Cultura | 13.07.2005
Günter Grass e Gdansk: uma ligação para toda a vida
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Nascido em Danzig, atado a Gdansk. Günter Grass viu e vivenciou sua cidade natal em todas as facetas possíveis. Dessas raízes ele extrai há décadas sua força e inspiração, e não apenas para O tambor, o livro que o tornou mundialmente famoso.
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"No início era uma viagem de retorno, para encontrar os resquícios de Danzig [assim se chamava a cidade, até o fim da Segunda Guerra Mundial. Antes parte do Império Alemão, ela pertence atualmente à Polônia]", explicou Grass em conversa com a Deutsche Welle. "Porém no decorrer dos anos e décadas veio também um forte interesse pela história de Gdansk, pela história do pós-guerra. Por exemplo, em meu romance O linguado descrevo no capítulo final a revolta nas cidades portuárias polonesas. Sobretudo em Gdansk, onde a milícia atira nos operários, isso faz parte da trama."
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"Na época, fui o único autor a escrever sobre isso. Para os escritores poloneses, o assunto era proibido, a censura não haveria permitido. Tive, por assim dizer, uma função de substituto, complementar à literatura polonesa. Trata-se portanto de uma relação e uma compreensão que se estendem por décadas", explica o escritor alemão.
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Discípulos de Grass
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Há pouco Günter Grass reuniu-se com seus tradutores, a fim de discutir a nova versão de O tambor. Nessa ocasião encontrou também seu colega mais jovem Pawel Huelle, com quem desenvolveu uma ligação especial. Os livros de ambos não só refletem de maneiras múltiplas a história de Gdansk. Alguns deles até mantêm um diálogo entre si, como por exemplo o primeiro romance do polonês Huelle, Weisser Dawidek, e a novela Gato e rato (1961) de Grass.
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Huelle ficou conhecendo a história passada de Gdansk exclusivamente através da prosa de juventude do autor veterano alemão. Na época, sua admiração não teve limites: "Os primeiros livros de Günter Grass eram como viagens de descoberta para mim. Súbito minha cidade aparecia, porém sobre um outro pano de fundo, desconhecido para mim. Foi, por assim dizer, uma literatura do primeiro contato. Tinha novamente diante dos olhos o playground, os becos, a praça, todos esses lugares em Langfuhr, hoje Wrzeszcz, onde se lutaram batalhas e se fumou o primeiro cigarro. Era simplesmente fascinante."
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Missão de reconciliação
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Após Weisser Dawidek seguiram-se outras histórias, como Chuva de prata. Quase todos os contos nesse volume são lembranças de pessoas mortas há longo tempo, de uma "Danzig" e de uma paisagem teuto-polonesa há muito desaparecida. Assim como Huelle, outro autor natural de Gdansk, Stefan Chwin, prestou importante contribuição para trazer novamente à tona a história recalcada da cidade. Uma importante missão para a reconciliação, na opinião de Grass.
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Justamente aqui em Gdansk há Chwin, há Pawel Huelle, que muito cedo, ainda durante o regime comunista, começaram a escrever a história alemã da cidade. Antes esta era ignorada, como se nunca houvesse existido, como se um arcaico território polonês houvesse sido reconquistado, uma besteira total e falsificação histórica. Esses nacionalistas continuam existindo em ambos os países. Eles assumirão sempre essa posição; é preciso escrever, se pronunciar contra isso", afirma Günter Grass.
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Livros e o leitor
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O autor alemão causa sensação em Gdansk, com seus livros e sua personalidade. Ele tornou-se personagem de culto local. Fato que registra com sobriedade e sobre o qual reflete:
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"Vivemos numa época de alta velocidade. Tudo passa voando e emprega tecnologias modernas. E a literatura é algo que depende do leitor, algo que não se pode delegar. A própria pessoa tem que ler, trata-se de uma superfície escrita abstrata, que só o leitor pode trazer de volta à vida. E se consigo conquistar leitores com meus livros, precisamente aqui, então me alegro de maneira especial."
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.Gunter Grass and Gdansk
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Born in 1927, in what was then the German Danzig, Gunter Grass became the voice for the generation of Germans who grew up during the reign of Nazism. His stated goal, the goal of all writers, was to provide ‘mouth-to-ear’ resuscitation for a humanity that would be lost without it. In 1999, Grass won the Nobel Prize for literature and is most known for his 1959 novel ‘Blechtrommel’ or ‘The Tin Drum.’ .
Grass’ father was German, while his mother was Kashubian (a distinct Slavic ethnic group from the region around Gdansk). As a young man, he was a member of the Hitler Youth and in 1945 he was wounded in the Second World War. After being released from an American POW camp, he worked in a potash mine and as a stonemason, before enrolling in art schools in Berlin and Dusseldorf. 'The Tin Drum' was actually his first novel and to this day it remains his defining work. It was the first part of the ‘Danzig Trilogy’ which was completed with ‘Cat and Mouse’ (1961) and 'Dog Years' (1963). Due to his personal experience and its historic legacy, Gdansk was the setting for these novels and his works are celebrated by Germans and Poles alike despite the tension and bitterness that still exists as a result of a debated history..
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'The Tin Drum' tells the story of a young boy born in Danzig named Oskar, who, at the age of three, refuses to grow in protest of the adult world. Oskar communicates only through a tin drum, but through his eyes the reader becomes a part of the tumultuous world of Danzig/Gdansk in the 1940’s.
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Following the publication of a number of novels, plays, and poems, Grass became active in German politics as a ghostwriter for the Social Democrats and Willy Brandt. A collection of his political works entitled ‘The Citizen and His Voice’ is available for purchase. Grass made huge waves during the revolutions in 1989 and 1990 by opposing the unification of East and West Germany, maintaining that a unified Germany would become militant and threatening to world peace..
When he was awarded the Nobel Prize in 1999, his speech was one for the ages. Covering ground from Danzig to genetic engineering, our ancient ancestors to mass media, Grass held no punches. “I had the irreparable loss of my birthplace. If by telling tales I could not recapture a city both lost and destroyed, I could at least re-conjure it.” Although references to Danzig and war were inspiring, Grass’s comments on capitalist dogma and the hope that writers (or story tellers) were the only powers to check this force, were perhaps the most stunning. He spoke of the need for subversive, yet imaginative and thorough writing, for without it, the ‘crush’ of the worlds starving poor was inevitable.
Today, Grass is still active in politics, voicing his concern and shock at what is happening around him. He can often be found in Gdansk, as a guest at the university or for a presentation or premier of some sort. If you are travelling through Gdansk, make sure to make a stop in Gdansk Wrzeszcz, where you can visit the street where Grass was born (13 Lelewela Street) or have a seat on Grass’s bench in Jozef Wybicki Square. A bronze representation of little Oskar and his drum will keep you company! Also, be sure to check out the new film ‘Wrozby Kumaka’ (Call of the Toad) which was based on one of Gunter Grass’s novels. It was part of the XXX Gdynia Film Festival.-
For more on Grass's confessed involvement with the SS and the surrounding controversy, click here..
in
gdansk-life.com/poland/gunter-grass
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