27 DE JUNHO DE 2009
Miguel para o 'Jornal do Commercio' (PE)
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Com o falecimento, no dia 25 de junho passado, de um dos ícones da música pop para a juventude que viveu e cresceu excluída de muitos direitos como foi Michael Jackson, somos chamados a refletir sobre o que acontece no dia a dia em que o capitalismo continua dirigindo a humanidade e podemos dizer que muitas questões se reacendem.
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Por Wander Geraldo*
A black music norte-americana — assim como o forró, o samba e o hip-hop no Brasil — é expressão de uma juventude que luta e enfrenta condições adversas. Não falo aqui de somente ouvir ou gostar desses ritmos. Cito aqueles que através dessas e outras expressões musicais externam sua realidade, na maioria das vezes dura, porém enfrentadas com criatividade, alegria, vontade de vencer e acima de tudo respeito ao ser humano.
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A identidade inicia-se na origem, de famílias proletárias, de artistas e militantes dessas expressões culturais. Passa pelas barreiras do pré-conceito e explodem na aceitação e simpatia que os povos assumem por essas expressões culturais. Assim como no Harlem em Nova YorK, a vida no sertão nordestino, nas periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo é enfrentar as barreiras do direito à alimentação, ao emprego, à educação e tantos outros direitos básicos que no regime socialista serão superados.
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Em meio a essas barreiras, homens e mulheres, na maioria das vezes jovens, conseguem compor e cantar músicas que muitas vezes são críticas, que dão conforto e mensagem que outros milhões de homens e mulheres buscam. Mais ainda, inspiram para continuar a luta e a caminhada pela sobrevivência e pelos nossos direitos.
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No Brasil, especialmente nos finais de semana, os bailes funks, as rodas de samba e os forrós são espaços para esses maravilhosos momentos, em que, sem distinção étnica, econômica e social, todos se encontram e extravasam suas energias e se preparam para mais uma semana, na qual os trabalhadores terão novamente sua força de trabalho sugada.
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As elites muitas vezes não entendem como é que certos fenômenos populares rompem barreiras de seus modos de pensar, em suas mídias manipuladas e até mesmo nas suas gigantescas salas de estar, onde muitos de seus filhos também ouvem e dançam músicas compostas nos guetos e favelas do mudo, levando a esses espaços letras e conteúdos que queriam eles, as elites, que fossem sufocadas onde eles não passam nem por perto.
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Nesse sentido, render homenagens a Michael Jackson é lembrar que ele e sua família de origem operária romperam barreiras através da música; que ele, ainda em um mundo sem internet e sem a universalização da televisão, já era um ídolo nas periferias do nosso país e do mundo. Inspirou Tim Maia, Jorge Ben (hoje Benjor) e Sandra de Sá dentre outros milhões de pessoas em todo o mundo.
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Assim como Martinho da Vila, Luiz Gonzaga e Mano Brown, Michael representou as lutas e anseios de muitas pessoas oprimidas pelo sistema. Sucumbiu antes de morrer às garras do mercado, das aparências ditadas, das concepções e doenças contemporâneas que o capitalismo tenta nos enfiar goela abaixo. Porém, deixou um legado que em todo o mundo será lembrado, para que também através da musica todos possamos alimentar os nossos sonhos e lutas para superar o regime capitalista caduco, opressor e desumano.
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* Wander Geraldo é membro do Comitê Central do PCdoB. Integra, em São Paulo, a Escola de Samba Unidos do Peruche e o Bloco Carnavalesco Unidos do Pé Grande
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in Vermelho - 29 DE JUNHO DE 2009 - 19h13
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