Cultura
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Diplomata, político, escritor, orador, poeta e memorialista, o pernambucano Joaquim Nabuco completaria 160 anos no dia 19 de agosto de 2009. Para celebrar a data, uma exposição estará em cartaz no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, de 20 de agosto a 4 de outubro.
Joaquim Nabuco com o fardão de Embaixador da República
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A mostra "Joaquim Nabuco: Brasileiro, Cidadão do Mundo" faz uma retrospectiva da vida de um dos maiores abolicionistas brasileiros, cuja obra exerceu influência em intelectuais do porte de Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Hollanda, e traz à reflexão temas relevantes para a história do Brasil, como o liberalismo político, a história do Segundo Reinado e acontecimentos marcantes da vida diplomática do país.
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A exposição - com curadoria de Helena Severo e patrocínio da Icatu Holding e da CNI/Confederação Nacional da Indústria - está dividida em três módulos que, em ordem cronológica, narram a trajetória de Joaquim Nabuco: "A Infância e A Formação"; "O Abolicionista e o Pensador" e "O Diplomata e Cidadão do Mundo".
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Especialistas nas diversas fases da vida do homenageado assinam os textos, como o sociólogo Francisco Weffort, o jurista e diplomata Rubens Ricúpero e representantes da Fundação Joaquim Nabuco.
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Com cenografia de Chicô Gouveia e animação do multimídia Marcello Dantas, a exposição apresenta objetos de uso pessoal de Nabuco, livros com dedicatórias, correspondências trocadas com figuras ilustres, como Machado de Assis, mobiliário e a réplica do Teatro Santa Isabel, no Recife, onde Nabuco costumava fazer seus pronunciamentos.
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Documento importante como o original da "Lei Áurea", assinada pela Princesa Isabel, assim como o estojo "Lembranças da Abolição", com a caneta que provavelmente foi utilizada pela Princesa no ato da assinatura da lei, integram a exposição.
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Após o Rio de Janeiro, a exposição será apresentada em 2010, ano do centenário da morte de Nabuco, em Brasília e Recife.
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Mais homenagens
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A exposição é o ponto de partida de uma série de eventos e lançamentos motivados por outra data: o centenário de morte de Nabuco, em 17 de janeiro de 2010. Em comum entre as iniciativas, a busca de dar conta dos vários adjetivos que Nabuco recebeu ao longo da vida.
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"Nabuco são muitos", resume a cientista política Helena Severo. Um dos tantos é o político que, quatro vezes eleito deputado, tinha uma visão "universalista", como ressalta o historiador José Murilo de Carvalho. A liberdade dos escravos, sua maior bandeira, não poderia ser contestada em nome da suposta soberania do país.
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"Ele não aceitava os protestos dos escravistas brasileiros contra a interferência britânica pela abolição. Não podemos ser nacionais, autenticamente brasileiros, se não incorporarmos valores da civilização", afirma Carvalho.
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Para Nabuco, não bastava o fim da escravidão. "Era só o início do processo. Havia toda a tarefa de incorporar os escravos libertos na comunidade", diz o historiador. Seria uma tarefa de cem anos, especulava Nabuco, mas o tempo já se passou e ela não foi concluída.
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A sua frase mais famosa ajuda a explicar tamanha demora: "A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil". Se um recém-liberto comprava um escravo para si, é porque já estava enraizada na cultura nacional uma certa "fraqueza do sentimento do direito civil", como diz Carvalho. Ou seja, a liberdade individual está acima do bem público, princípio perverso que a classe política brasileira comprova dia a dia.
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"Prefiram uma carreira obscura de trabalho honesto a acumular riqueza fazendo ouro dos sofrimentos inexprimíveis de outros homens", escreveu ele, crítico da "classe única" que dirigia o país "só se preocupando dos seus interesses de classe, de manter o jugo férreo dos seus monopólios desumanos e atentatórios da civilização universal". E recomendava: "A missão do governo é fazer por política o que a revolução faria pela força".
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"Quando é vista como perversa, desviante e desnecessária, há um grande risco para a democracia", diz Helena Severo, ressaltando a importância de Nabuco nos dias de hoje.
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A Academia Brasileira de Letras, da qual Nabuco foi fundador e o primeiro secretário-geral, prevê para 2010 um ciclo de conferências, uma página específica na internet e publicações, como conta o acadêmico Marcos Vilaça, pernambucano como o homenageado. Ele também conversa com o MEC e o Congresso sobre reedições populares dos três principais livros de Nabuco: "O Abolicionismo", "Um Estadista do Império", e "Minha Formação".
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A socióloga Angela Alonso, autora do livro sobre Nabuco da coleção "Perfis Brasileiros", da Companhia das Letras, está organizando com Kenneth David Jackson, da Universidade Yale, o dossiê "Nabuco e a República", com textos de especialistas de vários países.
"Joaquim Nabuco: Conferências", que a editora Bem-Te-Vi lança até o início do próximo ano, também reúne autores de diversas origens, em conferências feitas em Yale (em 2008) e Wisconsin (2009).
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O lado sedutor de Nabuco, que lhe valeu na juventude o apelido de "Quincas, o Belo", está mais claro em "Os Mundos de Eufrásia", biografia romanceada de Eufrásia Teixeira Leite, grande amor com quem Nabuco teve idas e vindas mas não se casou, escrita por Claudia Lage e já lançada pela Record.
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Fonte: Folha de S.Paulo e Museu Histórico Nacional
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A mostra "Joaquim Nabuco: Brasileiro, Cidadão do Mundo" faz uma retrospectiva da vida de um dos maiores abolicionistas brasileiros, cuja obra exerceu influência em intelectuais do porte de Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Hollanda, e traz à reflexão temas relevantes para a história do Brasil, como o liberalismo político, a história do Segundo Reinado e acontecimentos marcantes da vida diplomática do país.
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A exposição - com curadoria de Helena Severo e patrocínio da Icatu Holding e da CNI/Confederação Nacional da Indústria - está dividida em três módulos que, em ordem cronológica, narram a trajetória de Joaquim Nabuco: "A Infância e A Formação"; "O Abolicionista e o Pensador" e "O Diplomata e Cidadão do Mundo".
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Especialistas nas diversas fases da vida do homenageado assinam os textos, como o sociólogo Francisco Weffort, o jurista e diplomata Rubens Ricúpero e representantes da Fundação Joaquim Nabuco.
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Com cenografia de Chicô Gouveia e animação do multimídia Marcello Dantas, a exposição apresenta objetos de uso pessoal de Nabuco, livros com dedicatórias, correspondências trocadas com figuras ilustres, como Machado de Assis, mobiliário e a réplica do Teatro Santa Isabel, no Recife, onde Nabuco costumava fazer seus pronunciamentos.
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Documento importante como o original da "Lei Áurea", assinada pela Princesa Isabel, assim como o estojo "Lembranças da Abolição", com a caneta que provavelmente foi utilizada pela Princesa no ato da assinatura da lei, integram a exposição.
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Após o Rio de Janeiro, a exposição será apresentada em 2010, ano do centenário da morte de Nabuco, em Brasília e Recife.
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Mais homenagens
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A exposição é o ponto de partida de uma série de eventos e lançamentos motivados por outra data: o centenário de morte de Nabuco, em 17 de janeiro de 2010. Em comum entre as iniciativas, a busca de dar conta dos vários adjetivos que Nabuco recebeu ao longo da vida.
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"Nabuco são muitos", resume a cientista política Helena Severo. Um dos tantos é o político que, quatro vezes eleito deputado, tinha uma visão "universalista", como ressalta o historiador José Murilo de Carvalho. A liberdade dos escravos, sua maior bandeira, não poderia ser contestada em nome da suposta soberania do país.
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"Ele não aceitava os protestos dos escravistas brasileiros contra a interferência britânica pela abolição. Não podemos ser nacionais, autenticamente brasileiros, se não incorporarmos valores da civilização", afirma Carvalho.
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Para Nabuco, não bastava o fim da escravidão. "Era só o início do processo. Havia toda a tarefa de incorporar os escravos libertos na comunidade", diz o historiador. Seria uma tarefa de cem anos, especulava Nabuco, mas o tempo já se passou e ela não foi concluída.
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A sua frase mais famosa ajuda a explicar tamanha demora: "A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil". Se um recém-liberto comprava um escravo para si, é porque já estava enraizada na cultura nacional uma certa "fraqueza do sentimento do direito civil", como diz Carvalho. Ou seja, a liberdade individual está acima do bem público, princípio perverso que a classe política brasileira comprova dia a dia.
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"Prefiram uma carreira obscura de trabalho honesto a acumular riqueza fazendo ouro dos sofrimentos inexprimíveis de outros homens", escreveu ele, crítico da "classe única" que dirigia o país "só se preocupando dos seus interesses de classe, de manter o jugo férreo dos seus monopólios desumanos e atentatórios da civilização universal". E recomendava: "A missão do governo é fazer por política o que a revolução faria pela força".
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"Quando é vista como perversa, desviante e desnecessária, há um grande risco para a democracia", diz Helena Severo, ressaltando a importância de Nabuco nos dias de hoje.
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A Academia Brasileira de Letras, da qual Nabuco foi fundador e o primeiro secretário-geral, prevê para 2010 um ciclo de conferências, uma página específica na internet e publicações, como conta o acadêmico Marcos Vilaça, pernambucano como o homenageado. Ele também conversa com o MEC e o Congresso sobre reedições populares dos três principais livros de Nabuco: "O Abolicionismo", "Um Estadista do Império", e "Minha Formação".
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A socióloga Angela Alonso, autora do livro sobre Nabuco da coleção "Perfis Brasileiros", da Companhia das Letras, está organizando com Kenneth David Jackson, da Universidade Yale, o dossiê "Nabuco e a República", com textos de especialistas de vários países.
"Joaquim Nabuco: Conferências", que a editora Bem-Te-Vi lança até o início do próximo ano, também reúne autores de diversas origens, em conferências feitas em Yale (em 2008) e Wisconsin (2009).
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O lado sedutor de Nabuco, que lhe valeu na juventude o apelido de "Quincas, o Belo", está mais claro em "Os Mundos de Eufrásia", biografia romanceada de Eufrásia Teixeira Leite, grande amor com quem Nabuco teve idas e vindas mas não se casou, escrita por Claudia Lage e já lançada pela Record.
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Fonte: Folha de S.Paulo e Museu Histórico Nacional
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