novo golpe no seu orgulho: em 3 de Novembro a União Soviética colocou em órbita o ‘Sputnik 2’, uma missão ainda mais ambiciosa. O engenho, de 508 quilos, levava a bordo a cadela ‘Laika’, assim como aparelhagem destinada a registar reacções de um ser vivo em estado de imponderabilidade e outro para medir radiações cósmicas.Ficou então provado que o organismo animal suportava bem a colocação em órbita e pelo menos uma semana em imponderabilidade, o que permitiu preparar, com bases sólidas, a ida do homem ao Espaço.Só então a Casa Branca reage e anuncia o lançamento de um satélite para Dezembro. O engenho, que daria prestígio aos americanos, teria apenas um diâmetro de 16 centímetros e emitiria unicamente um sinal de reconhecimento. Após esta apressada tentativa falhada, os EUA decidem desenvolver os primeiros programas espaciais ‘a sério’, destacando-se a criação do foguete intercontinental ‘Atlas’ e do primeiro satélite, o ‘Explorer 1’, lançado com êxito em 31 de Janeiro de 1958.
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MEIO SÉCULO DE VOOS
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O lançamento do ‘Sputnik’ pela União Soviética, em 1957, fascinou milhões de pessoas e levou o programa espacial norte-americano a acelerar o seu ritmo. Começa a corrida espacial entre as duas super potências mundiais. Quando, no início dos anos 90, os Estados Unidos e a Rússia concordaram em construir a Estação Espacial Internacional, a corrida iniciada na Guerra Fria, tornou-se finalmente numa parceria de paz.
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‘SPUTNIK 1’
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Os sinais de rádio ‘blip’, ‘blip’ são ouvidos por todo o mundo. O satélite faz 1440 órbitas da Terra durante três meses, viajando cerca de 60 milhões de quilómetros
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YURI GAGARIN
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Faz uma orbita da Terra a 315 quilómetros de altitude. A sua cápsula espacial ‘Vostok 1’ atingiu a velocidade de 28096 km/hora, numa missão de 108 minutos
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ALAN SHEPARD
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Faz um voo sub-orbital de 15 minutos na cápsula ‘Mercury’. Mais tarde, Shepard comanda a Apollo 14 e passa mais de nove horas na Lua
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25 DE MAIO DE 1961
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O presidente da América John F. Kennedy promete que os Estados Unidos aterram na Lua dentro de uma década. O seu discurso dispara o programa Apollo e a construção do satélite lunar ‘Saturno V’.
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20 DE JULHO DE 1969
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É um pequeno passo para o Homem, um grande salto para a Humanidade” – Neil Armstrong.
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14 DE MAIO DE 1973
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Os Estados Unidos lançam a estação espacial ‘Skylab’, construída a partir do andar superior do Saturno V. Três equipas visitam a estação nos nove meses seguintes.
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28 DE JANEIRO DE 1986
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Os sete membros da tripulação morrem quando o vaivém ‘Challenger’ explode, 70 segundos após a descolagem
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JANEIRO DE 2004
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O presidente norte-americano George W. Bush jura que a NASA vai voltar à Lua até 2020
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CRONOLOGIA
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- 1 Out, 1958: A NASA torna-se operacional
- 4 Out, 1957: Lançamento do ‘Sputnik 1’;
- 3 Nov: ‘Sputnik 2’ transporta o primeiro passageiro vivo, a cadela Laika
- 31 Jan, 1958: O primeiro satélite norte-amerciano, ‘Explorer 1’ descobre a cintura de radiação de Van Allen
- 12 Abr, 1961: O russo Yuri Gagarin torna-se o primeiro homem no espaço
- 5 Maio: Alan Shepard torna-se o primeiro americano no espaço.
- 20 Fev, 1962: John Glenn é o primeiro americano a fazer uma órbita terrestre completa
- 18 Mar, 1965: O russo Alexei Leonov faz a primeira caminhada espacial
- 20 Jul, 1969: A Apollo 11 faz aterrar o primeiro Homem na Lua
- 19 Abr, 1971: A USRR envia uma equipa de três homens para a Salyut – a primeira estação espacial
- 15 Jul, 1975: Aperto de mão no espaço – A cápusla Apollo acopula com a Soyuz. Termina efectivamente a corrida espacial
- 12 Abr, 1981: A ‘Columbia’ entra em órbita. Começa a era dos vaivéns
- 15 Nov, 1988: O vaivém soviético Buran faz o primeiro e único voo não tripulado. Aterra automaticamente após duas órbitas.
- 24 Abr, 1990: A NASA lança o telescópio espacial Hubble: Os vaivéns estendem o seu período de vida até 2013
- 20 Nov, 1998: A Rússia lança a Zarya, o primeiro módulo da Estação Espacial Internacional
- 1 Fev, 2003: O vaivém Columbia desintegra-se no regresso à Terra, ao reentrar na atmosfera, com sete austronautas a bordo
- 15 out, 2003: China torna-se no terceiro país a enviar um Homem ao espaço
- 2007: China, Japão e Índia anunciam planos para bases lunares até 2020
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in Correio da Manhã 2007.09.29

Borboletas e cobra - Vietname revela novas espécies


Cientistas do Fundo da Vida Selvagem descobriram numa zona remota do Vietname 11 novas espécies de animais e plantas.
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O achado, localizado na província de Thua Thien Hue, numa região conhecida por Corredor Verde, inclui duas espécies de borboletas e uma cobra, cinco de orquídeas e três outras plantas, que vivem num ambiente de floresta tropical.
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Os cientistas analisaram ainda dez espécies de plantas a fim de saberem se até hoje nunca tinham sido registadas. Segundo Cris Dickinson, do Fundo da Vida Selvagem, “isto pode ser apenas a ponta do icebergue”.
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in Correio da Manhã 2007.09.29
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Foto - Cobra de que não havia registo foi descoberta no Vietname

Acontece em...


Cantares alentejanos em Pinhal de Frades
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Realiza-se hoje à tarde (a partir das 15h30), no Centro de Solidariedade Social de Pinhal de Frades, a 26.ª edição do Encontro de Corais Alentejanos do concelho do Seixal, que este ano conta com a participação de dez grupos.
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in Correio da Manhã 2007.09.29

Acontece em...

... Santo Antão do Tojal recebe D. João V
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Hoje e amanhã, Santo Antão do Tojal, em Loures, é palco de uma feira setecentista, onde se recriam os tempos do rei D. João V.
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Nestes dois dias há muita animação de rua e visitas guiadas. Evento termina com um churrasco popular.
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in Correio da Manhã 2007.09.29

A partir de hoje e até domingo - Galerias romanas abertas



* Miguel A. Lopes, Lusa
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As galerias romanas da R. da Prata, Lisboa, com mais de 2000 anos, vão estar abertas de hoje a domingo (10h00 às 18h00).
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A iniciativa insere-se nas Jornadas Europeias do Património, que se assinalam até domingo um pouco por todo o País.
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in Correio da Manhã 2007.09.28
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Foto Miguel A. Lopes (entrada para as galerias romanas)
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Visita às Galerias Romanas - Lisboa


Jornadas Europeias do Património

Visita às Galerias Romanas

28 a 30 Set: 10h-18h
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As primeiras notícias da descoberta remontam ao período de reconstrução da cidade, após o terramoto de 1755, onde um vasto conjunto de galerias surge de forma inesperada e, pela incipiente noção de património, viriam a servir como alicerces aos edifícios pombalinos.
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A arquitectura e as técnicas de construção sugerem ser um monumento contemporâneo de outros edifícios da cidade romana de Olisipo da época do Imperador Augusto (século I a.C - I d.C).
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Após interpretações diversas, os investigadores são hoje unânimes em identificá-lo como um criptopórtico, solução arquitectónica que criava, em zonas de declive e pouca estabilidade geológica, uma plataforma horizontal servindo de apoio à construção de grandes espaços públicos. As mais recentes hipóteses arqueológicas adiantam que pode tratar-se de uma estrutura ligada à zona portuária.

Informações Úteis: 217 513 200
museudacidade@cm-lisboa.pt
Sem marcação
Entrada livre por ordem de chegada
Última entrada: 17h30
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Monumentos
Galerias Romanas da Rua da Prata
Endereço: Rua da Conceição, 77

in Blog de Apontamentos

Aniversário - 114 anos do FC Porto

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* Joaquim Xavier
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O FC Porto comemora hoje [28 Setembro 2007] 114 anos de história com a assinatura de um protocolo com a Caixa Geral de Depósitos, que vai proporcionar a construção do ambicionado pavilhão (Dragãozinho), contíguo ao Estádio do Dragão, e que vai servir para a prática das modalidades amadoras.
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O futuro equipamento, cuja primeira pedra já foi lançada no passado mês de Março, vai juntar-se assim ao parque desportivo construído sob a liderança de Jorge Nuno Pinto da Costa: Estádio do Dragão e o Centro de Estágio Porto/Gaia.Desde 1982, quando Pinto da Costa assumiu a presidência do clube, os dragões conquistaram 15 Campeonatos Nacionais, 9 Taças de Portugal, 14 Supertaças ‘Cândido de Oliveira’, duas Taça dos Campeões, uma Taça UEFA, duas Taças Intercontinentais e uma Supertaça Europeia.
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Um palmarés – ao qual se juntam muitos outros títulos nas modalidades amadoras, nomeadamente no hóquei em patins, basquetebol, andebol, natação e atletismo –, que quase tornam insignificantes as conquistas portistas nos 89 anos que precederam a liderança de Pinto da Costa.
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Até à chegada de Pinto da Costa e desde que o clube foi fundado por Nicolau d’Almeida (28 de Setembro de 1893), o FC Porto apenas havia ganho 4 Campeonatos de Portugal, 7 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal e uma Supertaça ‘Cândido de Oliveira’.
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Foi com o actual presidente que o FC Porto ganhou notoriedade europeia e mundial. Primeiro na década de oitenta, com o treinador Artur Jorge e futebolistas como o bi-bota de ouro Fernando Gomes, Madjer e Paulo Futre. O historial de vitórias foi aumentado recentemente com o contributo de José Mourinho (2002 a 2004): uma Taça dos Campeões Europeus, uma Taça UEFA, duas Ligas, uma Taça de Portugal e uma Supertaça.
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TÍTULOS ATÉ 1982
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1934/35 - Campeão Nacional 1938/39 - Campeão Nacional 1939/40 - Campeão Nacional1955/56 - Campeão Nacional / Taça de Portugal 1957/58 - Taça de Portugal 1958/59 - Campeão Nacional 1967/68 - Taça de Portugal 1976/77- Taça de Portugal 1977/78 - Campeão Nacional1978/79 - Campeão Nacional / Supertaça 1980/81 - Supertaça
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TÍTULOS APÓS 1982
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(ano em que Pinto da Costa foi empossado presidente do FC Porto, a 23 de Abril)
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1982/83 - Supertaça 1983/84 - Taça de Portugal / Supertaça 1984/85 - Campeão Nacional 1985/86 - Campeão Nacional / Supertaça 1986/87 - Taça dos Clubes / Campeões Europeus / Supertaça Europeia 1987/88 - Campeão Nacional / Taça de Portugal / Taça Intercontinental 1989/90 - Campeão Nacional / Supertaça 1990/91 - Taça de Portugal / Supertaça 1991/92 - Campeão Nacional 1992/93 - Campeão Nacional / Supertaça 1993/94 - Taça de Portugal / Supertaça 1994/95 - Campeão Nacional 1995/96 - Campeão Nacional / Supertaça 1996/97 - Campeão Nacional 1997/98 - Campeão Nacional / Taça de Portugal / Supertaça 1998/99 - Campeão Nacional / Supertaça 1999/2000 - Taça de Portugal 2000/2001 - Taça de Portugal / Supertaça 2002/2003 - Campeão Nacional / Taça de Portugal / Supertaça / Taça UEFA 2003/2004 - Campeão Nacional / Supertaça / Liga Campeões 2004/2005 - Taça Intercontinental 2005/2006 - Campeão Nacional / Taça de Portugal / Supertaça 2006/2007 - Campeão Nacional
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in Correio da Manhã 2007.09.28
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28-09-2007 - 00:00:00 Sou do Porto
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» Comentários no CM on line
Sexta-feira, 28 Setembro
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- antonio carvalho Daqui a 50 anos vão se lembrar de festejar os 411 anos. Só neste clube, em que tudo falseiam.
- nokas O meu marido é Sportinguista e diz que a maior alegria que ele e os seus colegas de clube poderiam ter era um dirigente de clube como o PC.Várias vezes o ouvi dizer:O Sporting precisava era dum PC...Para o slb,qualquer um serve!PARABÉNS FCP E PC!
- antimafia du sul Realmente o Pais e pequenino mas tem o clube com mais ressabiados e nojentos do mundo , mais de 6 milhoes , e obra so mesmo de gente ignorante e atrasada nada mais...
- "Judy" Meu marido há alguns anos que anda embarcado e tem corrido vários países de todo o mundo. Sempre que diz que é português, à lembrança dos estrangeiros vem sempre os nomes de :Eusébio, Benfica e por vezes...a da grande AMÁLIA! Do Porto? Só falam do vinho!...
- A Marques Caras "osgas" nao e preciso darem os parabens aos vossos colegas do porto,pois ha muito tempo que nos sabemos que voces sao uma especie de filial desse clube corrupto.
- A Marques Sera que como prenda de aniversario,a nossa Justica nao deveria por esses CORRUPTOS todos na cadeia?ate nos anos de aniversario esses gaijos sao Corruptos.Pertencemos ao terceiro mundo,porque se fosse num pais civilizado, oh tempo que esse clube ja nao existia...mas, como somos pequeninos ...
- Jorge Costa 114 anos... Essa está hilariante!! Até o ano de fundação estes gajos forjam. Que vergonha. Há por aí medalhas a celebrar o 86º aniversário do FCP!
- Toni O FCP é como a Banda da Carris, ainda não existiam eléctricos mas já existia a Banda... É rídiculo como se querem pôr nas pontas dos pés inventando datas convenientes. Mas é comos eles são, datas inventdas, campeonatos comprados, etc...
- zeca fp Muitas Felicidades ao Grande Clube da cidade Invicta,por os seus 114 anos de existência,e tambem por os bons e leais serviços prestados,nao so às Gentes do Porto,mas tambem às Gentes de todo o Mundo.Hoje em qualquer parte do Planeta,nao ha nenhum desportista,que nao conheça o Campiao F C do Porto.Desejo ao F C Porto e seu Presidente,assim como a toda a Direcçao,muitas vitorias e muitos anos de vida.
- Antonio Junior Afinal não se percebe tanta conversa aquando do protocolo do Benfica com a Caixa. Ou agora já não é aquela uma instituição paga por todos nós. Este Pintinho é um espanto. Haja pachorra... Costa Caparica
- Miguel Eu gostava era de ouvir esse 'senhor' (cruzes-credo) explicar a 'história' da CGD. Quando foi do 'Caixa Futebol Campus', no Seixal, abriu a matraca com meia dúzia de atoardas infelizes e desinspiradas, quais flautulências...
- Gomes MAS HAVERA ALGUM BENFIQUISTA SERIO E DE CONSCIENCIA LIMPA ? SE FOSSEM SERIOS NAO VINHAM COMENTAR OS FEITOS DOS OUTROS CLUBES
- nuno londres o 'fecepe'deve ser o clube em todo o mundo que nunca celebrou o seu centenario!!! verdade?
- Verdão A maioria das vitórias conquistadas com suor, lágrimas, café com leite, fruta, muita fruta, férias no Brasil, envelopes fechados, etc. Assim até o Alguidares de Baixo seria campeão. Desde 1982 o porto deveria chamar-se Futebol Corrupto do Porto.
- fifi É urgente dignificar a Democracia e restaurar o Estado de Direito! corruptos na prisão ja, ne
- fifi OS GATUNOS È CORRUPTOS SEMPRE TIVERAM EM PORTUGAL A PROTEÇÃO DA JUSTIÇA COMO E O CASO DESTE ARGUIDO PRESIDENTE CORRUPTO DO PORTO..
- Antonio Matos Estes até na idade fizeram trafulhice. Se lhes conviesse ter 90 anos, também encontrariam maneira de o justificar.Mas haverá alguma coisa séria naquela casa!
- João Queluz Como Sportinguista quero desejar Parabéns ao FCP,um dos maiores clubes Portugueses e da Europa,e ao seu actual Presidente.Quer se goste ou não do Sr. Pinto da Costa,a verdade é que a sua gestão desportiva do Clube só pode ser considerada excepcional.Desejo longa vida ao FCP,com muitos sucessos e que continue a promover o Desporto em Portugal.
- zecafcp mais uns que falsearam a data de nascimento!!
- Carlos Costa A melhor prenda de aniversário para todos os portistas seria o DESPEDIMENTO de jesualdo.

sábado, 29 de setembro de 2007

Vulcão dos Capelinhos foi há 50 anos - Um tempo de grande medo


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* Fernando Lima, Açoriano, ex-jornalista e actual assessor do Presidente da República

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Quando se assinalam os 50 anos do início da erupção vulcânica dos Capelinhos, na ilha do Faial, Açores, ainda guardo desse tempo a recordação de alguns momentos dramáticos vividos por uma população que se sentia ainda mais perdida na imensidão do Atlântico.

Na Horta, cidade onde nasci e cresci, a atmosfera parecia estranha nos primeiros dias da segunda metade de Setembro de 1957. Era o prenúncio de uma actividade sísmica fora do vulgar, que durou quase 15 dias. Mais de 200 abalos de terra, de intensidade geralmente fraca, foram sentidos na ilha do Faial. Lembro desse período a incerteza em que todos vivíamos, sempre na expectativa de que o pior estaria ainda para acontecer. As noites eram intermináveis. .

Ocupavam-se os espaços abertos, onde se dormia nos carros ou protegidos por abrigos de circunstância. A esta população assustada só restava confiar na força divina para o regresso à normalidade. O Rádio Clube de Angra, sediado na ilha Terceira, era a única fonte de informação na pesada escuridão da noite. Nesse período crítico, a estação prolongou as emissões pela madrugada e aqueles que tinham pequenos rádios portáteis podiam, apesar de tudo, encontrar alguma tranquilidade nas suas notícias. A 27 de Setembro, cerca das oito horas da manhã, começava uma erupção submarina, aproximadamente um quilómetro ao largo da ponte oeste do Faial, junto dos ilhéus dos Capelinhos. Desde então, praticamente, pararam os abalos de terra, mas o tremor contínuo prosseguiu com intensidade variável. Agora, a preocupação era outra.

Como ia crescer aquele ‘monstro marinho’ ameaçador e como as nossas vidas estariam ou não em risco. Lembro-me de ser levado pelo meu pai, podendo assistir às constantes explosões de cinzas negras, acompanhadas de uma nuvem branca de vapor de água. Excedia, por vezes, os quatro quilómetros de altura. O farol dos Capelinhos foi a principal ‘vitima’. Muitos dos grandes blocos de pedra que o vulcão expelia, mais ou menos incandescentes, caíram na área do farol, causando significativas destruições. Mesmo assim, a torre sobreviveu à erupção e transformou-se no seu ex-líbris. Cinquenta anos depois, a paisagem dos Capelinhos está diferente, a actividade vulcânica parece ter serenado, mas a ameaça sísmica mantêm-se, como se viu em crises posteriores, que voltaram a deixar, na ilha do Faial, um rasto de morte e destruição. .

TERRITÓRIO CRIADO POR VULCÃO SUBMERGE A 20 METROS POR ANO

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“Portugal já cresceu”, foi como em tempos no continente se reagiu aos efeitos do vulcão dos Capelinhos. A televisão ainda era incipiente e, apesar de o Estado se estender do Palácio de São Bento, em Lisboa, até Timor, o fervor patriótico não impedia que os portugueses se sentissem um país pequeno. Daí que mal se houve pé firme sobre a ilha edificada com pedras e cinzas lançadas pela erupção submarina, logo se lá tivesse ido colocar uma bandeira nacional. Menos de um mês depois, a erosão do mar submergiu a Ilha Nova e o país crítico e oposicionista riu. As notícias do vulcão continuaram durante muito mais tempo. O reactivar das erupções criou um novo território que voltou a cobrir os ilhéus dos Capelinhos e se estendeu num istmo até à ilha, e outra vez o mar submergiu tudo. Só a terceira língua de magma provocada pelo vulcão durou para além do fim da erupção em Outubro de 1958. É a que prolonga hoje a ilha do Faial na ponta dos Capelinhos, mas o mar não tem parado com a erosão. Em média, a nova zona perde 20 metros de extensão por ano, embora o ritmo esteja a abrandar. Os Capelinhos já estão à vista.

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NATUREZA VIOLENTA SEM VÍTIMAS

Uma das boas recordações das crises sísmicas e erupções vulcânicas registadas entre Setembro de 1957 e Outubro de 1958 é a de que, apesar da grande violência dos fenómenos naturais, acabou por não se registar qualquer vítima. Nem quando as cinzas cobriram completamente as casas de povoações da zona próxima do vulcão submarino nem quando os sismos abriram fendas em muitos locais houve que lamentar mortos ou feridos. A prevenção, com o abandono antecipado das casas, revelou-se absolutamente eficaz.

Personalidade importante em todas as operações foi um engenheiro residente na ilha, Frederico Machado, director distrital das Obras Públicas que tinha uma equipa de intervenção bem preparada e contou com o apoio activo do governador civil, Freitas Pimentel, médico de profissão e pessoa preocupada com a segurança dos habitantes.

De destacar é a operação de evacuação das populações de toda a zona, nomeadamente das aldeias da Praia Norte, Norte Pequeno e Capelo ao fim da tarde de 12 de Maio de 1958. Nessa noite o casario da primeira localidade colapsou por completo e ocorreram danos importantes nos outros dois povoados. Muitos faialenses tiveram de emigrar para continuar a ganhar a vida, mas todos salvaram a vida.

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CIÊNCIA ESQUECEU CAPELINIANO

Apesar de não ser um fenómeno geológico inédito, a erupção submarina dos Capelinhos despertou grande curiosidade na comunidade científica da altura. Ao Faial deslocaram-se entre outras personalidades o mediático investigador Haroun Tazieff (1914-1998), nascido na Polónia sob controlo dos czares russos e pelos caminhos da emigração naturalizado sucessivamente belga e francês. Considerado pai da vulcanologia moderna, participou em muitas reportagens da revista ‘Paris Match’, sobretudo em vulcões italianos, e foi também aos Açores. O seu interesse não chegou, contudo, para fixar nos meios científicos o nome Capeliniano como denominação daquele tipo de erupção submarina.

O nome de marca do fenómeno acabou por surgir de um outro vulcão proveniente do fundo dos mares, seis anos depois, em 1963, a sul da Islândia e muito mais distante da costa. Foi o Surtsey que tornou as erupções marítimas conhecidas na comunidade científica como ‘Surtseyano’. A realidade é que em Portugal não houve na altura quem defendesse um nome português para o fenómeno, com grande pena do geólogo Vítor Hugo Forjaz, que ainda estudante de Liceu seguiu de perto o fenómeno. Segundo apurámos, a presença científica portuguesa ficou na altura limitada ao geógrafo Orlando Ribeiro, acompanhado de Raquel Soeiro Brito e do filho, António Ribeiro, então estudante e hoje geólogo, e aos técnicos dos Serviços Geológicos.

TERRA TREMEU MAIS DE UM ANO

16 DE SETEMBRO 1957

Uma crise sísmica sentida desde Maio na ilha do Faial atinge o máximo com uma sucessão de mais de 200 sismos de intensidade à volta do grau 5 da Escala de Mercalli.

27 DE SETEMBRO

Após meia dúzia de dias com a água a fervilhar e uma enorme nuvem de vapor, às 06h45 de dia 27, iniciou-se uma erupção vulcânica submarina a 300 metros da ponta dos Capelinhos. A erupção leva à formação de uma ilha em 10 de Outubro.

30 DE OUTUBRO

A ilha formada ao largo da costa acaba por ser submergida pelo mar, com a erosão das correntes a ser maior do que a quantidade de materiais eruptivos.

12 DE NOVEMBRO

Com o recomeço da erupção forma-se uma nova cratera que cobre os ilhéus dos Capelinhos e se liga à ilha do Faial por um istmo.

12/13 DE MAIO 1978

A ilha é sacudida por nova crise sísmica e abrem-se fendas na antigo vulcão da Caldeira. A erupção dos Capelinhos gera um lago de lava com repuxos de basalto em fusão.

24 DE OUTUBRO

Ocorrem as derradeiras explosões e o vulcão pára a sua actividade até hoje.

COMEMORAÇÕES TELEJORNAIS DA RTP

O vulcão dos Capelinhos será o cenário da apresentação dos dois telejornais do dia de amanhã na RTP, ou seja, o ‘Jornal da Tarde’ às 13h00 e também o das 20h00. Além disso, a partir das 16h00 o programa ‘Portugal Directo’ será igualmente transmitido da ilha açoriana.

FILMES EM FARO

Por iniciativa da Casa dos Açores do Algarve serão exibidos amanhã à noite, a partir das 22h00, no anfiteatro da Biblioteca Municipal António Ramos Rosa, de Faro, vários documentários sobre o vulcão dos Capelinhos. Também a Academia da Marinha vai promover uma sessão comemorativa marcada para 16 de Outubro, em Lisboa.

SITE OFICIAL NA NET

As comemorações têm um site oficial na internet, http://www.vulcaodoscapelinhos.org/ , onde além de vasta informação é possível ver um documentário assinado por Carlos Brandão Lucas.

MISSA E SESSÃO

O bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, preside amanhã a uma missa comemorativa dos 50 anos do vulcão dos Capelinhos marcada para as 15h00 locais. Para a noite, 21h00, está anunciada uma sessão solene na Sociedade Amor da Pátria, com presença do presidente do Governo Regional, Carlos César, e o lançamento de uma medalha, um livro e a colecção de selos ‘Vulcão dos Capelinhos’.

PRESIDENTE NO DIA 7

O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, associa-se às comemorações com a presença numa sessão marcada para dia 7 de Outubro, no Teatro Faialense, da Horta. Estreará na oportunidade uma peça musical alusiva da autoria do compositor Eurico Carrapatoso a interpretar por músicos locais.

.in Correio da Manhã 2007.09.26

Ver também: o tempo das cerejas*: 50 anos depois

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Quarta-feira, 26 Setembro

- ormonde grande texto. viver nos açores é assim, a nossa história confunde-se com os episódios da geografia. a catastrofe e a beleza estão tão perto! esta atroz geografia molda-nos o carácter e engrandece-nos a alma!

Exposição: Patente por todo o ano - Paula Rego no Rainha Sofia


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* Dina Gusmão com Lusa

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Ora doce, ora agressiva, a obra de Paula Rego abre hoje ao público madrileno naquela que é já apontada como a maior e mais completa retrospectiva da obra da pintora.
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O Museu Rainha Sofia, em Madrid, Espanha, é o local de eleição para receber e dar a conhecer as duas centenas de pinturas, desenhos e gravuras da artista portuguesa, desde os anos 70 a residir em Londres. Com frequêcia confrontada com a dupla condição da sua obra, tão depressa suave como mais depressa agreste, disse um dia: “Pinto para dar face ao medo”.
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Comissariada pelo historiador Marco Livingstone, a retrospectiva prolonga-se até final do ano e reúne cerca de oitenta pinturas (o seu material de eleição desde 1994) e ainda sessenta desenhos e outras tantas gravuras e litografias.
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“Mergulhar na visão da vida – em toda a sua turbulência patética e tragicómica – que a artista nos oferece” é o objectivo da mostra a fazer fé no texto que lhe serve de apresentação e que está disponível no site do museu.
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As exposições de Paula Rego costumam ser consensuais no que a sucesso garantido diz respeito, afinal, ela é hoje um dos nomes mais conhecidos e reconhecidos da arte nacional e internacional. .
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Em Inglaterra adoram-na e, ainda não há muito tempo, Paula Rego foi eleita um dos quatro melhores pintores vivos do mundo. A sua obra é um sucesso mas nem por isso destituída de polémica. Ambígua, sobre a obra de Paula Rego já foi dito tratar-se de “delirantes figurações narrativas que cobrem inquietantes universos pessoais e femininos”, paralelamente, tem o condão de perturbar e até encantar. Estranha e misteriosa. Ora doce, ora agressiva.
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Paula Rego
Satisfação em Madrid
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A pintora portuguesa Paula Rego foi fotografada ontem, num momento descontraído, durante a inauguração da exposição que reúne 200 obras da sua autoria e que está patente no Museu Rainha Sofia, em Madrid, Espanha.
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Ao lado da artista, está o conhecido escritor, crítico e editor britânico Anthony Rudolf, que posou para o quadro em fundo, intitulado ‘Olga’.
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Em entrevista, Rudolf, que obviamente tem um grande sentido de humor, disse que o retrato estava muito bem conseguido. E as semelhanças são evidentes.
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in Correio da Manhã 2007.09.26
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Para saber e ver mais:
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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Templos Religiosos (6)

S. Quintino
Setúbal (Igreja de S. Julião)

Rio Mau

Proença A Velha

Pontével
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Fotografias por Victor Nogueira

Fortificações (6)

Setúbal - troço da muralha medieval (no canto superior à esquerda)

Setúbal - Forte de S. Filipe

Muralhas de Serpa (Porta)

Muralhas de Serpa

Castelo do Sabugal
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Fotografias por Victor Nogueira

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Azulejos (1) - Setúbal




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Fotografias por Victor Nogueira
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Os três últimos conjuntos já não existem, pois estavam integrados no Bairro Operário Afonso Costa, contruído no tempo do fascismo, na altura distante da cidade, que a Câmara Socialista arrasou sem preservar a memória dele, apesar das minhas propostas, aliás como sucedeu com a Vila Maria, (propus sem êxito que ao menos re-fizessem a planta do edifício) ambas dando origem a novas urbanizações
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Dos escombros recolhi alguns poucos azulejos inteiros e outros «reconstruídos» por mim com os destroços, alguns dos quais no entanto ficaram incompletos.
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Relativamente à azulejaria muitos painéis de azulejos, figurativos ou não, têm sido destruídos ou desapareceram sem deixar rasto, salvo nalgumas fotos minhas, como no Bairro Salgado. Outros vão sendo paulatinamente destruídos, perante a indiferença geral, como na Vivenda Frixell, ou vandalizados, como na loja que faz esquina com o Largo da Ribeira Velha.
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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Celestino de Castro - Arquitecto

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* PEDRO ABRANCHES VASCONCELOS
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Nesta morada há uma casa modernista que é (que foi) muito bonita. Foi projectada pelo Arq.º Celestino de Castro [1920-2007] talvez nos princípios dos anos 50. Descobri-a quando ainda andava a estudar na chamada “Escola do Porto”, no fim dos anos 80. Nessa altura era ainda uma casa e era muito parecida com as que apareciam no livro do Le Corbusier “Por uma Arquitectura” - que foi o primeiro que li, em vez do compulsivo e inefável “Saber Ver a Arquitectura”.
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Depois, há alguns anos, esta casa deixou de ser uma casa e passou a ser uma escola de condução. Desapareceu primeiro o enorme pinheiro que tinha em frente. Mais tarde o jardim a toda a volta foi substituído por lagetas de betão a imitar calçada. Deixaram também de se ver os bocadinhos cor de laranja que forravam o seu interior para lá das janelas.
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Ontem, reparei que tinham substituído a sua bela caixilharia de madeira por uma caixilharia de alumínio lacada a “bordeaux”. Esta caixilharia liga com o novo portão de garagem lacado à mesma cor e com as grades metálicas que forram o rés-do-chão. Tudo “bordeaux”. O granito que aparecia em algumas das empenas foi também pintado e um dos “brise-soleil” suporta agora um ar condicionado.Também no Porto, noutra morada, existe a sede da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. Esta secção é a mesma que organizou os encontros “Do.Co.Mo.Mo”, para promoção e defesa da Arquitectura Modernista, e a mesma que que patrocinou a edição recente do catálogo “Porto 1901/2001, Guia de Arquitectura Moderna”.
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É também a mesma que participa, de há alguns anos para cá, na Comissão de Defesa do Património da Câmara Municipal do Porto. O “Do.Co.Mo.Mo” e o catálogo de nada serviram à desastrosa transformação da casa da Rua do Amial mas podem, a prazo, ajudar. Faz, por isso, algum sentido que a Ordem dos Arquitectos aí estivesse presente.
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A Comissão de Defesa do Património da Câmara Municipal do Porto, que existe há mais de 10 anos, não classificou ainda, ao que julgo saber um único edifício na Cidade. Produz regularmente pareceres, que não são vinculativos nem eram assinados, sobre projectos de licenciamento da autoria de Arquitectos. Objecções a estes pareceres deverão ser feitos por via postal já que a Comissão se recusa a receber pessoalmente qualquer Arquitecto.
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Esta Comissão não serviu para ajudar esta casa nem serve, obviamente, para nada. É uma vergonha grande que a Ordem dos Arquitectos a ela se associe. O antigo Presidente da SRN da O.A. justificava a participação nesta Comissão com a frase “achei que era melhor estar lá dentro do que ficar de fora”. Será curioso saber qual a justificação do actual Presidente.
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Foto - RUA DO AMEAL, 942 PORTO PEDRO ABRANCHES VASCONCELOS 19 Agosto 2002
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Celestino J. De Abreu Castro, 1920-2007 - 16-08-2007
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* Tiago Mota Saraiva
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A Ordem dos Arquitectos manifesta o seu pesar e apresenta condolências à família. Celestino de Castro foi uma figura central do modernismo português.
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Embora referenciado em muitas publicações, o seu trabalho, que se confunde com a sua vida, é pouco conhecido.
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Entrevistei-o em 2004 (1), para falarmos sobre o 1.º Congresso Nacional de Arquitectura (1948) e o Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa (publicado pela 1.ª vez em 1961 e recentemente reeditado pela Ordem dos Arquitectos (2)) e acabámos a falar da sua vida, de Portugal, da União Soviética e do Mundo de hoje. Não quis que a entrevista tivesse imagem, pois o que lhe interessava era que as pessoas ouvissem o que tinha para dizer.
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Para além da sua participação nestes dois momentos históricos para aquilo que entendemos hoje como arquitectura portuguesa, Celestino de Castro, teve um percurso profissional e de vida indissociável da história de Portugal. Tem algumas encomendas de projectos nos anos 50, usufruindo de uma certa abertura do regime, nos anos 60 é obrigado “a mergulhar” na clandestinidade (1963) e, dois anos mais tarde, a exilar-se em França (1965). Regressa a Portugal em 1974, trabalhando fugazmente na Câmara Municipal de Lisboa, para mais tarde vir a desempenhar funções na Direcção Geral das Construções Hospitalares até Junho de 1990.
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A sua experiência de vida, de liberdade e de falta dela, de trabalho em França, de viagens de Moscovo a Washington, de sonho e utopia para aquilo que, mantendo-se sempre fiel aos seus princípios, entendia ser o caminho para a emancipação do seu povo torna-o, uma figura incontornável da arquitectura portuguesa do séc. XX.
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É preciso perceber o contexto” – é desta forma que Celestino de Castro sempre iniciava qualquer discurso sobre o Congresso de 48. Celestino de Castro dizia só ter tido contacto com as propostas do movimento moderno a partir de 1945 (com o fim da II Grande Guerra Mundial) (3). Antes, dizia, os livros não entravam e a informação não chegava.
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Durante a guerra as ideias modernas não chegavam. Não havia nada. A gente não tinha contactos. O fim da guerra coincidiu com uma intensificação, um conhecimento mais exacto dos movimentos de arquitectura que se passavam lá fora, nomeadamente os CIAM que, curiosamente, têm início no mesmo ano do início da ditadura do Salazar – 1928” “Em Fevereiro de 46 comprei o meu primeiro livro do Le Corbusier.” (Celestino de Castro; 2004)
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Existe um documento, em particular, que irá ter uma enorme importância para a nova geração de arquitectos portugueses. No quadro do IV CIAM (Pátris, 1933) foi elaborado um documento colectivo, que ficou conhecido para a posteridade como “Carta de Atenas” e, que seria publicado dez anos mais tarde por Le Corbusier (1943) (4). Celestino de Castro e Francisco Castro Rodrigues fizeram a primeira tradução integral para português, publicando-a entre Janeiro e Dezembro de 1948 na revista “Arquitectura”.
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A abertura do regime, em virtude do fim da guerra, e apesar da difícil situação económica do país, produz uma intensa circulação e produção de informação. Os arquitectos, sobretudo as gerações mais novas, centradas em torno de duas organizações culturais ODAM (Porto) e ICAT (Lisboa) (5), procuram pôr em causa aquilo que se entende como «casa portuguesa» ou «arquitectura de feição nacional» reivindicando que se faça um levantamento daquilo que é a arquitectura popular.
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Em 1945, Fernando Távora, em «O Problema da Casa Portuguesa» (6) lança o repto para que se faça “(...) um trabalho sério, conciso, bem orientado e realista, cujos estudos poderiam talvez agrupar-se em três ordens: a) a do meio português; b) da Arquitectura portuguesa existente; c) da Arquitectura e das possibilidades de construção moderna no mundo.” Keil do Amaral em 1947, diz ser “Uma Iniciativa Necessária” (7) a “(...)recolha e classificação de elementos peculiares à arquitectura portuguesa nas diferentes regiões do país, com vista à publicação de um livro, larga e criteriosamente documentado”.
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Chegados ao Congresso de 48 verifica-se que a classe está dividida entre aqueles que defendem “as exigências de um portuguesismo na Arquitectura” (8) e aqueles que já absorveram o pensamento moderno e aspiram ao internacionalismo. Contudo aquilo que seria pouco provável no sistema em que se vivia sucedeu – as conclusões do Congresso são claramente favoráveis aos (maioritariamente jovens) arquitectos do pensamento moderno. Esta situação não é propriamente o resultado espontâneo de uma tendência expressa no local e dias do Congresso. Conforme refere Celestino de Castro, “as teses já estavam feitas.” Celestino entende que o momento determinante em que se define a forma e conteúdos resultantes do Congresso é a noite em que é votada, no então Sindicato Nacional dos Arquitectos, a Comissão Executiva, tendo sido eleito para seu Secretário Geral o arquitecto Paulo Cunha.
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O grupo do ICAT conseguiu no sindicato (por um voto) que o Secretário-geral do Congresso fosse eleito um homem que não era do fascismo – o Paulo Cunha. Bom, nessa altura já a malta estava familiarizada com a arquitectura internacional. Não só, mas sobretudo da Europa, sob influência da escola do Gropius, a Bauhaus e também dos CIAM. Da americana era o Wright e a arquitectura japonesa. (...) Era importante porque nessa altura [1948] o Sindicato dos Arquitectos estava na mão do Telmo... do Pardal Monteiro...” (9) (Celestino de Castro; 2004) .
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Mais tarde no Congresso apenas se verificaria aquilo que já se sabia. Existia uma nova geração de arquitectos modernos tanto em Lisboa (em torno de Keil do Amaral e do ICAT) como no Porto (em torno de Carlos Ramos e do ODAM) atentos àquilo que se passava no resto do Mundo e de cariz marcadamente internacionalista. De acordo com Celestino de Castro, a generalidade dos arquitectos que se constitui em torno do ideário moderno tinha uma conotação política de esquerda e, sobretudo no Porto, existia uma forte presença de comunistas. Tanto o ODAM como o ICAT, serviriam em 1949 como estruturas de base para o MUD e apoio à candidatura do General Norton de Matos.
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Os tempos pós-congresso não são de fechamento nem de repressão, naquilo que diz respeito à classe. Os arquitectos portugueses passam a conhecer-se melhor e começam a viajar frequentemente ao estrangeiro. As viagens tanto aos CIAM como aos Congressos da UIA são de vital importância. Esta nova geração passa também a ter muito trabalho, sobretudo em Lisboa, como consequência dos planos de Duarte Pacheco, começando a projectar cidade e edifícios públicos de escalas significativas. Poder-se-á dizer que nos anos 50 e até ao início da guerra colonial, existe uma vanguarda intelectual profundamente moderna na qual se concentra a maioria da encomenda pública (muitas vezes ganhos através de concurso público).
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O Duarte Pacheco, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, teve uma iniciativa (que tomáramos nos haver nesta altura) decidindo comprar os terrenos de toda a zona de Alvalade, Olivais e Chelas tendo ficado propriedade da Câmara. (...) Aquilo era para ser habitação com renda limitada e depois vendia-se o terreno e o projecto. Os construtores tinham de respeitar integralmente o projecto não podendo alugar a uma renda superior. Isso deu origem ao plano de Alvalade do Faria da Costa e no caso da Av. dos EUA houve a distribuição dos vários trabalhos.” (Celestino de Castro; 2004)
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Contudo, também nesta época, muitos projectos foram sendo bloqueados, por serem considerados «muito radicais». É o caso da proposta de Celestino de Castro, Huertas Lobos (1914-1987), Hernâni Gandra (1914-1988), Francisco Castro Rodrigues (1920) e João Simões (1908-1994) (10) para a Av. dos Estados Unidos da América.
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Era um anteprojecto de blocos de habitação que chegaram à Câmara e encravaram. Se calhar tínhamos avançado um bocadinho demais. Eram habitações em duplex, com galerias e de pés-direitos baixos. Foi travado mas talvez não nos tenhamos batido como devíamos. Podíamos ter aumentado os pés-direitos e lutar por uma solução com o mesmo principio mantendo a arquitectura. Fomos um pouco rígidos e isso levou a que não seguisse. Na altura obrigavam a pés-direitos de 2.80!” (Celestino de Castro; 2004)
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Mas outros projectos foram sendo bloqueados por motivos mais «ideológicos»: “Trabalharam comigo, o Pedro Cid e o Vasconcelos Esteves. Era o Concurso da Federação das Caixas de Previdência e vencemos um para a Guarda e ficámos em terceiro em Viana do Castelo, contudo, o Governo inverteu o sistema, dizendo que os projectos deveriam ser feitos por arquitectos da região.” (Celestino de Castro; 2004)
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A 19 de Outubro de 1955 o Governo fez publicar em Diário da República o Decreto-Lei nº 40 349 que viria a dar cumprimento a uma das reivindicações dos arquitectos – o inquérito à arquitectura popular. “À intensa actividade desenvolvida na reconstrução material do nosso País tem o Governo feito corresponder preocupações e esforços no sentido de valorização da arquitectura portuguesa, estimulando-a na afirmação do seu vigor e da sua personalidade e apoiando-a no propósito de encontrar um rumo próprio para o seu engrandecimento.(...) Mas reconhece-se, ao mesmo tempo, que as novas soluções não deverão deixar de apoiar-se nas tradições da arquitectura nacional, resultantes do condicionalismo peculiar do clima, dos materiais de construção, dos costumes, das condições de vida e dos anseios espirituais da grei, de todos os factores específicos, em suma, que, reflectindo-se naturalmente nas nossas arquitectónicas em épocas sucessivas, lhes conferiram cunho próprio e criaram um sentido para a expressão «arquitectura nacional.” (11) Celestino refere que parte para o inquérito “por necessidade” pois havia sido pai recentemente e estava quase sem trabalho (Paula Lobo; 2004).
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Contudo reconhece, que o levantamento da arquitectura da zona do Algarve, extremo meridional do Baixo Alentejo, bacia do Sado e Alentejo Litoral, foi uma experiência que o marcou para toda a sua vida:
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Em certas habitações ficava emocionado e perguntava: O que é isto? Eram mestres que nunca tiveram ensino.” (Celestino de Castro; 2004)
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Diz que encontrou na arquitectura popular portuguesa o «espírito do CIAM», “tudo muito adaptado ao seu próprio sitio, para resolver problemas concretos”; dos espigueiros do Lindoso às açoteias algarvias. “As casas eram tradicionais na aplicação dos materiais, não na arquitectura!” (Celestino de Castro; 2004). Reconhece a influência daquilo que viu no Inquérito na sua própria arquitectura. Sobretudo nas casas de Pinhel e Braga, na forma de utilização do granito, refere que o próprio Le Corbusier no início de carreira teria tido uma forte influência da arquitectura popular (12).
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Com o início da Guerra Colonial e com um endurecimento do regime, Celestino de Castro, é obrigado a «mergulhar» na clandestinidade em virtude da sua militância no PCP - desde 1953, pela mão do pintor José Dias Coelho, e até aos dias de hoje - partindo dois anos mais tarde para França onde se irá exilar até ao 25 de Abril. “Puseram-me três hipóteses. Eu escolhi uma - ir para França. Fui a salto e demorei três dias e três noites até lá chegar” (Celestino de Castro; 2004). Celestino destaca o papel de Rafael Botelho (já o conhecia do Gabinete da Urbanização de Almada) que foi quem o ajudou a encontrar o seu primeiro emprego em Paris. Durante estes nove anos, Celestino de Castro, desenvolve actividade em alguns gabinetes particulares e nos Serviços de Construções e Jardins do Senado. Em França, também adquiriu muita experiência em projectos de instalações hospitalares.
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A 28 de Abril de 1974, regressa a Portugal (pela primeira vez após 1965) só para assistir ao 1.º de Maio, num voo de exilados políticos entre os quais estavam Álvaro Cunhal e Domingos Abrantes. “O primeiro 1.º de Maio : foi uma coisa extraordinária! Era um ambiente de amizade entre as pessoas. Os passeios completamente cheios, a malta a bater palmas. Uma coisa um pouco semelhante aquilo que se sentiu quando Paris foi libertada pelas hostes nazis.” (Celestino de Castro; 2004)
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Em Setembro de 1974 regressa definitivamente a Portugal. Trabalha na Câmara Municipal de Lisboa durante alguns anos, ligado aos SAAL do Bairro Chinês. “Os SAAL foi um período muito curto. Não construímos nada mas ajudámos a por saneamento e abastecimento de água...” - diz Celestino. Ainda na década de 1970 ingressa na Direcção Geral de Construção de Edifícios Hospitalares, na qual permanecerá até 1990, e onde irá projectar o Pavilhão de Citologia do Hospital de Santo António, o Pavilhão de Consultas Externas do Hospital de Santo António e o Hospital de Guimarães.
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Hoje em dia, Celestino de Castro via com grande preocupação a evolução de Portugal e do Mundo: “Portugal foi a primeira região da Península Ibérica que se tornou independente. Dentro em breve tornar-nos-emos numa parte daquilo a que chamam Europa.”
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Sobre o Mundo a sua análise é ainda mais dura: “Vivemos num neonazismo. A imposição de uma ideologia esmagando povos, destruindo cidades. Com uma razão absolutamente falsa – lutar contra o terrorismo. O pior terrorismo, todos o sabem, é o terrorismo de estado.” Para Celestino de Castro antes da arquitectura estão os Homens e a vida das populações, “o povo está antes da arquitectura” – diz, citando Oscar Niemeyer.
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Sobre a arquitectura actualmente feita em Portugal, lamentava a falta de um pensamento de planeamento de cidade e a pouca utilização dos concursos públicos como forma de atribuição da encomenda. Entendia contudo, que aquilo a que chama «universalização da arquitectura» não porá em causa as características próprias da arquitectura portuguesa. Aliás, já em 1948 (13), Celestino de Castro e Herculano Neves faziam uma leitura, bem diferente da que era feita pelo regime, daquilo que poderia ser a identidade comum na arquitectura portuguesa:
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Não podem ser, certamente, uns arrebiques numas fachadas que determinem aquilo que é nosso. Mil e umas coisas são trazidas de fora porque servem. Então porquê recusar a vinda do pagode chinês se ele fosse bom, de facto, para nós? Por que considerar a arquitectura separadamente de tudo o mais? (...) Um louvor às formas novas porque são libertas de condicionamentos acanhados e, a condenação de qualquer preocupação tendente a exprimir um pretendido e desnecessário espírito nacional na arquitectura que resulte em prejuízo da inteligente, sadia e superior orientação de uma forma arquitectónica.” (Herculano Neves e Celestino de Castro; 1948) .
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Tendo em linha de conta tudo aquilo que viu e viveu, não hesitou quando lhe pedi para enunciar o principal denominador comum da arquitectura portuguesa que perpassa épocas e lugares: “A característica principal da arquitectura portuguesa é uma certa modéstia sem perda de qualidade”.
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Tiago Mota Saraiva 13 de Agosto 2007
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(1) CELESTINO DE CASTRO, in entrevista/vídeo a Tiago Mota Saraiva - Lisboa 2004, espólio da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

(2) AAVV (2004), "Arquitectura Popular em Portugal", 4.ª edição, Vol. I e II. Lisboa: Centro Editor Livreiro da Ordem dos Arquitectos [Lisboa 1961].

(3) À época Celestino de Castro ainda estudava na EBAL (Escola de Belas Artes do Porto) dirigida pelo Prof. Marques da Silva (que foi seu professor no 1.º e 2.º anos, no 3.º ano teve como professor Manuel Marques) que já tinha sido professor do seu pai. Ao contrário do que algumas vezes tem sido publicado, Celestino nunca chega a ser aluno do Mestre Carlos Ramos que, entretanto se tornará director da escola. Por motivos familiares, faz o percurso inverso daqueles que, pretendendo beneficiar do clima de abertura, se deslocaram para a escola do Porto em conflito com a escola de Lisboa, dirigida por Cristino da Silva. Assim faz o CODA em 1951, na EBAL, onde apresenta o projecto da casa HJB na Rua de Santos Pousada no Porto.

(4) CORBUSIER, LE (1943), "La Charte d'Athènes - Travaux du 4ème CIAM". Paris: Plon.

(5) Na entrevista Celestino de Castro referiu a importância das duas associações ODAM (Porto) e ICAT (Lisboa) como agentes de promoção, desenvolvimento e organização das ideias do movimento moderno.

(6) TÁVORA, FERNANDO (1947), "O Problema da Casa Portuguesa" - Cadernos de Arquitectura, 1947 [Aléo 1945].

(7) AMARAL, FRANCISCO KEIL DO, "Uma Iniciativa Necessária", in "Keil do Amaral - O Arquitecto e o Humanista. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1999, pp. 125-126 [revista Arquitectura, 1947].

(8) TELMO, COTTINELLI, "Arquitectura Nacional - Arquitectura Internacional", in "I Congresso Nacional de Arquitectura - Relatório da Comissão Executiva, Teses, Conclusões e Votos do Congresso. Lisboa: Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948, pp. 61-65. Neste texto defende que a arquitectura internacional, “e porque não dizê-lo: comunista” serve “certos propósitos de assimilação do mundo num poder único, de fusão das várias pátrias na pátria dos sem pátria.”

(9) Celestino de Castro, três semanas após o entrevistar telefonou-me a referir ainda a importância de uma visita de arquitectos de Lisboa ao Porto em 1947. Esta viagem serviu para visitar algumas obras, entre as quais a Casa de Ofir, mas também, e sobretudo, para travar conhecimentos e amizades.

(10) Revista Arquitectura, n.º 50-51, Nov-Dez. 1953.

(11) AAVV (2004), "Arquitectura Popular em Portugal", 4.ª edição, Vol. I. Lisboa: Centro Editor Livreiro da Ordem dos Arquitectos [Lisboa 1961].

(12) Celestino referiu como exemplo as casas de fim-de-semana, em especial a Casa Mandrot em Pradet (1930), França. (13) CASTRO, CELESTINO e NEVES, HERCULANO, "Em que se fala de uma pretendida feição nacional a dar à obra arquitectónica e tantas vezes invocada", in "I Congresso Nacional de Arquitectura - Relatório da Comissão Executiva, Teses, Conclusões e Votos do Congresso. Lisboa: Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948, pp. 54-60.

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Um dos melhores e um dos maiores de entre nós



Celestino de Castro, arquitecto (1920-2007)
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Um dos melhores e um dos maiores de entre nós
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Quando, em 1996, era inaugurada no Centro de Trabalho Vitória a única exposição retrospectiva da obra de Celestino de Castro realizada até hoje em Portugal, alguém afirmou: «Toda a gente sabe que Celestino de Castro é um homem excepcional. Nem toda a gente sabe que Celestino de Castro é um arquitecto excepcional.»

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Hoje, que deixámos de o ter entre nós, mais importante ainda é, para o próprio Partido, valorizar justamente a dimensão deste militante de exemplar firmeza, coragem e modéstia, a sua integridade, coerência e envergadura intelectual, o seu excepcional talento, o seu lugar muito destacado entre os grandes nomes da arquitectura em Portugal.
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Celestino Joaquim de Abreu Castro é uma das mais importantes figuras pioneiras do Movimento Moderno na arquitectura portuguesa. E esse facto ainda é mais assinalável se se tiver em conta que o número das suas obras construídas é relativamente reduzido e que se concentram em pouco mais de uma década (1948-1963) os projectos, ainda de juventude, que lhe garantem desde logo esse lugar hoje unanimemente reconhecido por críticos e historiadores.
A moradia na Rua Santos Pousada, no Porto (1948/1950) trabalho que apresentou para obtenção do diploma de arquitecto, constitui uma fulgurante primeira obra. Celestino de Castro irrompe na arquitectura portuguesa como uma personalidade inteiramente amadurecida e com a firmeza de convicção que será sempre o seu mais marcante traço individual.

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A moradia na Rua do Amial, no Porto (projecto de 1949, construção 1950/1952), é a sua obra seguinte. Se a anterior manifestara uma personalidade amadurecida, este projecto será ainda mais marcante. Sendo ambas obras que se inserem nos princípios do Movimento Moderno, elas manifestam uma inteligência arquitectónica inteiramente própria. Não se trata de seguir e de ilustrar um conjunto de princípios codificados (planta livre, fachada livre, janelas rasgadas na horizontal, cobertura em terraço ajardinado, cuidado estudo da insolação), mas de os utilizar para resolver um programa arquitectónico concreto num lugar específico, recorrendo a uma solução construtiva que combina a utilização arrojada de uma estrutura em betão armado com vernáculas paredes resistentes em alvenaria de blocos de granito (vernáculas, mas que Júlio Pomar na Rua do Amial pintará de azul cobalto, contrastando com laranja com que pinta os brise-soleil em betão). No espaço de dois anos, e com dois pequenos edifícios de habitação, Celestino de Castro abrira um horizonte novo à arquitectura portuguesa.

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Naturalmente que este horizonte não se abre apenas com estes dois edifícios. Celestino de Castro é um dos mais jovens membros de uma brilhante geração que integra figuras como Keil do Amaral, Viana de Lima, Lobão Vital, Januário Godinho, João Simões e posteriormente Costa Martins, Pires Martins, Vítor Palla, Matos Veloso, Bento de Almeida, Formosinho Sanches, Pedro Cid, João Abel Manta e vários outros, cujo papel é muito destacado não apenas enquanto projectistas de grande talento, mas enquanto homens de cultura, na sua maioria progressistas, intervenientes defensores e dinamizadores da aplicação no nosso país das concepções do Movimento Moderno, dos princípios racionais e progressistas da Carta de Atenas (cuja primeira tradução integral para português é feita por Celestino de Castro, juntamente com Francisco Castro Rodrigues), procurando trazer à arquitectura portuguesa uma radical renovação estética e ética.

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Uma geração que se bateu em defesa de uma arquitectura capaz de em simultâneo utilizar novos recursos técnicos e novos processos construtivos, proporcionar um quadro construído socialmente transformador e melhor, e incorporar valores longamente construídos pela genuína tradição vernácula e popular. A essa geração se deve muito do que existe de melhor na arquitectura e no urbanismo português do século XX.

Intensa actividade

Entre 1948 e 1963 Celestino de Castro tem uma intensa e diversificada actividade. Participa em concursos, em alguns dos quais é premiado. O projecto apresentado ao concurso Lusalite, aberto pela revista Arquitectura (não construído) é uma das suas obras mais notáveis. Trabalha vários estudos de escala urbanística (Avenida dos Estados Unidos, plano de conjunto e dos edifícios de habitação do lado sul, 1951/1952; Almada, trabalho no Gabinete de Urbanização, do qual resulta o desenho da avenida que ainda hoje é o grande elemento estruturante da cidade, 1958/1960; Lisboa, Plano Geral da Célula B de Olivais-Sul e acompanhamento das equipas de projecto dos edifícios, 1961/1962). Vários dos seus projectos são publicados na revista Arquitectura, que Vítor Palla recuperara e de que era director desde 1952. Publica artigos de opinião. É um importante dinamizador da sua organização de classe profissional, tendo tido um destacado papel no histórico Congresso de 1948 do Sindicato Nacional dos Arquitectos, que formula uma orientação social e esteticamente progressista e isola os defensores da retrógrada concepção de uma arquitectura de «feição nacional». Esse seu empenho associativo será retomado depois do 25 de Abril, com uma combativa intervenção nos processos de transformação do sindicato corporativo em associação de interesse público, sendo eleito para diversos órgãos do Sindicato Nacional dos Arquitectos e da Associação dos Arquitectos Portugueses que lhe sucedeu.

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Entre 1955 e 1961 participa no histórico «Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal», integrando a equipa do Algarve (Equipa n.º 6, Celestino de Castro, Pires Martins, Fernando Torres), recolhendo também material na Bacia do Sado com Huertas Lobo, e trabalhando na maquete do livro da 1.ª edição.

Militante exemplar

Toda esta notável actividade é interrompida em 1963. E a razão porque este jovem arquitecto, que se vinha afirmando como uma das mais destacadas, se não a mais destacada, figura da sua geração vê interrompida a sua carreira é merecedora de toda a admiração, não apenas pelo arquitecto, mas pelo homem corajoso e de carácter, pelo revolucionário: a carreira profissional de Celestino de Castro em Portugal é interrompida porque, em 1963, se vê na necessidade de passar à clandestinidade e depois, em 1965, a exilar-se, perseguido pelo regime fascista.

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Celestino de Castro é um militante comunista exemplar. Aderindo ao PCP em 1953 pela mão de José Dias Coelho, toda a sua vida é a trajectória de um percurso pessoal, profissional, ético, intelectual e político de admirável coerência, coragem e verticalidade. Celestino de Castro deve ser lembrado não apenas como um excepcional arquitecto, mas também como uma grande figura moral da resistência e do regime democrático, e da vida e história do PCP, ao qual dedicou todas as suas invulgares qualidades de inteligência e de carácter.

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É um dos mais activos participantes do movimento cultural progressista que consegue uma importante dinâmica, sobretudo a partir das estruturas do MUD, no período posterior ao final da II Guerra Mundial. Participa na organização e na dinamização e expõe trabalhos seus em todas as Exposições Gerais de Artes Plásticas entre 1946 e 1956.

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Exilado em Paris desde 1965, exerce a sua actividade profissional em colaboração com diversos colegas franceses: Lucien Billard, André Mahé, Lucien Laborie, e com Christian Langlois, no «Service des Batiments et Jardins du Sénat».

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Desempenha intensa actividade política e partidária, incluindo em tarefas de apoio à Direcção do Partido. Só volta a Portugal imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974, no mesmo avião em que viaja Álvaro Cunhal. Regressará definitivamente em Setembro do mesmo ano.

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Retoma a sua actividade profissional, prossegue a sua empenhada intervenção cívica e política, a sua exemplar acção de militante comunista. Realiza importantes projectos, nomeadamente o Hospital Distrital de Guimarães e o Pavilhão de Consultas Externas do Hospital de Santo António no Porto. Trabalha no Gabinete de Projecto da Festa do Avante!, durante cerca de uma década a tempo inteiro. O visitante da Atalaia, hoje, poderá reconhecer uma parte desse imenso trabalho não assinado no progressivo ordenamento e infraestruturação geral do terreno, no desenho da praça central, no belo lago na zona da várzea, em muitos dos pequenos e grandes pormenores que tornam a Festa não apenas um magnífico e inesquecível encontro, mas um encontro que se realiza num cenário único que combina a beleza natural com uma inteligente intervenção humana.

Um justo reconhecimento

Em 1996 o Sector Intelectual da ORL do PCP realiza uma exposição retrospectiva da obra de Celestino de Castro. Do atelier que desde antes do exílio partilhou com Hernâni Gandra saem então pela primeira vez alguns dos mais notáveis projectos, construídos e não construídos, da arquitectura portuguesa do Século XX.

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Os longos anos de exílio e a própria modéstia de Celestino de Castro tinham gerado uma situação em que muito poucas pessoas, para além da sua geração e de alguns historiadores e investigadores, tinham a justa noção da importância da sua figura e da sua obra. Essa situação já se terá alterado de algum modo. O espólio do seu atelier, que Celestino de Castro doou ao Partido, está hoje à guarda da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, responsável pela sua guarda, estudo e preservação. Mas está longe ainda de ser atribuído a Celestino de Castro todo o reconhecimento que lhe é devido. Alguma da sua obra construída, nomeadamente a preciosa moradia na Rua do Amial, foi objecto de intervenções que a desfiguraram gravemente.

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Agora que deixámos de o ter entre nós, mais urgente e importante se torna dar toda a dimensão necessária ao justo reconhecimento do excepcional arquitecto e da excepcional figura intelectual, moral e cívica, da exemplar figura de militante comunista que foi Celestino de Castro, certamente um dos melhores e um dos maiores de entre nós.
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in Avante 2007.08.23.


Foto - [Celestino de Castro à conversa com Pitum Keil do Amaral, no Congresso dos Arquitectos em Almada (Novembro de 2006)] Sandra Ramos, in site da Ordem dos Arquitectos

L'arroseur arrosée (2)

Em Évora, na Rua Serpa Pinto, quando a biblioteca ainda era minúscula :-)
(Foto Celeste Gato ?)


Com os filhotes, em Paço de Arcos, «a long time ago»

Em Coimbra (foto materna)




No Porto (foto Fátima Gomes)




Em Évora, jovem estudante de sociologia,
no quarto alugado à D. Vitória, na Rua do Raimundo, 44
(autor não identificado)
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domingo, 23 de setembro de 2007

Estruturas (1)

Lisboa (Gare do Oriente)

Lisboa (Centro Cultural de Belém)
Alcácer do Sal (Santuário de .....)
Alcácer do Sal (Santuário de .... ) - estrutura e restos dum mural
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Fotografias por Victor Nogueira

sábado, 22 de setembro de 2007

L'arroseur arrosée

O fotógrafo quando jovem


Auto-retrato

Foto de Susana Silva (Mindelo)


Foto de Fátima Gomes (Vilar de Mouros)