Discurso de Lula da Silva (excerto)

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quarta-feira, 12 de março de 2008

Rogério Ribeiro - Galeria e Textos de outrem


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A arte e o Metro #2

Estação Anjos



Barra "Arte Nova", pormenor do revestimento do átrio Sul, intervenção plástica de Maria Keil.Fotografia: Roberto Santandreu.


A estação Anjos abriu ao público em 1966 englobada na 3ª fase da construção do 1º escalão da rede, que decorreu entre 1963 e 1966. Em termos arquitectónicos e artísticos seguiu as directrizes globais aplicadas a esse empreendimento, o responsável pelo projecto arquitectónico foi o Arq.º Dinis Gomes e a autora do revestimento em azulejos foi a pintora Maria Keil. Este revestimento azulejar, conjuntamente com o revestimento da estação Restauradores, constituem os únicos casos onde a autora incluiu elementos figurativos afastando-se um pouco da orientação que lhe tinha sido dada pelo Conselho de Administração. Com efeito, o padrão utilizado inclui um motivo, onde se "...reviveram as barras que decoram os prédios do princípio do século.", nas palavras da autora. Esta composição conjuga dois tipos de citações estilísticas completamente opostas. De um motivo abstracto e contemporâneo, que constitui o padrão básico de fundo, surgem inesperadamente barras de influência "Arte Nova" e, tal como já anteriormente tinha acontecido em Restauradores, existe aqui uma clara inspiração de teor historicista. Em 1982 a estação foi ampliada, tendo sido aberto um novo átrio do lado Norte. O projecto de arquitectura esteve a cargo do Arq.º Sanchez Jorge e Rogério Ribeiro foi o artista convidado para criar os revestimentos, tendo optado por seguir uma orientação para a sua concepção plástica resultante da utilização do padrão básico que enquadra e serve de fundo às barras Arte Nova, do átrio Sul de Maria Keil. A partir do módulo base, contituido por um círculo marcado a branco sobre fundo a dois tons de azul, Rogério Ribeiro compôs uma construção totalmente diversa e inovadora. Maria Keil e Rogério Ribeiro encontram-se assim, mais uma vez, no mesmo projecto, ainda que com intervenções distintas. Estes dois artistas haviam já colaborado quando da construção das estações do 1º escalão da rede. Rogério Ribeiro, por sugestão de Maria Keil, foi então encarregado dos revestimentos em azulejo da estação Avenida.

Pormenor do revestimento do átrio Norte, intervenção plástica de Rogério Ribeiro.Fotografia: Roberto Santandreu

in metrolisboa.pt
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ilustração de Rogério Ribeiro


Uma das pessoas vai riscando uns traços enigmáticos que tanto podem ser um retrato como uma declaração de amor ou a palavra que faltava inventar.

José Saramago
in "1993"
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Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008
Gravura Portuguesa, 1956 - 1962

Rogério Ribeiro (n. 1930), Sem Título (1958), linoleogravura.

© Blog da Rua Nove

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Alexandre Cabral (pseudónimo de José dos Santos Cabral, 1917-1996), Histórias do Zaire (1956).

Ilustração de Rogério Ribeiro (n. 1930)

© Blog da Rua Nove
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Sem título
Rogério Ribeiro
Serigrafia 64/100; 65/100; 66/100, 50 cm x 60 cm
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Até Amanhã, Camaradas
Manuel Tiago
Edição ilustrada e cartonada
Ilustrações de Rogério Ribeiro

Prefácio de Óscar Lopes
9ª edição
Colecção Resistência
Novembro de 2004
Uma ilustrações de Rogério Ribeiro para o romance de Manuel Tiago "Até Amanhã, Camaradas"

Trabalhadores! Operários e Camponeses:

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Rogério Ribeiro
Serigrafias
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Flor da Utopia, a ( com Quinze Ilustraçoes de Rogerio Ribeiro) ( Direcçao Grafica de Armandoalves)
Rodrigues, Urbano Tavares
Editor: Asa
Nº Edição: 1
Ano de edição: 2003
Local de edição: Porto

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Rogerio Ribeiro: Desenhos Anos50, Desenhos Recentes 2003/ 2004, a Morte Nao Mata a Dor, Leitura do Nosso Tempo ( Coordenaçao: Manuela de Abreu e Lima)
Castro, Laura ( Texto)

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Rogerio Ribeiro: a Pintura entre Teatro da Historia
Barroso, Eduardo Paz
36º volume da colecção: Caminhos Arte Port. Sec. Xx
Editor: Caminho
Ano de edição: 2007
Local de edição: Caminho
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Rogerio Ribeiro ( Coordenaçao: Rogerio Ribeiro)
Porfirio, Jose Luis et al. ( Texto)
Editor: Campo das Letras
Nº Edição: 1
Ano de edição: 2003
Local de edição: Porto
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Som do Vermelho, o ( Triptico Poetico Sobre Pintura de Rogerio Ribeiro)
Baptista, Amadeu
59º volume da colecção: Campo da Poesia
Editor: Campo das Letras
Nº Edição: 1
Ano de edição: 2003
Local de edição: Porto

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Praça da Cançao ( Desenhos de Rogerio Ribeiro/ Grafismo de Armando Alves)
Alegre, Manuel
14º volume da colecção: Campo da Poesia
Editor: Campo das Letras
Nº Edição: 9
Ano de edição: 1998
Local de edição: Porto

Sinopse
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Sem grande margem para dúvidas, pode dizer-se que este livro marcou para sempre toda uma geração de jovens portugueses que ao longo dos anos 60 se empenharam na contestação estudantil nas Universidades e lutaram contra a guerra nas ex-colónias africanas.
Aparecido em Coimbra e incluindo muitos poemas que rapidamente se divulgaram graças às canções de Manuel Freire, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira ou Luís Cília (entre outros), "Praça da Canção" recorre à História de Portugal para através desse passado colectivo interrogar o presente e o futuro do país, conseguindo aliar um poderoso sopro épico e um lamento pela condição dos portugueses no tempo em que foi escrito
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Sublinhe-se ainda a capacidade de aproveitar os recursos da métrica e da rima para a criação de uma musicalidade sensível, por exemplo, na famosa "Trova do Vento que Passa", e contribuindo para fazer de Manuel Alegre o trovador da sua geração.
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Autor: ROGÉRIO RIBEIRO
Título: Briga
Desc.: Litografia a duas cores, papel 53x40 cm, superfície impressa 27,8x33 cm, tiragem 150 (1 a 150).
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Rogério Ribeiro
Tinta da China. Assinada e datada de 1986. Dim. 38x28 cm.
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Rogério Ribeiro
Prova de autor, assinada e datada de 1975. Dim. 44x58 cm.
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Quinta-feira, 4 de Outubro de 2007

Papel habitado


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Rogério Ribeiro
reuniu um conjunto de desenhos, feitos durante este ano, e pendurou-os nas paredes da Galeria Salgadeiras, situada na rua que deu o nome à dita, no Bairro Alto. São desenhos que enunciam a maturidade do Pintor. Um pintor que risca o papel com a sabedoria ditada por um percurso singular. Aqueles riscos não enganam. Traçam humores, desafiam desesperos, denunciam cansaços. São feitos por uma mão que já não alinha em novidades circunstanciais. Não precisa. O que está feito, está feito. E está mesmo muito bem feito.
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Rogério Ribeiro ensinou-me, no AR.CO, muito do pouco que fui aprendendo. Ficámos amigos. Foi muito bom estar com ele no dia da abertura. Ainda por cima num tempo em que regresso à escola.
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Obrigado por tudo, Rogério.

Rogério Ribeiro
Desenho a tinta da china
Salgadeiras Galeria

http://blogoperatorio.blogspot.com/

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"DEZ DESENHOS DE ROGÉRIO RIBEIRO"

Exposição de Obras para o livro de poemas “ Claro Interior “de Amadeu Baptista

A CiDiarte orgulha-se de apresentar um conjunto de aguarelas inéditas e pintura, de Rogério Ribeiro.

"Uma obra de arte vista como obra de arte é uma experiência, não é uma declaração nem a resposta a uma pergunta. A arte não é apenas sobre qualquer coisa; é qualquer coisa. Uma obra de arte é uma coisa no mundo, não apenas um texto ou um comentário sobre o mundo"

Susan Sontag- Em "Contra a interpretação e outros ensaios" Lisboa, Gótica, 2004, pág. 41


Convidada a dissertar sobre a obra de Rogério Ribeiro na Exposição realizada em Óbidos, na Primavera deste ano, Ana Isabel Ribeiro, escreveu que "O desenho e a pintura foram sempre para este artista plástico, uma declaração de inconformismo redigida numa gramática pessoal, servida, ao longo dos anos, inconformismo aberto e establecido em relação a todas as "coisas" do mundo, a todas as "coisas" da vida do mundo. Neste sentido, a pintura surge no pintor como uma necessidade vital, como uma espécie de manual de sobrevivência e entendimento do mundo, onde balança o real e o onírico, o espanto e a resignação, mas também a raiva, a revolta e a impotência de poder agir directamente sobre a dor e a amargura. Talvez por isso, "a essência humana, com as suas contradições, confronta-se com a ânsia do infinito", evidenciada nos traços da representação, mas contida nas dimensões dos papéis e das telas onde esta se plasma sem geografia definida e, incomoda."

A vasta e ecléctica obra deste autor que desde 1954 expõe individualmente e em mostras colectivas, para públicos nacionais e internacionais, não se esgota na pintura: trabalha na minúcia da gravura, tornando-se sócio fundador da Gravura-Soc. Cooperativa da Gravadores Portugueses (1958); tolda e arma o barro, como simples oleiro, criando obra pública que pode ser vista em locais tão variados como a estação de metro Avenida em Lisboa à estação Santa Lúcia, no metropolitano de Santiago do Chile. Faz painéis para instituições bancárias, para a Casa de Portugal da Cidade Unversitária de Paris, Arquivo histórico Nambam, Uzuki, no Japão, Cine-Teatros, Museus, Igrejas, Estação de Caminhos de Ferro de Sete Rios em Lisboa; com a sensibilidade de uma bordadeira, realiza o primeiro cartão para a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre; Faz ilustrações para o livro "A flor da utopia" de Urbano Tavares Rodrigues, "Triunfo do Amor Português" de Mário Cláudio,"Até amanhã, camaradas" de Manuel Tiago entre outros; Foi Professor da ESBAL; Desenvolve trabalhos no âmbito do Design de Equipamento e gráfico, colaborando com vários arquitectos nos estudos de cor e integração de materiais e trabalhos artísticos. No domínio da arquitectura de interiores fez parte integrante a equipa de projectos e obras para o estudo, preparação e montagem do Museu da Fundação Caloust Gulbenkian.

Um homem, uma vida, duas inspiradas mãos como asas de pomba, de onde a sua obra grita paz e harmonia. Abafando a dor, a descriminação e a prepotência.

E porque "Escrever sobre o que é de "ver" obriga-nos a outro aparo, a ordenar de outro modo a atitude de pensar, a desenhar rabiscos curtos e caprichosos que quando, tentam desmontar as imagens chamam a si o seu próprio gosto de significar."(Rogério Ribeiro) melhor do que escrever sobre este autor da liberdade, é vê-lo, senti-lo e lê-lo na sua cor e escrita animada, desta obra que agora temos o prazer de apresentar.
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©2007 CIDIARTE - Galeria de Arte, Lda. Rua da Escola Politécnica-69, 1200-457
Lisboa






EXPOSIÇÃO DE ROGÉRIO RIBEIRO

Exposição patente de 12 de Setembro a 27 de Outubro de 2007





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[PDF]

ROGÉRIO RIBEIRO


poético que lhes está na origem. Agradeço do coração ao Poeta, o poema. “Constelação“, original expressamente. escrito para este catálogo. Rogério Ribeiro ...



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Rogério Ribeiro
de José Luís Porfírio

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Falo de um pintor e, sobretudo, da sua obra, a partir de um longo conhecimento e convivência, primeiro com a obra, com o pintor depois, no crescimento de uma cumplicidade feita de um comum amor pela pintura. Falar da obra é falar do seu movimento interno, da sua transformação no tempo, a partir da consciência do espectador profissional que é o crítico, que o tempo e esse amor comum pela pintura transformaram em cúmplice, mais, em amigo; porém, como começar? No caso presente a melhor maneira será registar nas suas etapas fundamentais o encontro do crítico com o pintor, etapas que marcam quatro momentos de progressivo entendimento mútuo e, para o crítico, etapas de reconhecimento crescente de uma obra em desenvolvimento, dos seus meandros e do seu significado. Escolho quatro exposições: Galeria Judite Da Cruz - 1973, "Pintura", Casa do Alentejo -1981, "Pintura 1974-1980", Galeria Nasoni, Porto - 1986, "Ícaro", Palácio Galveias, Câmara Municipal de Lisboa - 2000. Elas correspondem a momentos especiais de encontro que vão acabar por ser iluminantes para iniciar uma grelha interpretativa da obra de Rogério Ribeiro.

Biografia por Ana Isabel Ribeiro




Fernão Lopes - Crónicas (de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I) -
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Antologia de António Borges Coelho
Ilustrações de Rogério Ribeiro


Esta obra, em edição muito cuidada, constitui um importante documento da história portuguesa, enriquecido pela inclusão de pinturas temáticas originais, e visa alargar a um maior número de leitores a fruição destes tesouros da cultura medieval portuguesa.


Ilustração : Rogério Ribeiro







Sobre o Livro : Contém um índice das ilustrações em pequeno formato e com as respectivas legandas retiradas do texto.

Nota introdutória, antologia e leitura do texto: António Borges Coelho | Ilustrações e Posfácio: Rogério Ribeiro

Kaminhos

FERNÃO LOPES – CRÓNICAS de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I, António Borges Coelho (Antologia), Rogério Ribeiro (ilustrações); Editorial Campo das Letras ...


Voltar Il. de Rogério Ribeiro
In: Os mais belos sonetos / de Bocage ; escolhidos por José Régio. – [Lisboa] : Artis, imp. 1959
BN L. 30522 V.
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Azulejos de Rogério Ribeiro no Japão

A Câmara Municipal de Usuqui (Oita) inaugurou no passado dia 26 de Maio dezoito painéis de azulejo da autoria de Rogério Ribeiro destinados ao Arquivo Histórico Municipal daquela cidade. O artista plástico está no Japão desde 28 de Fevereiro para acompanhar o complexo processo de colocação dos painéis.

Este projecto foi lançado em 1993 por ocasião da celebração dos 450 anos da chegada dos portugueses ao Japão e visa instalar naquela cidade um arquivo/museu que reuna não apenas microfilmes dos documentos relativos às relações luso-nipónicas, como constitua um espaço de projecção desses laços culturais e históricos.

Localizado no centro histórico da cidade, o futuro arquivo/museu ficará instalado num antigo armazém de arroz agora recuperado. De 1993 até hoje foram já reunidos microfilmes de vários arquivos - Torre do Tombo, Évora e Vaticano - que foram catalogados por Paula Santos, investigadora portuguesa que trabalhou na Câmara Municipal de Usuqui entre 1995 e 1997 e actualmente lecciona português em Oita.

Para decoração do edifício foi convidado por sugestão do Centro Cultural Português de Tóquio, o pintor Rogério Ribeiro que concebeu quinze painéis alusivos às relações entre Usuqui e Portugal - instalados no exterior - e três outros painéis, de maiores dimensões, com alegorias ao nascimento, baptismo e morte - a colocar no interior e à entrada.


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ROGÉRIO RIBEIRO
Tinta-da-china S/ Papel
c/ moldura
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Terça-feira, Fevereiro 13, 2007

ARTE CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA

ROGÉRIO RIBEIRO


Rogério Ribeiro nasceu em 1930, em Estremoz, e frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio. A sua formação inicial desenvolveu-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, agora Faculdade, onde o artista, como docente de design, prestou relevantes serviços científicos, didácicos e pedagógicas, aliás na sequência da reforma implemnentada por docentes e alunos, além de muita documentação recolhida e coordenada por um dos grupos de trabalho. Isso aconteceu, naturalmente, depois do 25 de Abril de 74 e permitiu convencer os renitentes governantes de que a arte, além de sedimentar e caracterizar uma civilização, é indispensável, a nível superior, para a identidade dos países em que se consolida.
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Rogério Ribeiro esteve ligado ao movimento neo-realista português e foi dos artistas que mais diversificou os códigos de uma linguagem plástica integradora daquele movimento. Passou por um período muito dinânico, em que as figuras, nítidas ou desfocadas, apareciam recolhendo as hastes das searas, como numa pintura abstracta, searas vermelhas ou massas humanas metaforicamente sulcando o território. Tudo isso passou depois para uma reflexão intimista, casas alentejanas vazias, abertas para o amanhacer, gente balouçando nos atrelados dos tractores, a caminho do trabalho, o verde e o amarelo, o vermelho também, como na iniciação de um almoço de broa e carne de porco.
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Rogério Ribeiro abriu-se então para caminhos de mais amplas consequências, entre um laicismo quotidiano e temas sagrados, por vezes editados por intermédio de duras amarrações com cordas, máquinas de madeira, rodas imensas. Estes temas, se apontavam por vezes para a Bíblia, inclinavam-se mais para outro tipo de nitologias, como a esplendorosa série de Ícaro. Ícaro candidato a Sísifo, construindo as suas asas absurdas, de madeira, partindo, em cortejo, para o limite da falésia e caindo a pique no abismo sem nome. Outras ideias, trabalho em casa, música, aprendizagens várias, orações de desejo, tudo isso foi surgindo nesta obra verdadeiramente significativa da nossa invenção poética, incluindo peças austeras, perfeitas, simbólicas, desde estranhas cosmografias aos aparelhos de cimento e de função misteriosa. O que há de narrativo em Rogério Ribeiro, há também entre metamorfoses de flores, céus, duvidosos medievalismos, a homenagem ao trabalho dos artistas, o trompe l'oeil, a realidade dentro e fora da pintura, os potes, os pincéis, como numa dedicada encenação para um filme ligado à Renascença.

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Terça-feira, Março 11, 2008

NA MORTE DO PINTOR ROGÉRIO RIBEIRO


PINTURA DE ROGÉRIO RIBEIRO
uma atmosfera que evocamos no seu sentido humanista


E assim o país se apaga um pouco mais, por cada morte aqui anunciada, por cada perda de personalidades cuja vida e obra constituem valores inestimáveis da nossa identidade. Rogério Ribeiro foi (e será sempre porque nem todo o país amolece de esquecimentos) um grande artista em várias disciplinas do pensamento e da acção criadora, nos últimos tempos senhor de uma obra fascinante, de pureza, de denúncia, de testemunho e espírito humanista. As frentes da actual cultura portuguesa têm dividido a presença na nossa memória de gente desta estirpe, a montante do fio incendiário dos anos oitenta. Contra isso temos lutado, porque não basta lembrar Sousa Cardozo, por exemplo, passando por Paula Rego ou Júlio Pomar, e enfatizando, por fim, tudo o que acabou de aparecer, como se o mundo não tivesse outras verdades e uma remota genética universalizante. Pois aqui se deseja afirmar que o Portugal moderno, para se reconhecer e progredir, tem de homenagear pessoas como Rogério Ribeiro, que nos ajudaram a vencer o tempo e os bloqueios da mediocridade. Aqui fica apenas uma pintura, uma peça que exprime bem o despojamento e a riqueza do homem na trajectória que tem de inventar contra a irremediável e absurda escassez de si mesmo.


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http://rochasousa.blogspot.com/

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