Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

FUGAS: Moinhos, eles estão no meio de nós

 

[Check-in: Senhora Ana e D. Quixote]
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Moinhos
Vêmo-los como símbolos românticos do passado, por oposição ao pragmatismo funcional do presente. Mas os moinhos são engenharia humana do mais alto nível e as novas realidades energéticas colocam-nos, outra vez, na vanguarda da tecnologia. Deixámo-nos levar numa viagem de ida e volta no tempo, ao ritmo dos mecanismos que encontrámos de Norte a Sul do país.




sexta-feira, 2 de Abril de 2010


FUGAS - Check-in: Senhora Ana e D. Quixote

Não ficava muito longe da casa onde passei a minha infância — era até bem perto, mas o acesso pouco recomendado a crianças que nunca viam perigo em nada. Descia-se pelo pinhal acidentado, sempre a travar com os pés e a afastar o mato que picava pernas, braços e caras e quando aparecia o riacho já conseguíamos vê-lo. O moinho “da senhora Ana moleira”.
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A minha avó Felismina ia lá muitas vezes, moer o milho que depois seria a farinha com que fazia aquela broa deliciosa que durava de uma semana para a outra. Volta e meia levava-me com ela e aquilo era uma festa. Nós vivíamos numa aldeia-aldeia, mas aquele moinho, que afinal ficava pertíssimo da minha casa, dava-me a sensação de estarmos numa espécie de refúgio do mundo. Ainda hoje conservo algumas imagens daquele cenário de pedra, onde a senhora Ana moleira vivia com a filha, o genro e dois netos.
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Tudo isto para dizer que os moinhos fazem parte do meu imaginário infantil — claro que a saga de D. Quixote, na altura em versão desenhos animados, também ajudou à festa. E, pelos vistos, fazem parte do imaginário de muito boa gente. Veja-se o caso de Jorge Miranda, que, apesar de olhar para os moinhos muito para além do saudosismo com que eu olho, ajudou a reactivar a presença portuguesa na rede internacional de moinhos e deu um impulso notável à recuperação de muitos deles.
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Nós por cá olhámos para o calendário e percebemos que na próxima quarta-feira se comemora o Dia Nacional dos Moinhos. Vai daí, contactámos Jorge Miranda e fomos para o terreno em busca de alguns dos melhores exemplares que temos no país. E não, eles não estão apenas no campo, estão literalmente no meio de nós – na aldeia de Aboim, em Fafe, ou na zona industrial da Venteira, na Amadora.
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Aproveitando a boleia do Dia Nacional dos Moinhos, algumas câmaras municipais decidiram abri-los, no próprio dia ou no fim-de-semana seguinte. Mais de 150 poderão ser visitados. Aceite a sugestão, vai ver que não se arrepende. Pela parte que me toca, juro que vou ver o que é feito do moinho da senhora Ana moleira.
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