Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MPB completa 20 anos sem Luiz Gonzaga (1913-1989


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Neste domingo, completa-se 20 anos que sua sanfona de 120 baixos parou de funcionar. Luiz Gonzaga morreu às 5h20 de 2 de agosto de 1989, no Recife, vítima das complicações de um câncer na próstata. O cantor tinha 76 anos e mesmo doente ainda gravou três discos naquele ano e fez seu último show pouco tempo antes da morte. Compositor de talento, o sanfoneiro ganhou o título de "Rei do Baião", reinventando o gênero e divulgando a cultura nordestina. Seu legado é presente até hoje em vários artistas.
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Luiz Gonzaga, o rei do baião (1912-1989)
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“Um dia uma pessoa saiu do seu canto, lá na serra do Araripe (...), atravessou a Rio-Bahia e chegou ao Rio de Janeiro. E com sua sanfona, através do seu suor e do seu trabalho, conquistou essa cidade. Mais tarde conquistou também São Paulo e todo Brasil. Hoje ele ainda é a mesma voz que representa o povo brasileiro naquilo do que é mais puro. Mais do que nunca ele continua cantando o Nordeste ainda marginalizado, esquecido, pisado na nossa realidade brutal. Mesmo assim, com sua alegria, com sua festa, com sua força em todos os cantos”.

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O discurso feito por Gonzaguinha, no emblemático show Vida de Viajante gravado em 1981 resume bem o legado de Luiz Gonzaga no imaginário popular. “Rei do Baião”, “Mestre Lua” e “Gonzagão”, são algumas das alcunhas do cantor que foi um dos primeiros grandes sucessos midiáticos da MPB que se tem notícia.

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Neste domingo, completa-se 20 anos que sua sanfona de 120 baixos parou de funcionar. Luiz Gonzaga morreu às 5h20 de 2 de agosto de 1989, no Recife, vítima das complicações de um câncer na próstata. O cantor tinha 76 anos e mesmo doente ainda gravou três discos naquele ano e fez seu último show pouco tempo antes da morte.


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Por causa do artista, a sanfona, um instrumento de origem europeia, virou símbolo da cultura nordestina. Gonzagão ainda foi referência para inúmeros artistas que desembarcaram no Sul. Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Fagner... para não falar em Dominguinhos e Elba Ramalho. Todos louvam o Rei do Baião.

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Fagner fala sobre Luiz Gonzaga:
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Luiz Gonzaga nasceu no Exu, cidade do sertão pernambucano, quase na divisa com o Ceará. Filho de sanfoneiro, desde pequeno se destacou com o instrumento, animando bailes e festejos juninos na região. Após passar nove anos no Exército como cabo corneteiro, começou carreira artística tocando na zona boêmia do Rio de Janeiro.
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Pouca gente sabe, mas o cantor responsável por divulgar a cultura nordestina no Sudeste começou por outro lado. No início de carreira, Gonzaga tocava polcas, mazurcas, valsas e o foxtrot, numa época de profunda influência da música americana. Além disso, era impedido pela gravadora, a RCA, de cantar.

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Escute “Vira e Mexe”, de 1941:

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Após uma canção de Gonzaga fazer sucesso na voz de outro artista, a empresa percebeu o erro. O artista também passou a assumir um figurino misto de vaqueiro com cangaceiro. Em 1946 lançou “No meu pé de serra”: sucesso imediato.

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No ano seguinte veio a consagração. A canção “Asa Branca”, feita em parceria com o médico cearense Humberto Teixeira, estourou nas paradas e o cantor passou a ser reconhecido nacionalmente.

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O clássico “Asa Branca”, de 1947, gravação original:



O Cruzeiro/Arquivo Estado de Minas - 24/09/1964

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“Luiz Gonzaga tinha um virtuosismo na sanfona e qualidades fora do comum como cantor e compositor. Ele adotou o fole de 120 baixos, atualizou o instrumento e criou uma linguagem muito avançada, dentro do gênero do baião”, aponta Carlos Ernest Dias, professor de Música Popular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Queda e renascimento


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O Mestre Lua seguiu emplacando um sucesso atrás do outro, tornando-se uma das lendas de sua época. No entanto, o movimento da Bossa Nova começou a tomar conta da mídia, com uma proposta de música mais atraente ao público do meio urbano. Gonzaga não tinha mais o mesmo espaço na crítica, mas sua coroa já estava colocada: virou ídolo dos nordestinos e continuou seu caminho de sucesso, ainda que longe dos grandes centros.

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“De modo geral, as pessoas conhecem de pouco da sua obra, mas ele traz todo esse imaginário do sertão que é muito presente na cultura e na literatura. Essa ‘saudade da roça’, além de ser referência musical, leva as pessoas a pensar na vida e no passado”, define Ernest.

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O cantor ainda teve muitos renascimentos ao longo da carreira e volta e meia voltava à mídia. Gilberto Gil foi um dos responsáveis, quando no auge do Tropicalismo, declarou que uma de suas principais influências era Luiz Gonzaga. Caetano Veloso também exaltou o sanfoneiro e chegou a gravar algumas de suas canções.

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Em outra oportunidade, o produtor Carlos Imperial espalhou a notícia que os Beatles iriam gravar “Asa Branca”. Era mentira, mas o artista voltou às manchetes.

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Na década de 80, foi a vez de Gonzaguinha, já famoso por seu próprio talento, levantar o Velho Lua. Pai e filho fizeram shows memoráveis pelo país, superando a conturbada relação que eles tinham até então.

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Escute “Vida de Viajante”, com Gonzagão e Gonzaguinha:

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Por várias vezes Gonzaga anunciou aposentadoria, mas sempre continuava a tocar. Comprou uma chácara em sua cidade natal, o Parque Asa Branca, e mudou-se do Rio de Janeiro, onde morava desde 1939. Ele próprio idealizou o museu, inaugurado por Gonzaguinha, em 13 de dezembro de 1989, quando o Lua completaria 77 anos. Seu corpo foi levado para lá, em um mausoléu no jardim.

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Para saber mais:

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http://www.luizluagonzaga.com.br
http://www.gonzagao.com.br
http://www.recife.pe.gov.br/mlg/gui/Index.php
http://www.reidobaiao.com.br

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in Vermelho -
2 DE AGOSTO DE 2009 - 12h16
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