Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Crónicas do novo mundo - Línguas autóctones

.
* F. Falcão Machado
Embaixador de Portugal no México
.
Tem estado patente no Museu Nacional de História – instalado no Castelo de Chapultepec, na Cidade do México – uma interessante exposição intitulada ‘Paradigmas da Palavra’. Trata-se de uma mostra sobre o trabalho de investigação e recolha de elementos relativos às línguas indígenas levado a cabo pelos missionários espanhóis durante o período colonial, como esclarece o próprio subtítulo da exposição: ‘Gramáticas indígenas de los siglos XVI, VII y XVIII’.
.
É sabido o empenho que os colonizadores, mormente através das instituições religiosas, tiveram em estudar os idiomas dos povos que encontravam a fim de se fazerem entender e, simultaneamente, propagar a Fé crista. A exposição em apreço – que infelizmente não mereceu a edição de um catálogo – demonstra esse esforço. Vale acrescentar que hoje em dia o conhecimento de uma língua não se reduz ao domínio da sua gramática e do seu léxico. A moderna ciência da semiótica, por exemplo, veio dar um contributo importante para a análise das línguas, permitindo penetrar profundamente na simbologia e no imaginário das culturas subjacentes.
.
Muitos foram os falares que os colonizadores vieram encontrar na região que então baptizaram de ‘Nova Espanha’. Os mais importantes na época eram o Maya e o Náhuatl, que ainda hoje se utilizam no México profundo e que estão bem documentados na mostra em referência. A este propósito, é justo recordar igualmente o trabalho que os portugueses desenvolveram no Brasil tendo em vista o conhecimento e a conservação dos idiomas autóctones. Ao chegarem às costas brasileiras, a língua aí encontrada foi o Tupi, que logo começou a ser estudada sobretudo pelos jesuítas. E em 1595 o Padre José de Anchieta publicaria a sua famosa ‘Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil’. Foram descobertos depois outros idiomas importantes, designadamente o Tupinambá, da região amazónica, que viria a transformar-se na segunda ‘língua geral’ do Brasil, o Nheengatu.
.
in Correio da Manhã 2007.09.01

Sem comentários: