Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sábado, 11 de julho de 2009

Ferreira Soares, o médico dos pobres



A Comissão Concelhia de Santa Maria da Feira do PCP assinalou, no sábado, em Nogueira da Regedoura, os 67 anos passados sobre o assassinato do Dr. António Ferreira Soares, o «Dr. Prata», médico dos pobres, pela PVDE, polícia política do regime fascista.
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Durante a romagem à campa do camarada Ferreira Soares, a que se associaram largas dezenas de pessoas, comunistas e outros democratas e familiares, as várias intervenções realçaram a importância e significado da data e do legado deste destacado dirigente do Partido, divulgados também num folheto antes distribuído.
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Manuela Silva, em nome da Comissão Concelhia do PCP, lembrou a acção de Ferreira Soares, não só como intelectual humanista e médico profundamente ligado ao seu povo mas também na luta contra a opressão e tirania fascista.
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Interveio depois Jorge Soares, filho do «Dr. Prata», que numa intervenção muito emotiva expressou a sua revolta pela tentativa de certas forças de reescrever a história e omitir a verdadeira razão da morte do seu pai.
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Margarida Tengarrinha, resistente anti-fascista, não escondeu também a sua emoção, pois apesar de não ter conhecido este camarada estava a ele e à sua luta profundamente ligada, uma vez que o seu companheiro, o pintor José Dias Coelho, autor do livro «Resistência em Portugal», onde dedica um capítulo ao hediondo crime que vitimou Ferreira Soares, ele próprio fora mais tarde também assassinado pela PIDE, em 1961. Lendo partes desse capítulo, Margarida Tengarrinha, destacou a importância de preservar e valorizar o património de luta que o PCP teve contra o fascismo e de que Ferreira Soares foi um dos grandes obreiros.
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Finalmente o nogueirense Amaro Francisco deu nota da ligação profunda de Ferreira Soares à sua terra de adopção – Nogueira da Regedoura. Defensor do associativismo e profundamente preocupado com o desenvolvimento cultural do povo, Ferreira Soares deixou o seu nome para sempre ligado à criação de uma escola para raparigas e de associações culturais e desportivas.
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O médico do povo, o homem de letras, o militante comunista foi assim um homem profundamente comprometido com a transformação política, social, económica e cultural do povo, por quem deu a vida.
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Lamentável!
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O PCP condena, entretanto, o comportamento recentemente manifestado pela Junta de Freguesia aquando da inauguração de um busto de Ferreira Soares.
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De facto, ao longo dos anos, o PCP, partido de que Ferreira Soares foi dirigente e pelo qual deu a vida, tem vindo a evocar praticamente sozinho o seu exemplo e papel na luta anti-fascista, razão por que lamenta que a Junta de Freguesia (PS), «a escassos meses das eleições autárquicas» tenha decidido assinalar a data e inaugurar um busto do Dr. Ferreira Soares e, num «gesto discriminatório», tenha inviabilizado naquela cerimónia pública uma intervenção do PCP. Na referida inauguração e no discurso proferido foi mesmo omitido de «forma ostensiva» a profunda ligação de Ferreira Soares ao PCP, apesar de ter sido exactamente esta sua opção política que determinou o seu assassinato. Opção que os comunistas presentes fizeram questão de evidenciar naquela cerimónia, empunhando em silêncio bandeiras do Partido.
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in Avante 2009.07.09
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