Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 26 de julho de 2009

Crispiniano Neto - Livro de poeta potiguar compila 111 cordéis sobre Lula





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A literatura popular do Nordeste conta história. Depois de nomes como Luís da Câmara Cascudo, Lampião, Frei Damião, Tancredo Neves, Getúlio Vargas e tantos outros estamparem livros com poemas de literatura de cordel, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganha espaço na segunda edição de uma obra que reúne cordéis sobre a história política do Brasil nos últimos 30 anos.
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Crispiniano Neto é autor de 59 cordéis da antologia



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O cordelista potiguar Crispiniano Neto é o responsável por Lula na Literatura de Cordel (Editora Imeph) — uma antologia com 59 poemas de sua autoria e mais 52 de cordelistas de todo o país. “Contra ou a favor, sempre os poetas se pronunciam”, resume o autor do livro, que será lançado no Ideal Clube de Fortaleza (CE), nesta sexta-feira, às 19 horas.
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Longe da burocracia que rege seus dias na presidência da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto acha tempo para respirar entre os versos do cordel, retratando a vida e a política de uma maneira mais leve e poética. Foi nestas folhas abrigando mundos que o poeta registrou a trajetória de Lula.
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Para liderar um projeto como este, não há dúvidas de Crispiniano tinha crédito de sobra. Na juventude, sua trajetória revelou intensa sensibilidade. Líder estudantil, foi fundador e diretor de informativos, grêmios, entidades comunitárias e culturais. Marcou presença nos mesmos movimentos sociais em que Lula esteve na época da campanha dos metalúrgicos do ABC na década de 1980.
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Crispiniano virou cordelista e jornalista. Tornou-se membro da ABLC (Associação Brasileira de Literatura de Cordel), ocupando a cadeira de número 26, cujo patrono é Câmara Cascudo. Em sua posse, entregou em mãos ao presidente o exemplar número 1 de Lula na Literatura de Cordel. “O companheiro Crispiniano fez por merecer esta honra, escrevendo ao longo da vida mais de 150 folhetos de cordel, sempre engajado na luta pela preservação desta arte popular brasileira”, disse Lula no momento da posse.
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Os trabalhadores em evidência
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Ao longo do tempo, Crispiniano transformou a angústia dos trabalhadores em poesia e concebeu folhetos de cordéis que eram recitados durante as manifestações. “A minha inspiração surgia depois de conversar com trabalhadores das fábricas. Eles contavam seus problemas, e eu transformava um pouco do histórico das fábricas em cordel”, relata o poeta. “O livro é fruto disso. Eu já tinha vários poemas meus com Lula, e a ideia era fazer um livro com este tema.”
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Lula na Literatura de Cordel é, de fato, sua iniciativa de maior repercussão. Em apenas noves meses, o autor conseguiu aumentar o livro de 308 para 528 páginas, “mesmo tendo ainda deixado muito poemas de fora, por falta de estrutura para coletar todos os que estão aparecendo”. Além dos cordéis, Crispiniano utiliza glossários que contextualizam termos do gênero, situando-os no tempo e no espaço, além de esclarecer os aspectos semânticos das palavras.
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Na introdução, o autor apresenta o que chama de “paracordel”. É o fenômeno no qual poetas “que não são cordelistas originais” falam a linguagem do povo — uns com o objetivo de elogiar ou criticar o presidente, outros agredindo as regras da literatura de cordel e produzindo “monstrengos antipoéticos, sem estética e sem ética”. Com relação a estes, Crispiniano não se esquiva: acredita que muitos dos que criticam Lula estão nesse campo.
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Divididos em 12 capítulos, os cordéis percorrem episódios que antecedem a chegada de Lula ao movimento sindical, passando pelas greves do ABC Paulista, até aqueles que enaltecem a figura do nordestino, que com determinação assumiu o posto de presidente da República de seu país. Nesse momento, fala de uma mudança significativa da literatura de cordel — que passou de um veículo de paz, tradição e informação para dar lugar a reivindicações de cunho social e político.
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Já nos primeiros versos é o talento de Patativa do Assaré que anuncia: “Quero paz e liberdade,/ Sossego e fraternidade/ Na nossa pátria natal./ Desde a cidade ao deserto,/ Quero o operário liberto/ Da exploração patronal”. Ao final, ainda reúne discursos e comentários sobre a obra, com direito à fala de Lula, durante a posse de Crispiniano na ABLC.
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O cordel de volta ao povo
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Para Crispiniano, o essencial do seu livro é o registro de toda uma mudança de mentalidade que houve no cordel. “Me perguntava sempre quando lia os cordéis mais antigos: se a poesia de cordel é popular, por que estar ao lado da elite? Então começamos pregando a mudança, o fim da ditadura, a reforma agrária, a anistia no formato dos folhetos.”
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Os avanços, segundo ele, são inegáveis. “Antes a literatura de cordel abrigava um discurso mais elitista”, diz. “Depois de Patativa do Assaré, os poemas passaram a ser elaborados com uma força política maior. Isso aconteceu, acredito, devido à abertura política para a esquerda. Patativa é um ícone dessa época por desenvolver um discurso politizado pela esquerda, e minha geração vem a partir disso.”
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Da redação, com agências
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in Vermelho - 24 DE JULHO DE 2009 - 18h08

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