Discurso de Lula da Silva (excerto)

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Mais de 40 anos depois de My Lai...

Colunas

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Vermelho - 25 de Agosto de 2009 - 0h02

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Pedro de Oliveira *
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... o ex-oficial do Exército dos Estados Unidos “ tenente Willian Calley “ exprimiu seu remorso por ter capitaneado o crime que ficou conhecido mundialmente como o “Massacre de My Lai”. Calley já havia sido reconhecido culpado por uma Corte marcial pelo massacre perpetrado em 1968, durante a guerra do Vietnã.

This was a village a few miles from My Lai
MAGNUM/Philip Jones Griffiths
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"Estou profundamente desolado”, disse o soldado semana passada, “pelos vietnamitas que foram mortos, por suas famílias, pelos soldados americanos implicados no episódio e por suas famílias”. Neste acontecimento de 16 de março de 1968, que somente foi divulgado em novembro de 1969 “ e que mereceu o repúdio e a indignação do mundo inteiro “ foram mortos de 374 a 504 idosos, mulheres e crianças desarmadas por um batalhão americano dirigido pelo tenente Willian Calley, após receber ordens para arrasar o vilarejo que supostamente estaria repleto de vietcongs. O balanço dos mortos no massacre, feito pelo comando do Exército dos EUA, é controverso. Mas o tenente Calley foi julgado culpado e condenado à prisão perpétua, assim como seu comandante imediatamente superior, o capitão Ernest Medina.
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Calley foi anistiado e libertado três anos depois por intervenção direta do ex-presidente Richard Nixon, que por sua vez acabou renunciando à presidência dos Estados Unidos, acusado de violação da lei no caso Watergate. O comandante Medina foi solto em 1971.
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De fato, cerca de três milhões e 140 mil soldados americanos serviram o Exército dos Estados Unidos no Vietnã (dos quais 7200 mulheres) durante a guerra. Oficialmente, 58 mil e 183 americanos (dos quais oito mulheres) foram mortos em ação ou estão listados como desaparecidos. Estas baixas foram o dobro dos que morreram na guerra da Coréia, quando os EUA invadiram o paralelo 38 e tentaram arrasar a Coréia do Norte. O Pentágono calcula que durante a guerra foram perdidos 3689 aviões e 4857 helicópteros, além de terem sido utilizados 15 milhões de toneladas de munições diversas, inclusive o gás Napalm. O custo oficial da guerra foi de US$ 165 bilhões, apesar de que o custo econômico real foi pelo menos o dobro deste valor. Apenas para efeito de comparação, a guerra da Coréia custou para os EUA 18 bilhões de dólares. Hoje, a guerra do Iraque é calculada por especialistas norte-americanos respeitados como Joseph Stiglitz em mais de três trilhões de dólares.
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Até o final de 1973, 223 mil e 748 soldados sul-vietnamitas haviam sido mortos em ação; as baixas do Exército do Vietnã do Norte e dos chamados vietcongs chegaram a um milhão de soldados. Aproximadamente quatro milhões de civis vietnamitas foram mortos na guerra de agressão, o que representou na época 10% da população do país, muitos deles morreram fruto dos bombardeios indiscriminados a várias cidades importantes do norte do Vietnã. Mais de dois mil e 200 norte-americanos estão nas listas de desaparecidos, assim como cerca de 300 mil vietnamitas. É neste contexto que o sentimento de remorso do soldado Calley, e o reconhecimento dos erros cometidos pelos EUA publicado pelo ex-secretário de Estado norte-americano recentemente falecido nos EUA, Robert McNamara, devem ser encarados como ações organizadas pelo imperialismo para tentar submeter os povos e nações à sua lógica de conquista e assalto às riquezas de outros países para dar sobrevida ao capitalismo em decadência como formação social.

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* Jornalista e membro do Conselho Editorial da revista Princípios e do Portal Vermelho

* Opiniões aqui expressas não refletem necessáriamente as opiniões do site.
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