Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ler : a pretexto de ‘O Dia em que a Mata Ardeu’Arquitecto de ficções

* Dina Gusmão
Com um livro pronto e outro no prelo, dois de poesia a caminho e uma colecção em mente, José Fanha está imparável e cada vez mais virado para o livro infantil. A pretexto de ‘O Dia emv Que a Mata Ardeu’ (ed. Gailivro’) falou de si e do que faz.
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Sou cada vez mais um animador da leitura, em parte porque gosto muito, em parte porque acho importante pôr o País a ler. Publiquei nos últimos anos uns dez livros para crianças e estão na forja outros tantos. Ao facto não é alheia a adopção de crianças pequenas: duas meninas que são o encanto da minha vida de jovem pai. Agora têm 10 e 11 anos mas estão comigo desde os quatro meses e os dois anos. E também tenho um filho, mais velho, professor de danças de salão, coisa para a qual confesso alguma incompetência”, revela.
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Apresentada a família, foi-nos dado a conhecer a diversidade de actividades, coisa que não o atrapalha mesmo quando faz tudo ao mesmo tempo, o que é quase sempre.
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“Tenho formação em Arquitectura, ensino Arte e Design, faço a animação da Biblioteca Municipal de Sintra e dou assessoria à presidência de Reboredo Seara, pessoa de quem gosto muito. E ainda há o circuito das escolas que é muito doloroso. A compensação vem da divulgação dos livros e da surpresa com que nos recebe quem nunca viu um escritor a tão curta distância”, contabiliza.
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Diz-se razoavelmente disciplinado mas nem sempre foi assim... “Fui muito caótico mas hoje, aos 56 anos, nem tanto. Por um lado, perdi a paciência para o social e, por outro, ganhei uma doença chata mas que me disciplina: a diabetes. Convém comer a horas, dormir a horas, andar a pé. É o que faço”, conta.
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Defende que o trabalho criativo é um trabalho de oficina. Desconfia do talento e da intuição. Caderninhos de capa preta não são com ele.
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“Escrever é uma profissão e, até pela minha formação original, acho que tem de haver regras. O escritor é um arquitecto de ficções e, por isso, tem de responder a certas necessidades. A poesia, sim, é o grande acto de liberdade, a grande forma de expressão dos portugueses”, diz.
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Tem na poesia a sua paixão maior e dois livros prontos, o mais próximo dos quais responde por ‘Marinheiro de Outras Luas’ e reúne poemas inspirados em obras de pintores portugueses. Antes, porém, temos primeira mão...“
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Acho que posso dizer em primeiríssima mão que sai em Outubro o terceiro título do grupo com quem escrevi ‘Novos Mistérios de Sintra’ e ‘O Código d’ Avintes’. Este, ‘Eça Agora’, conta a história dos descendentes dos Maias”, desvenda.
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PESSOAL
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LIVRO DE CABECEIRA
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“De Steinbeck, ‘A Um Deus Desconhecido’. Há nele um sentimento quase religioso de plenitude da relação do homem com a terra e com o universo. Belíssimo!”.
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FILME DE ELEIÇÃO
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“Sempre o ‘Casablanca’, de Michael Curtiz. Quanto mais o vejo, e vejo muito, mais choro. Há pouco tempo vi-o pela primeira vez com as minhas filhas e chorei tudo outra vez”.
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DESTINO DE SONHO
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“Essa é fácil: a Ilha do Fogo, em Cabo Verde. Tem muito a ver com o livro de Steinbeck... É uma terra e uma gente cuja dignidade me faz tremer”.
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MÁXIMA DE VIDA
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“Amanhã vai ser melhor!”
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in Correio da Manhã 2007.08.31

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Gosto de Fanha, muito!
Já estive por perto, quando um dia
ele, o Fanhais e o Freire vieram cantar cá ao Norte; quem mos apresentou foi o Zé Gomes, amigo doutros tempos dos três.

E foi um espectáculo a valer!

Maria Mamede