por Regina Abrahão*
Palavras rebeldes? Não, não se trata de rebeldia. Ou talvez trate-se da boa rebeldia. É que ao buscar a origem destas datas, encontraremos primeiro algumas festas pagãs, com sentido absolutamente diverso, depois cooptadas pelo cristianismo e por fim adaptadas pelo capitalismo, que via em cada comemoração personalizada a possibilidade de ganhos, lucros e vendas. Desta forma, o dia dos pais nos EUA teve sua data unificada por Nixon em 1972; antes disto, cada estado comemorava seu dia, de acordo com o comércio local.
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O próprio natal, ápice do consumo no mundo inteiro, deriva de uma festa pagã. A cultura celta comemorava o nascimento do sol em um festival, aproximadamente na data do natal, quando os romanos cristianizaram a Europa e os ''pagãos'', apropriando-se inclusive desta festa. Daí o primeiro natal com sentido de nascimento de Cristo data do ano de 336, em Roma. Ou seja, totalmente descolado do que seria a idéia original. Como a Bíblia diz que os reis magos trouxeram presentes, a idéia pegou. O resto, todo o povo conhece...
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Na Grécia e Roma antigas haviam festivais chamados Lupercália, dedicados à fertilidade. Aconteciam em fevereiro. Depois, o catolicismo proibiu a realização destas festas e se apropriou da data, que virou dia de San Valentin. Aqui no Brasil, o publicitário João Dória da Standart Propaganda fez uma campanha para as lojas Clippert, tentando movimentar as vendas que estavam fracas. A campanha dizia: ''Não é só com beijos que se prova o amor''. A moda pegou. Assim nasce o dia dos namorados. Foi um sucesso.
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O primeiro dia das mães no Brasil acontece em 1912 numa campanha conjunta entre a Associação Cristã de moços e os lojistas de Porto Alegre, num mês de fraquíssimo movimento. Marcaram para 12 de maio uma comemoração que tinha com o slogan ?Dê um presente para quem lhe deu o maior presente: a vida.? Em seguida, a idéia espalhou-se pelo país e unificou-se, uma vez que a data já era comemorada em maio em outros países.
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O problema todo fica sendo os sem. Sem, bem entendido, dinheiro para comprar os presentes, sem presentes para receber ou vontade para presentear. Os sem vontade de se enquadrar no que diz o capitalismo que devemos, obrigatoriamente fazer.
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Como agora, quando amigos e amigas surgem sorridentes a se abraçar, passam torpedos e e-mails, e até aí, tudo bem. Inofensivo dia do amigo. Em algumas floriculturas já vi pequenos vasos de flores para amigos. Cartões para amigos. Torpedos telefônicos O docinho, o bom-bom. A flor, a cerveja, café com chantili. Talvez esteja na hora de instituirmos o dia do só abraço no amigo. Mas penso que este não contará com apoio da mídia.
*Regina Abrahão, é do Rio Grande do Sul, funcionária pública estadual, dirigente de políticas sociais do Semapi, da CTB e do PCdoB de Porto Alegre, coordenadora do núcleo Cebrapaz, estuda Ciências Sociais na UFRG.
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in Vermelho - 21 DE JULHO DE 2009 - 20h09
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