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Nesta semana, Lionel Barber, editor do jornal inglês Financial Times, participou do evento Media Standards Trust, na Academia Britânica, e deu pistas do que os conglomerados de mídia farão para manter seus lucros. Segundo ele, a maior parte das empresas jornalísticas cobrará por seu conteúdo na internet em menos de um ano.
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“Ainda não dá para saber como esses modelos de pagamento online vão funcionar e quanto de receita eles podem gerar. Mas prevejo confiantemente que, nos próximos 12 meses, quase todas as organizações noticiosas estarão cobrando por conteúdo", discursou Barber.
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O FT.com, site do Financial Times, tem mais de 1,3 milhão de usuários registrados, que consultam notícias de graça. Só 110 mil usuários pagam. O site deixa os não-registrados lerem três notícias por mês de graça, enquanto os registrados têm direito a dez. Para ter acesso ilimitado, é preciso pagar.
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Segundo Barber, o Financial Times foi pioneiro no conceito de “modelo de frequência”, dando acesso a um número limitado de notícias na rede, antes de pedir aos usuários para se tornarem assinantes. “Os jornais especializados como o nosso correm com vantagem, já que nossas notícias muitas vezes não se encontram em outros meios. É preciso ser diferente dos demais", disse Barber. "Muita gente acredita que a internet está acabando com o jornalismo — mas eu a vejo como uma oportunidade de fazer as coisas melhor", agregou.
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A cobrança por conteúdo online já era defendida publicamente por Rupert Murdoch, um dos maiores magnatas da mídia de todos os tempos. Em maio, Murdoch afirmou que planeja estender o modelo de cobrança do Wall Street Journal para os outros jornais que controla. Os sites gratuitos de jornais, segundo ele, constituem um modelo de negócios "falho".
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Para Barber, a cobrança por conteúdo se tornou uma medida urgente. "Estamos conseguindo receitas sustentáveis e crescentes, como resultado de nossa estratégia de cobrar por conteúdo global de nicho e de qualidade — o que é essencial em um momento de publicidade mais fraca", disse o editor. O novo mundo digital, a seu ver, representa “uma ameaça — mas também uma oportunidade enorme para organizações noticiosas estabelecidas".
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O caso do NYT
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Também o americano The New York Times planeja começar a cobrar pelo seu conteúdo nas próximas semanas. Depois de fazer uma pesquisa com seus leitores, o jornal chegou à conclusão de que poderia cobrar até US$ 60 por ano. Já houve uma tentativa do New York Times de cobrar pelo acesso ao arquivo e às colunas de opinião, em 2007. O jornal conseguiu cerca de 200 mil assinantes, mas o modelo não compensou, e o acesso voltou a ser aberto.
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Curiosamente, o anúncio da provável cobrança ocorre num momento em que o faturamento do grupo proprietário do NYTimes sinaliza que o pior já pode ter passado para o setor nos Estados Unidos. Entre abril e junho, a The New York Times Company ganhou US$ 39,1 milhões — após perder US$ 74 milhões nos três meses anteriores. O resultado é atribuído especialmente ao corte de custos, já que as receitas com publicidade continuaram a cair (30%).
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A expectativa de analistas é que a recuperação dos grupos jornalísticos dos Estados Unidos não deve ocorrer antes do segundo semestre do ano que vem — quando a economia norte-americana pode apresentar crescimentos mais consistentes e alavancar novamente os gastos com publicidade. Especula-se, porém, que o fundo do poço ficou para trás.
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“O pior basicamente já passou. Provavelmente”, afirma Ed Atorino, analista do setor de jornais da Benchmark. De fato, além da empresa dona dos títulos New York Times e Boston Globe, grandes grupos como Gannett (do USA Today) e McClatchy (que publica o Miami Herald) também tiveram resultados positivos.
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Para a presidente-executiva do Times, Janet Robinson, o cenário para a publicidade continuará “desafiador” nos próximos meses. Em contrapartida, diz ela, o declínio nas receitas com esse segmento deve ser menor entre julho e setembro do que nos três meses anteriores.
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