Cantares - Manoel de Andrade
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Cantares reúne poemas, todos frutos do venturoso reencontro de Manoel de Andrade com a poesia depois de trinta anos de abstinência literária. Apenas três deles — “Temporada de amigos”, “Marítimo” e “Um homem no cais” — foram escritos na década de 1960 e engavetados por não refletirem as prioridades políticas de sua poesia naquele “Tempo Sujo”.
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Manoel de Andrade apresenta algumas janelas pelas quais ele vê o mundo: sua infância litorânea, a nostálgica ansiedade do marinheiro que não foi, o olhar crítico da indignação política, social e, sobretudo, a inquietude com a sobrevivência ambiental do planeta.
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Com esses poemas, entrega a expressão mais bela e honesta da sua condição humana sem nada esperar em troca, a não ser a anônima emoção que alguém possa ter em sua leitura. E Manoel de Andrade diz a seu leitor, na apresentação da obra: “E, se este alguém fores tu..., é exatamente para ti que eu escrevo. E se tu fores capaz de abrir tuas velas e navegar comigo, de te indignar perante a injustiça ou de sentir, como eu, esse profundo respeito por tudo o que respira, valeu a pena buscar-te nos meus versos. É com essa única intenção que minha lírica paternidade envia, despojada e comovida, estes meus filhos ao mundo. Para que cumpram alguma missão de beleza, para a qual foram escritos”.
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Sobre o autor:
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Manoel de Andrade nasceu em Rio Negrinho, SC, em 1940. Formado em Direito, é casado e tem cinco filhos. Em 1965, recebe, do Centro de Letras do Paraná, o 1º Prêmio no Concurso de Poesia Moderna. Ainda em 1965, com Helena Kolody, João Manuel Simões, Paulo Leminski e outros, participa da Noite da Poesia Paranaense, no Teatro Guaíra. Em 1968, a revista Civilização Brasileira publica sua “Canção para os homens sem face” e junto com Dalton Trevisan e Jamil Snege é apontado, pela imprensa local, como um dos três destaques literários de 1968, no Paraná.
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Perseguido pela ditadura, por fazer panfletagem de sua “Saudação a Che Guevara”, foge do Brasil em março de 1969. Peregrina pela América, escrevendo e divulgando seus poemas. Em 1970, seu primeiro livro, Poemas para la libertad, é publicado na Bolívia e, posteriormente, no Equador, nos Estados Unidos e na Colômbia, onde uma edição de 1.500 exemplares se esgotou em algumas semanas nas livrarias de Cali e Bogotá.
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Atravessou 15 países de uma América incendiada de ideais e teve seus poemas publicados em jornais, revistas, cartazes e folhetos. Promoveu debates, ministrou palestras e declamou seus versos em universidades, teatros, galerias de arte, festivais de cultura, congressos de poetas, sindicatos, reuniões públicas, privadas e clandestinas e até no interior das minas de estanho da Bolívia.
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Suas edições panfletárias, lançadas pelas federações universitárias de Cuzco e Arequipa, em fevereiro de 1970, foram consumidas e reeditadas em todo meio estudantil do Peru e seus exemplares se espalharam pela América do Sul, levadas por mochileiros e estudantes latino-americanos. Expulso da Bolívia em 1969, preso e expulso do Peru e da Colômbia em 1970, o alcance de sua militância política como poeta pode ser avaliado pelo destaque que lhe deram os mais importantes jornais latino-americanos e as agências de informações como AP e UPI, noticiando ao mundo seus aclamados recitais e a sua expulsão do Peru, “por realizar actividades que constituyen un manifesto peligro para la tranquilidad pública y seguridad del Estado”.
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Em fevereiro de 1971, Francisco Julião, exilado no México, abre, no Instituto Mexicano-Cubano, seu primeiro recital na capital mexicana. Convidado por refugiados sandinistas, participa, em Tampico, das comemorações do 37º aniversário de morte de Sandino. Em março, viaja à Califórnia, onde ministra várias palestras e recitais em organizações chicanas e nas universidades de Los Angeles e Berkeley.
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Em 1980, Moacyr Félix, em “A poesia na década de 70”, publicado em Encontros com a Civilização Brasileira, nº 20, fala de “omissões imperdoáveis” e comenta o “eco” de suas “andanças” (...) “a publicar e a declamar os seus Poemas para la libertad em vários países da América Latina”. A mesma revista abre a edição de nº 19 com sua “Canção de amor à América”, sobre a qual Wilson Martins escreveu, no Jornal do Brasil, em 2 de agosto de 1980: “(...) é, com certeza, um dos mais belos poemas do nosso tempo (...)”.
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SERVIÇOS:
Cantares
Autor: Manoel de Andrade
Editora: Escrituras
Páginas: 112
Formato: 14 x 21 cm
ISBN: 978-85-7531-256-8
Preço: R$ 20,00
Escrituras Editora
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Novos telefones: (11) 5904-4499
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