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realso
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Revolução de Abril de 1974, ruas de Lisboa.Cerco ao Quartel do Carmo
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* Victor Nogueira
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Este é um vídeo exemplar: apesar das instruções do Posto de Comando das Forças Armadas, o pessoal saíu à rua e deu novo rumo ao Golpe. Quem quer que dispararasse naquelas condições provocaria um banho de sangue de consequências imprevisíveis.
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Para além do tom de relato épico e futebolístico do locutor da RTP, há para mim vários «mistérios». O primeiro é porque Marcelo Caetano procurou refúgio na ratoeira do Quartel do Carmo? O segundo, é porque levou tanto tempo o capitão Salgueiro Maia a impôr a rendição sem condições do Presidente do Conselho de Ministros, como se estivesse a tentar ganhar ou dar tempo, satisfazendo a «exigência» de Marcelo para que o poder não caísse na rua, e porque General Spínola compareceu para encenar a «cerimónia» para dar a mão a Marcelo?
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Com efeito, o «legalista» e jurista Presidente do Conselho de Ministros já não tinha o Poder, nunca o teve, nem de facto nem de direito então vigente, mas se algum Poder Palaciano houvesse a transmitir, seria do então Presidente da República, Almirante Américo Tomás. Mas este pertencia aos ultras e outro golpe se preparava na sombra, o de General Kaúlza de Arriaga e da Brigada do Reumático.
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Portanto tudo leva a crer que a facção Spínolista no MFA, após o «falhanço» do Golpe das Caldas, tentou que apenas mudassem as moscas: face à «legalidade» existente Marcelo era responsável perante o Presidente da República e não tinha poderes para transmitir poderes, do fascismo para uma «democracia» spinolista que tentou manter a ilegalização do Partido Comunista (e do recém criado, no ano anterior, na RFA, Partido Socialista), a prisão dos presos políticos, que nomeou de imediato um novo Director para a PIDE/DGS e que pretendia um «plebiscito» que o entronizasse para manter aquilo de que se sustentam as moscas. Spínola que tentou até à última impedir o reconhecimento do direito à independência das colónias. Isto para não falar no encontro secreto nas Lajes, entre ele e o amigo americano, então personalizado em Richard Nixon
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«Ameaçada» e encuralada na António Maria Cardoso, em edifício propriedade da Casa de Bragança, a PIDE/DGS, seguramente conhecedora antecipada do Golpe, apesar de se saber «apoiada» pelo General Spínola, inteligentemente «empurrado» para Presidente da República pelo General Costa Gomes, não hesitou em fazer fogo sobre a multidão, provocando os únicos mortos e feridos da chamada Revolução dos Cravos.
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Depois, depois foi a Santa Aliança do PS com a Igreja Católica e com toda a direita, incluindo os bombistas do chamado MDLP, comandados pelo General Spínola, em fuga a 11 de Março de 1975, sem honra nem glória. Tal como o General Kaúlza de Arriaga em Moçanbique, enleado no seu «nó górdio».
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Mas esta parte da História só surgiu depois destas filmagens, num enredo que ainda não estará completamente deslindado.
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Para além do tom de relato épico e futebolístico do locutor da RTP, há para mim vários «mistérios». O primeiro é porque Marcelo Caetano procurou refúgio na ratoeira do Quartel do Carmo? O segundo, é porque levou tanto tempo o capitão Salgueiro Maia a impôr a rendição sem condições do Presidente do Conselho de Ministros, como se estivesse a tentar ganhar ou dar tempo, satisfazendo a «exigência» de Marcelo para que o poder não caísse na rua, e porque General Spínola compareceu para encenar a «cerimónia» para dar a mão a Marcelo?
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Com efeito, o «legalista» e jurista Presidente do Conselho de Ministros já não tinha o Poder, nunca o teve, nem de facto nem de direito então vigente, mas se algum Poder Palaciano houvesse a transmitir, seria do então Presidente da República, Almirante Américo Tomás. Mas este pertencia aos ultras e outro golpe se preparava na sombra, o de General Kaúlza de Arriaga e da Brigada do Reumático.
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Portanto tudo leva a crer que a facção Spínolista no MFA, após o «falhanço» do Golpe das Caldas, tentou que apenas mudassem as moscas: face à «legalidade» existente Marcelo era responsável perante o Presidente da República e não tinha poderes para transmitir poderes, do fascismo para uma «democracia» spinolista que tentou manter a ilegalização do Partido Comunista (e do recém criado, no ano anterior, na RFA, Partido Socialista), a prisão dos presos políticos, que nomeou de imediato um novo Director para a PIDE/DGS e que pretendia um «plebiscito» que o entronizasse para manter aquilo de que se sustentam as moscas. Spínola que tentou até à última impedir o reconhecimento do direito à independência das colónias. Isto para não falar no encontro secreto nas Lajes, entre ele e o amigo americano, então personalizado em Richard Nixon
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«Ameaçada» e encuralada na António Maria Cardoso, em edifício propriedade da Casa de Bragança, a PIDE/DGS, seguramente conhecedora antecipada do Golpe, apesar de se saber «apoiada» pelo General Spínola, inteligentemente «empurrado» para Presidente da República pelo General Costa Gomes, não hesitou em fazer fogo sobre a multidão, provocando os únicos mortos e feridos da chamada Revolução dos Cravos.
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Depois, depois foi a Santa Aliança do PS com a Igreja Católica e com toda a direita, incluindo os bombistas do chamado MDLP, comandados pelo General Spínola, em fuga a 11 de Março de 1975, sem honra nem glória. Tal como o General Kaúlza de Arriaga em Moçanbique, enleado no seu «nó górdio».
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Mas esta parte da História só surgiu depois destas filmagens, num enredo que ainda não estará completamente deslindado.
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