Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Defesa vende Convento da Graça para hotel e câmara vai construir um parque urbano

Lisboa
 
Público - 29.04.2010 - 10:05 Por Carlos Filipe


Presidente da autarquia de Lisboa sublinha que a zona verde da cerca com 1,7 hectares é um dos melhores espaços e com melhores vistas da zona histórica para a fruição pública.
António Costa considera que o espaço tem as melhores vistas da 
zona histórica
António Costa considera que o espaço tem as melhores vistas da zona histórica (Pedro Cunha/arquivo)

É um acto exemplar, no cumprimento de uma obrigação constitucional, segundo a qual as Forças Armadas devem colaborar para a melhoria da qualidade de vida das populações, disse, em síntese, o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva. Na resposta, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, serviu-se do mesmo adjectivo para qualificar o acto, acrescentando-lhe que "é muito bom". E, assim, passaram ontem para a posse camarária 1,7 hectares de terrenos (equivalente a quase dois campos e meio de futebol) da cerca do Convento/quartel da Graça, instalações que o Ministério da Defesa colocará à venda, ainda este ano, para ali nascer um hotel.

Há tempo que se falava na possível utilização daquele espaço para a edificação de um hotel, mas só em 2009 ficou decidido, entre a Defesa e a autarquia, o novo uso a dar ao edifício, através do protocolo que só ontem foi posto em prática. Em Setembro do ano passado, o Conselho de Ministros aprovou a suspensão do Plano Director Municipal de Lisboa para a viabilização da mudança de uso das instalações, resolução que carecia do parecer prévio camarário, que tardou a ser emitida, e que contou com os votos contra do PSD e a abstenção do PCP.

Dos 7200 metros quadrados de área coberta do antigo convento, apenas cerca de 1200 estavam ocupados em 2001. Actualmente, alguns serviços do Exército e da GNR repartiam o espaço do convento, cuja origem remonta a 1291, tendo sido reedificado em meados do sec. XVI. Está classificado como monumento nacional por decretos de 1910 e 1918.

Segundo o ministro da Defesa, o destino do imóvel será hoteleiro, social e cultural - e objecto de concurso público -, ao abrigo do "processo de modernização e qualificação da Defesa nacional". "Temos hoje um sistema de forças mais preparado para a capacidade de projecção em tempo útil, em qualquer teatro de operações (...), e em consequência disso, muito do riquíssimo património da Defesa deixou de ter servidão militar, e estas instalações inscrevem-se nesse caminho, não necessitamos mais delas", disse Augusto Santos Silva

No imediato, a cidade vai ganhar um parque urbano. Segundo António Costa, estará pronto dentro de um ano. "Trata-se de património de valor histórico e cultural que será reafectado a um uso de interesse turístico, o que significa também valorizar a base económica da cidade. Estamos a falar da maior área verde de toda a zona histórica, transformada num parque urbano, especialmente para as zonas da Graça e Mouraria. E faremos a sua ligação ao miradouro da Graça, hoje Sophia de Mello Breyner."

António Quadrado Afonso, presidente da Junta de Freguesia da Graça, acha que o destino a dar ao convento não é o melhor, mas admite que "pior seria um condomínio fechado". O autarca espera agora que a câmara viabilize um espaço na Calçada do Monte para a construção de um parque automóvel, que ajudaria a resolver alguns dos muitos problemas de trânsito da freguesia.
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Convento da Graça (Lisboa)

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Igreja e convento da Graça I - Graça (Lisboa)
Igreja e convento da Graça II - Graça (Lisboa)
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O conjunto da Igreja e convento da Graça, localizado no Largo da Graça, em Lisboa, remonta ao início da nacionalidade, tendo florescido no século XVI. Inicialmente convento foi fundado no monte de São gens, no antigo local conhecido por Almofala - onde D. Afonso Henriques acampou com as suas tropas durante o cerco a Lisboa em 1147. Em 1271 inicia-se a construção do convento, com instalações para 50 monges dos eremitas calçados de Santo Agostinho, sendo as obras patrocinadas por D. Afonso III. o convento tornou-se Cabeça da Ordem Provincial desde 1291 até à sua extinção em 1883. Em 1305, por disposição de Frei Francisco do Monte Rubiano, em cumprimento de voto feito em Roma, o convento de Santo Agostinho de Lisboa é consagrado a Nossa Senhora da Graça.
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Segundo a lenda, em 1362 a Imagem de Nossa Senhora da Graça apareceu em Cascais, na rede de pescadores que a teriam vindo entregar ao convento da Graça no dia seguinte. Em 1375 é construida a muralha fernandina, que envolveu o convento, até Sul. Segundo a lenda, a imagem de Nossa Senhora da Graça teria anunciado a vitória dos exércitos de D. João I na Batalha de Aljubarrota, sendo por isso feito voto de vir todos os anos, em procissão, à Igreja, costume apenas interrompido durante a união ibérica entre 1580 e 1640. Em 1472, instituem capela no convento, Rui Gomes de Alvarenga e D. Melícia de Melo, pais de Lopo Soares de Albergaria, vice-rei da Índia. A 24 de Março de 1506, data da sua partida para a Índia Afonso de Albuquerque, deixa um testamento instituindo capela na igreja do convento da Graça, onde estavam sepultados seu pai e seu bisavô. Em 1530 é legalizada a cedência da capela, chamada de São Fulgêncio (actual baptistério) mandada edificar na antiga sacristia por Lopo Soares de Albergaria, para si e seus herdeiros, onde se encontrava sepultada sua mulher, D. Joana de Albuquerque. Em 1544 D. João III doa ao convento os terrenos a norte e oeste, exteriores à cerca Fernandina. Em 1551 o convento teria 70 frades e 13 capelas. Entre 1556 / 1565 é reedificada a igreja com três naves, por iniciativa do Vigário Frei Luís de Montoya, restando apenas o actual baptistério. Em 18 de Maio de 1566, é feito o sepultamento dos restos mortais de Afonso de Albuquerque na capela-mor. Em 1587 é feita a primeira Procissão dos Passos da Graça, na Quaresma.
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A torre sineira é obra de Manuel da Costa Negreiros e data de 1738. Com o terramoto de 1755, grande parte da igreja ruiu, sobretudo a fachada, as abóbadas da capela-mor e do cruzeiro. Na reconstrução, optou-se por um interior sóbrio, cujas capelas, de talha dourada, imprimem uma linguagem ainda rocaille de finais do século XVIII. O seu interior é marcado pela talha dourada, azulejos e pintura do tecto. Está virada para um miradouro com vista sobre a cidade e o rio. Classificado de Monumento Nacional.
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