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por Eron Bezerra*
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Num auditório bastante concorrido, com uma platéia igualmente diversificada, cada expositor se empenhou em tratar a complexidade amazônica sob a ótica proposta.
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Hugo Valadares enfatizou a importância de se conhecer a Amazônia e, ao mesmo tempo, registrou o profundo desconhecimento da região pela maioria da sociedade brasileira, até mesmo no ambiente acadêmico em que freqüenta.
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Enio Candoti destacou a necessidade de se considerar e respeitar a cultura milenar de que são detentores os povos da Amazônia. Destacou, como reforço de seu argumento, a recente descoberta arqueológica que identificou restos humanos de mais de 9 mil anos na região. O que significa, segundo sua sustentação, de que a Amazônia é possuidora de uma civilização milenar, o que até hoje não era ou é reconhecido.
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De minha parte, voltei a insistir naquilo que considero a essência de qualquer debate sobre a Amazônia: reafirmação da soberania nacional sobre a mesma e a correta compreensão das correntes que a polemizam e as suas motivações ideológicas. Ressaltei o papel da ciência e do conhecimento tradicional como forma de ocupá-la adequadamente, partindo da premissa de que não é possível imaginar a região como santuário e nem tampouco adotando um processo produtivo nos moldes tradicionais das demais regiões do país e de boa parte da própria Amazônia.
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Cada um, a seu modo, fez um grande esforço e deu sua contribuição.
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Thiago de Melo foi além. Ouviu com extraordinária atenção a todos os demais expositores, reforçando aqui e ali alguma observação que considerava pertinente. Na sua intervenção propriamente dita começou chamando a atenção da necessidade da academia e dos intelectuais falarem de forma mais compreensiva para o povo, denunciando – mesmo que não fosse essa a sua intenção – o enorme elitismo que tem caracterizado a produção acadêmica em nosso país e, certamente, no mundo.
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Em seguida, como que para demonstrar de forma didática como se faz isso, recitou um poema de sua autoria – não sem antes solicitar que se retirasse da sala os que eventualmente não podiam se concentrar, pois a poesia exige silêncio e atenção.
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Após o belo poema, discorreu sobre a sua vivência na Amazônia, seus encantos e as dificuldades por que passam os povos da Amazônia. Denunciou a ausência do estado, enquanto poder público, especialmente nos anos de política neoliberal.
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Mas, disse em tom de desabafo, é preciso continuar lutando, buscando um novo rumo. E por isso “continuo socialista e, apesar de eventuais reparos, tenho em Cuba uma referência daquilo que considero mais justo para a humanidade”.
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Não precisava dizer mais nada. O auditório quase veio abaixo. Sinal dos tempos.
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*Eron Bezerra, Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
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in Vermelho - 21 DE JULHO DE 2009 - 19h12
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