Silva
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Na ordem do dia estão as chamadas redes sociais de comunicação electrónica, um fenómeno que já vai bem para além da conhecida Web de primeira geração: os «sítios» mais ou menos institucionais/colectivos, permitindo alguma interacção – reduzida –, por parte dos utilizadores, os conversacionais emails, os serviços de troca de mensagens «em tempo real», os messengers. E estão mesmo a passar – com os recentes desenvolvimentos das «redes sociais» de comunicação electrónica, nomeadamente o twitter –, as «novíssimas» aplicações, para além das fronteiras interinas traçadas pelas ferramentas da chamada segunda geração, da Web 2.0 – onde são incluíveis os blogs e toda a artilharia que vai dos motores de busca, passando pelo youtube, até ao facebook, a rede social com mais utilizadores/subscritores. . Com efeito, a demonstrar que já está para além da Web 2.0, o twitter já não é apenas um sítio Web («twitter.com»), globalmente acessível. Para além de tudo mais, o twitter é uma ferramenta de comunicação conversacional – como é o caso do email e dos messengers –, disponibilizando a todos a possibilidade de comunicar entre si e com os todos, e a partir de diversos entradas/localizações. Isto é, para enviar uma mensagem, para tuitar – como os tuiteiros de língua portuguesa vão dizendo –, não é necessário fazê-lo exclusivamente a partir de uma sessão de visita ao sítio do twitter: os tuites podem também ser enviados através do serviço de mensagem de texto de um telemóvel, ou de um blog, ou de aplicações desenvolvidas para o efeito, como seja o TweetDeck. Do mesmo modo, os tuites podem ser lidos como mensagens de texto ou na página do facebook de um «amigo» (1). Etc. . Esta adaptabilidade do twitter contribuiu para a sua notoriedade mediática nos primeiros meses de 2009. Com efeito, foi referida a utilização do twitter nas manifestações pós eleitorais da Moldávia, em protestos de massa no Egipto e na Islândia e, agora, no protesto pós-eleitoral no Irão. Referências manifestamente exageradas, chegando-se ao ponto de julgarem-se alguns dos utilizadores com Poder na ponta dos dedos para gerar revoluções. A verdade é que os sistemas de comunicação, desde a boca à orelha, aos comícios, aos jornais, passando pela TV e pela Rádio, pelas convocatórias via SMS, até ao twitter, têm o seu papel instrumental na dinâmica dos movimentos populares, mas um papel que nunca poderá ser determinante por si só. Por trás destes movimentos, das revoluções, está um trabalho paciente de organização, estão condições objectivas e a eficácia da utilização do conjunto dos meios de comunicação existentes. . Agora o que é certo é o twitter ter sido empregue com grande intensidade durante a crise iraniana que resultou do recente processo eleitoral. No twitter disputou-se a respectiva parte de uma intensa batalha de informação e contra-informação – episódios de guerra electrónica, de mobilização tuiteira pró e contra o regime iraniano, quase sempre contra o regime – identificando com frequência o apoio contra o regime através do verde dos ícones dos utilizadores. Foram publicadas muitas fotografias e muitos vídeos e, em geral, informação, quantas vezes errónea ou falsa, mas também informações verdadeiras e em primeira-mão. A Casa Branca chegou a intervir para que fosse adiada – e foi – uma actividade de manutenção do twitter… . Talvez a conclusão mais importante a tirar da aparição do twitter no ambiente comunicacional seja a de, através da sua utilização, com o seu emprego, ter-se passado a dispor de mais uma ferramenta, um meio de comunicação, que parece ser potente em termos de criticismo mediático. Com efeito, a rapidez viral com que o twitter permite a propagação de mensagens curtas de protesto de diversas proveniências, incluindo o seu agrupamento com a ajuda catalizadora de hashtags, como foi o caso do #CNNfail, criado por altura da manifestação popular da crise pós-eleitoral do Irão, com efeito, dizíamos, parece que estas características do twitter fazem dele um instrumento de luta contra as manipulações e distorções que os OCSs estão habituados a praticar em quase total impunidade. . A ver vamos. O twitter parece estar aí para lavar e para durar e não deve nem pode ser ignorado por quem de direito. Não nos esqueçamos do referido «recado» enviado pela administração Obama ao twitter para adiar a sua manutenção com o objectivo de não «prejudicar a oposição iraniana»… . (1) COHEN, Noam (Junho 20, 2009) Twitter on the Barricades: Six Lessons Learned . . in Avante 2009.07.02 . . |
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