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Um estudo divulgado pela publicação científica especializada Current Biology demonstrou que gralhas-calvas Corvus frugilegus - pássaros da família dos corvídeos, que também inclui os corvos - podem usar objetos para solucionar problemas, como foi visto na fábula O Corvo e o Jarro, de Esopo.
A história fala de um corvo que joga pedras dentro de uma jarra para aumentar o nível da água no objeto e poder bebê-la.
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Para testar se a fábula poderia ocorrer de verdade, uma equipe de cientistas das Universidades de Cambridge e Queen Mary, Universidade de Londres (QMUL), na Inglaterra, apresentou um cenário semelhante ao da história a quatro gralhas-calvas, para ver como elas reagiam.
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Foi apresentado aos pássaros um tubo transparente contendo pequena quantidade de água. Boiando sobre a água estava uma minhoca, fora do alcance das gralhas, e uma pilha de pedras semelhantes em tamanho foi colocada ao lado.
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"As gralhas tinham que colocar várias pedras no tubo até que as minhocas flutuassem no alto", disse Nathan Emery, coautor do estudo, da QMUL.
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Os quatro pássaros cumpriram a tarefa. Dois deles, Cook e Fry, elevaram o nível da água a uma altura suficiente para alcançar a minhoca logo na primeira tentativa, enquanto os outros dois, Connelly e Monroe foram bem sucedidos na segunda tentativa.
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Filmagens da experiência mostram as gralhas-calvas analisando o nível de altura da água e examinando o tubo de cima e dos lados, antes de recolher as pedras e deixá-las cair na água.
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Os pássaros foram extremamente precisos, usando o número exato de pedras necessário para elevar a água a um nível que permitisse que eles alcançassem a minhoca.
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Em uma variação do estudo, da mesma equipe, foi apresentada às gralhas uma combinação de pedras grandes e pequenas.
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Neste caso, disse Emery, os pássaros optaram por usar as pedras grandes para elevar o nível da água mais rapidamente.
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"Elas estão sendo o mais eficiente possível", disse ele.
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Os pesquisadores disseram que suas conclusões sugerem que a fábula de Esopo pode ter sido baseada em fatos. "No folclore, é difícil saber com precisão a qual corvídeo ele se referia", afirmam os cientistas.
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"Assim sendo, o corvo de Esopo pode, facilmente, ter sido uma gralha-calva".
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Há poucos meses, a mesma equipe de cientistas revelou que as gralhas-calvas são capazes de usar diferentes ferramentas para solucionar uma série de problemas complexos.
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"Eu costumava dizer, talvez dois, três anos atrás, que as gralhas-calvas me surpreendiam", disse Emery.
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"Mas hoje em dia, já fizemos descobertas tão impressionantes que as gralhas-calvas já não me surpreendem muito mais. Você quase que espera que elas façam o que for mais inteligente".
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Os únicos outros animais já observados solucionando problemas como os corvos de Esopo foram os orangotangos.
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"Os corvídeos são marcadamente inteligentes", disse Christopher Bird, coautor do estudo. "De muitas maneiras, eles se comparam aos grandes primatas em sua inteligência física e capacidade de resolver problemas".
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Um outro estudo da Universidade de Oxford, publicado nesta semana na revista Plos One, demonstrou que os corvos da Nova Caledônia podem usar três ferramentas, sucessivamente, para alcançar o alimento.
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Esses corvos, que vivem na ilha de Nova Caledônia, no Pacífico, já haviam sido observados usando galhos como ferramentas para retirar vermes de buracos e fendas, em seu habitat natural.
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Mas este estudo vai além da capacidade de usar as ferramentas. Os cientistas apresentaram vários tubos diferentes para corvos em cativeiro. Um deles continha um alimento fora do alcance. Os outros continham ferramentas de longo e médio comprimento, mas estas também estavam fora do alcance dos pássaros. Uma ferramenta curta foi colocada ao lado.
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Os pesquisadores observaram que os corvos usaram a ferramenta curta para alcançar a ferramenta de médio alcance, e a ferramenta de médio alcance para alcançar a ferramenta de longo alcance, que ao final foi usada para chegar até o alimento.
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Quatro dos sete pássaros testados usaram as ferramentas na ordem correta, disseram os cientistas.
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"A essência deste estudo é tentar entender os processos mentais usado pelos animais para atingir seus objetivos", disse um dos autores, Alex Kacelnik, do Grupo de Comportamento Ecológico da Universidade de Oxford.
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Segundo ele, a complexidade da tarefa faz com que seja improvável que os corvos tenham tentado solucioná-la usando o método de tentativa e erro.
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"Nós estamos cientes de que os animais provavelmente cumpriram a tarefa usando junto, de maneira criativa, coisas que eles aprenderam individualmente", disse Kacelnik.
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Os pesquisadores acreditam que um ancestral dos corvídeos pode ter evoluído a capacidade de usar ferramentas, e que todos os integrantes da família de pássaros podem ter esta habilidade inapta.
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Mas apenas os corvos da Nova Caledônia fazem uso desta habilidade em seu ambiente natural, dizem os cientistas, provavelmente por causa de pressões ecológicas.
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