Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sábado, 27 de outubro de 2007

De Pedro (o Grande) a Nicolau II - Coleção do Hermitage em Lisboa





Imperatriz Catarina II adquiriu em 1762 as primeiras obras de arte



Georges Becker - Coroação de Alexandre III e Maria Fiodorovna - 1888 (pormenor)

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E agora aqui fica um pequeno texto sobre o Museu Hermitage de São Petersburgo:
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"O Museu Hermitage, de São Petersburgo, é um retrato quase perfeito da história da Rússia, com dimensões gigantescas e riquezas artísticas incalculáveis. A colecção de obras que constitui o seu acervo foi criada pelos czares russos e passou pelos mesmos momentos de glória e de humilhação atravessados pelo país.
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O museu, aberto ao público em 1852, foi criado no Palácio de Inverno, residência oficial dos czares nas margens do Rio Neva. Em 1764, a Imperatriz Catarina II adquiriu as primeiras obras de arte e a colecção foi crescendo ao longo dos tempos até ocupar actualmente cinco edifícios interligados, o que exige ao visitante uma enorme disponibilidade de tempo.
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Quem quiser visitar as suas 1057 salas, contendo obras artísticas criadas pelo homem desde a pré-história até aos nossos dias, e parar um minuto para apreciar cada uma das peças expostas, precisará de onze anos para completar tal tarefa.
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Os cerca de oitocentos quadros de pintura italiana e cem de pintura espanhola ficam obscurecidos pela impressionante colecção impressionista e pós-impressionista francesa, com 36 obras de Henri Matisse (1869-1954), 37 de Pablo Picasso (1881-1973), 15 de Paul Gauguin (1848-1903), quatro de Van Gogh (1853-1890), oito de Monet (1840-1926), etc.
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A colecção holandesa e flamenga do Hermitage, exposta em seis grandes salas, num total de 500 obras, seria suficiente para criar um museu que não ficaria atrás do Rijksmuseum de Amsterdão. São 37 quadros de Peter Paul Rubens (1577-1640), 22 de Antoon Van Dyck (1599-1641) e 22 de Rembrandt (1606-1669).
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Ao todo, o Museu Hermitage possui cerca de três milhões de obras de arte, estando expostas apenas 20 por cento. Daí a direcção do museu ter dado inicío à criação de "Hermitages itinerantes" em várias cidades da Europa e da América, incluindo Lisboa.
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A colecção poderia ser ainda bem maior se o regime comunista (1917-1919) não tivesse vendido numerosas obras do Hermitage, bem como de outros museus russos, a coleccionadores estrangeiros a fim de conseguir moeda convertível para financiar a "revolução mundial". Calouste Gulbenkian está entre os magnatas que compraram quadros do Hermitage, que podem hoje ser apreciados no museu da sua fundação em Lisboa.
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Uma inventariação iniciada em 2005 mostrou que mais de duzentas valiosas peças do museu desapareceram, a maioria das quais não foram recuperadas.Porém, não obstante todas as dificuldades, o Hermitage continua a ser o maior museu do mundo e um dos grandes motivos de orgulho da Rússia."
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AS PALAVRAS DOS OUTROS

Carlos Fiolhais
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"Abriu ontem, com pompa e circunstância, no Palácio da Ajuda, uma exposição sobre os czares russos: De Pedro, o Grande, a Nicolau III - Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage. A mostra insere-se num conjunto de três que visam a instalação em Lisboa de um pólo permanente do Museu Hermitage, de São Petersburgo, a cidade fundada em 1703 por Pedro, o Grande"...."Poderia pensar-se que a Federação Russa nos está a ajudar, enriquecendo-nos culturalmente ao facultar os seus excelentes tesouros.
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De facto é ao contrário: é Lisboa que, armada em "nova rica", ajuda Moscovo. A exposição, que custou 1,5 milhões de euros, é paga integralmente por nós, com dinheiros públicos através do Ministério da Cultura e do Turismo de Portugal quer com dinheiros privados através do Millennium BCP (é com o dinheiro dos clientes, que também foi dado ao filho do fundador) e da Portugal Telecom"......
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"A Inglaterra, que é mais rica do que nós, acaba de anunciar, por falta de dinheiro, o fecho do pólo do Hermitage em Londres"......"- Quando os russos virem a exposição vão ficar muito satisfeitos com o carácter verdadeiramente espampanante que ela vai têr -, disse ao Expresso Fernando Baptista Pereira, o comissário local. Eu irei ver, até porque estou curioso por saber como é mostrada a presença lusa na corte dos czares (Ribeiro Sanches foi médico de Catarina II em São Petersburgo), mas não sei se vou ficar satisfeito.
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Espampanante? O novo-riquismo sempre foi saloio.
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in: jornal público de 26.10.2007 (link não disponivel)
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A partir de 2000, o Ermitage passou a investir numa mais ampla divulgação das suas colecções, por via da cooperação e instalação de pólos no exterior: Londres (Somerset House, nesse mesmo ano); Las Vegas (Centro de Exposições Ermitage-Guggenheim, em 2001); Amsterdão (em 2004). Nessa política de abertura ao exterior cabe também a versão virtual do museu, à distância de um clic em qualquer parte do mundo: grande parte desse trabalho pode ser consultado no seu site oficial, em http://www.hermitagemuseum.org/.
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NOTA - Uma pergunta inocente: Depois da Revolução de Outubro e até à implosão da URSS não houve manifestações artísticas? E a Rússia dos czares e dos servos da gleba, da repressão feroz sobre os famélicos e os adeptos da «democratização e da justiça social, a Rúsissia czarista da fome e da miséria teria asssento na actual e «democrática» »União Europeia»» (VN)

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