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O Museu Etnográfico da Glória do Ribatejo, Salvaterra de Magos, vai recordar, numa exposição que vai estar patente a partir de sábado e até Junho de 2008, memórias da Guerra, em particular da do Ultramar.
Roberto Caneira, responsável pelo museu, disse à agência Lusa que a exposição temática a inaugurar durante as festas da Glória do Ribatejo, que decorrem no próximo fim-de-semana, tem este ano por tema a guerra, mostrando um conjunto vasto de material recolhido ao longo de três meses junto de mais de 80 habitantes da aldeia.
A exposição, que recorda o facto de a Glória do Ribatejo ter tido, desde a Idade Média até à segunda metade do século XIX, o privilégio de os seus homens estarem isentos de serviço militar, prática comum aos lugares onde se pretendia fixar população, começa com um módulo dedicado à I Guerra Mundial, na qual participaram uma dúzia de glorianos.
Segue-se um conjunto de fotografias e material que recordam costumes ligados às "sortes" - quando os rapazes da mesma "mocidade" (ou seja, nascidos no mesmo ano) se reuniam para ir à inspecção médica em Salvaterra de Magos.
"Há uma série de imagens do transporte dos rapazes até Salvaterra, depois de um banho na barragem, e dos três dias de baile que se seguiam à chegada dos mancebos", disse.
"Chegados à Glória os rapazes, deitam-se foguetes e, em cortejo, percorrem a aldeia com o 'Ti Manel Ceguinho' a tocar harmónio. No braço, trazem fita vermelha os que ficam 'apurados', fita branca, os 'livres', fita azul, 'os da espera'", recorda a exposição.
A guerra colonial constitui a parte mais importante da exposição, não só com imagens dos homens que partiram, mas também com manequins trajados com as fardas dos vários ramos e material como máscaras, panos africanos, aerogramas, divisas.
"O painel mais emotivo é o que é dedicado aos dois glorianos que morreram no Ultramar, um em 1964 e outro em 1967, com fotos, recortes de jornal e aerogramas que enviaram à família", disse Roberto Caneira.
Frisando que o objectivo da exposição não é mostrar os efeitos da guerra, nomeadamente o stress pós-traumático, Roberto Caneira afirmou que a associação recolheu material e testemunhos, mostrando memórias associadas à guerra.
A mulher gloriana, que durante a guerra colonial envergava roupa mais escura se o filho, marido ou namorado estava "lá fora", uma "espécie de 'pré-luto' pela ausência do homem", está igualmente retratada.
Na impossibilidade de colocar na exposição as mais de 200 fotografias cedidas pelas 80 pessoas entrevistadas, a opção foi pô-las a passar em contínuo no exterior do edifício, afirmou.
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01-08-2007
"MEMÓRIAS DA GUERRA DO ULTRAMAR", na Glória do Ribatejo
O Museu Etnográfico de Glória do Ribatejo recebe até Junho de 2008, uma exposição sobre memórias da Guerra do Ultramar.
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"Quando eles estavam lá fora" - Memórias da Guerra do Ultramar" é o tema de uma mostra que reúne fotografias de uma época particularmente dura para o país e para as famílias dos que estavam na guerra.
.A Glória do Ribatejo, desde a Idade Média possuía o privilégio de ser um local onde os Homens estavam isentos de serviço militar. Este privilégio não é inédito nas povoações medievais, esta isenção procurava fixar elementos de população em locais ermos, e proporcionar-lhes desenvolvimento humano.
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Segundo se consta havia uma lápide com a inscrição da isenção militar aos povoadores da Glória do Ribatejo, que estava afixada numa parede da igreja, e que desapareceu quando o primeiro gloriano foi convocado a prestar serviço militar ao Rei.
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Alves Redol, no seu ensaio etnográfico dedicado à Glória do Ribatejo, afirma que esta dispensa militar manteve-se até à segunda metade do séc. XIX e quem foi o primeiro Homem gloriano a ser mobilizado: "contam os velhos, nas suas recordações da mocidade que na igreja havia uma pedra onde tal ordem se gravava e que dali levaram não sabem para onde. Foi há sessenta anos que de lá saiu o primeiro homem para servir o Rei e envergar fardeta - Francisco António Pereira Caneira, se chamava."
.O serviço militar estava envolvido num conjunto de cerimónias, que são antropologicamente interessantes de narrar. O início dava-se com as "sortes", quando os rapazes da mesma "mocidade" ou seja nascidos no mesmo ano, se reuniam para ir à inspecção médica em Salvaterra de Magos.
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Chegados à Glória os rapazes, deitam-se foguetes e em cortejo percorrem a aldeia com o "Ti Manel Ceguinho" a tocar harmónio. No braço, trazem fita vermelha os que ficam "apurados"; fita branca os "livres"; fita azul, "os da espera".
.No início da década de 60 do Séc. XX, a Guerra da Ultramar obriga ao recrutamento de vários glorianos, que são levados para as províncias ultramarinas, para lutar numa guerra injusta.
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Quando os Homens estavam "lá fora", as mulheres envergavam uma roupa mais escura, denominado de "traje da ultramar", simbolizando uma espécie de pré-luto pelo facto do homem não estar próximo delas. Ir a bailes ou divertimentos era algo que estava fora de questão.
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Nesta Guerra do Ultramar, 2 valorosos soldados glorianos perdem a vida: João Nunes e José Feijão, deixando uma consternação enorme na comunidade da Glória do Ribatejo.
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Estes são alguns dos aspectos que estão patentes no Museu Etnográfico da Glória do Ribatejo, na exposição "Memória da Guerra Colonial na Glória do Ribatejo".
http://www.blogger.com/ Ribatejo Digital 2004
1 comentário:
Não conhecia estes costumes de Glória do Ribatejo, mas aqui para o Norte, também as mulheres trajavam de preto, durante a ausência dos maridos, filhos, noivos, namorados, fosse na guerra do Ultramar ou na Emigração... e as proíbições. eram também iguais.!
Maria Mamede
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