Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

As Fontes e Chafarizes do meu Porto - Jorge Portojo




domingo, 23 de Maio de 2010


17 - As Fontes e Chafarizes do meu Porto

As minhas andanças levaram-me a descobrir pequenas e grandes maravilhas que são as Fontes ou Chafarizes, "equipamento urbano" espalhado pela Cidade. Alguns já conhecia e olhava para eles como "boi para palácio". Outros, passava e nem me apercebia que estavam ali por alguma razão. Já foram muito úteis. Hoje são uma preciosidade e é gratificante descobrir as suas origens, embora não me tenha sido possível ir mais além por não encontrar quaisquer referências a alguns deles. 
Chafariz do Anjo S. Miguel, do séc. XVIII, da autoria de Nasoni. Está junto à Sé Catedral encostado à Casa do Cabido.
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Semi-circundado por uma grade de ferro forjado, com as mesmas características do que foi muito utilizado nas varandas dos edifícios da Cidade na época, tem um relevo em mármore incrustado na parte superior da bica.
A rematar o conjunto uma pequena escultura representando o anjo S. Miguel, em pedra de Ançã.
Chafariz da Rua Chã. Li apenas o ano da sua fundação - 1635 - sem mais referências. Nem sei se foi sempre este o seu local de origem. Está situado no Largo da Rua Chã entre as Ruas de Cimo de Vila e do Cativo, local por onde passava a medieva Muralha Fernandina.
Fonte no Jardim de S. Lázaro. Séc. XVI. Pertenceu ao extinto Convento de S. Domingos que se situava próximo do Largo que ainda mantém o mesmo nome.
A taça e o restante conjunto é um trabalho em mármore de grande beleza.
Fonte da Colher. Localizada na parte baixa de Miragaia, é provàvelmente a Fonte mais antiga da Cidade. Construída em 1491 custeada com uma parte dos impostos (medidos por uma Colher) sobre as mercadorias de géneros alimentícios que entravam na Cidade, foi reconstruída em 1629.
Nesta placa, por cima da Fonte, indecifrável aos olhos de um leigo, deve estar indicada a referencia à reconstrução.
Estava soterrada e só foi descoberta aquando das obras de construção da Alfandega Nova, por volta de 1871. Há quem diga que não, mas eu não estava lá e não sei mais. Foi restaurada em 1940
Esta foto dos princípios do séc. XX mostra a diferença antes do restauro.

Ainda em Miragaia, no limite com a Vitória, está a bela Fonte das Taipas, localizada na rua do mesmo nome, veio substituir, embora não sendo a original, que se encontrava nas Virtudes, a qual tinha espaço para colocar as roupas das lavadeiras a secar bem como banquinhos para elas descansarem. Esta é de finais do séc. XVIII.

Fonte de Neptuno. Nome de milhentas fontes espalhadas pelo mundo. Não lhe encontrei referências especiais. Está localizada na parede lateral, voltada para os Clérigos, da antiga Cadeia da Relação (onde hoje estão instalados os serviços do Centro Português de Fotografia), digna de uma visita. O Edifício e o Centro. Por cima encontra-se uma varanda com janela que dá para a Capela onde os condenados à morte passavam a última noite.
Uma foto de cerca de 1900 não nos mostra claramente se a Fonte já estaria colocada no local actual. Presumo que a Fonte veio de um outro lugar. Mas repare-se no pormenor da referida varanda e janela.

Chafariz das Virtudes ou Fonte do Rio Frio. Construída para aproveitamento das águas de várias minas em 1619, é Monumento Nacional. Está localizada em Miragaia, encostada ao que foi o Horto das Virtudes do qual, creio, foi seu último proprietário Moreira da Silva - o mesmo senhor de Campanhã - por quem meu pai tinha imensa consideração e amizade pela família. A enorme Pera gravada no muro, nunca mais a esqueci. Acabou por ser retalhado e hoje é um Jardim. Por três ou quatro vezes tentei visitá-lo, mas sempre fechado.
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Mas isso é tema para outras conversas, pois agora estamos a tratar da Fonte ou Chafariz, mas pouco mais há a dizer, a não ser que foi vandalizado e a imagem da Santa que existia no seu nicho roubada. Mas isso há dezenas, ou quem sabe, centenas de anos.
Mais uma imagem antiga com mais de 100 anos, que mostra já a degradação da Fonte.Hoje todo o conjunto está muito melhorado. No séculos XIX, toda a zona envolvente das Virtudes era o passeio da élite portuense, em detrimento de S. Lázaro.
Fonte do Bicho. Quási paredes meias com a Igreja de Miragaia, foi construída no séc. XIX junto a um Hospital - não sei se de ingleses ou de mareantes, pois os escritos que li são meio difíceis de entender - que recebia água de excelente qualidade. Foram os proprietários obrigados a distribuir a água pela população, que sai (saía) em bica pelo boca do "Bicho", que alguém presume ser um golfinho. Logo, presumo eu, toda a estória tem a ver com mareantes. Ou não fosse Miragaia desde tempos remotos, terra de gentes voltadas para o Rio (Douro, pois claro) e para o Mar.
Pormenor da Fonte

Regressando à Sé, descendo para os Grilos, vamos encontrar a Fonte de S. Sebastião ou Chafariz da Rua Escura.Construído no século XVII na Rua Escura, foi transferido em 1940 para o local onde actualmente se encontra. É composto por um tanque e um pano de fundo em que sobressai um pelicano ladeado por duas figuras femininas. O conjunto é encimado pelas armas reais portuguesas.
Esta velha foto da Fonte, cujo ano desconheço (encontra-se no site dos SMAS/Porto) parece-me que foi obtida no local primitivo.

Regressamos a Miragaia e encontramos esta Fonte, num pequeno largo junto às Escadas dos Judeus. Está em recuperação já há uns anos. Esta foto tem uns dias. Foi transladada do velho Mercado do Peixe que existiu onde se encontra desde meados do séc. XX o Palácio da Justiça, na Cordoaria. Descobri-a há cerca de 3 anos e continua na mesma, incluindo o lixo que se está no largo, junto a umas pedras que ou me engano muito ou são achados arqueológicos do tempo dos Judeus que habitavam esta zona.
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Vamos ver se consigo alguma informação futura

Fonte de Hulsenhos. Mandada construir em 1907 por uma benemérita, para bebedouro de animais ficou ao cuidado da população. Ainda está activa, mas funcionando com as torneiras tradicionais. Mais uma fonte em Miragaia quási no limite com S. Nicolau.

Esta Fonte no Largo do Souto, junto a Mouzinho da Silveira, foi construída em 1920, para remedeio da população. Aqui existiu, segundo as crónicas do tempo, uma praça magnífica com uma fonte monumental. A praça começou a alterar-se com a construção da Rua Mouzinho da Silveira e foi totalmente (ou quási) destruída, para a construção de edifícios. Digo quási, porque ficou até aos nossos dias um muro medievo que se vê por detrás da fonte e sobe até ao alto dos Pelames. A Fonte Monumental foi desmantelada, não sabendo eu se as pedras foram guardadas.

Anos mais tarde, em Junho de 1966, após terem sido desalojados os estabelecimentos comerciais, a Câmara mandou reconstruir a fonte, chamada agora de Mouzinho da Silveira, tentando manter configuração semelhante à anterior (primitiva). Será que com as mesmas pedras ? Esta fonte de grandes dimensões, toda em granito trabalhado e de forma semi-circular, está inserida num paredão de granito que sustenta a Rua dos Pelames, que passa num plano bastante superior. À direita vê-se o início da Rua do Souto.
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Impossível, ou quási, uma vista completa da Fonte, derivado ao intenso movimento rodoviário especialmente de autocarros. Mas é simplesmente espectacular todo o conjunto.

Termino esta série com uma Fonte entre a Cantareira e Sobreiras, voltada para o Rio Douro. Não consegui descobrir qualquer referencia sobre ela. Apenas sei, que mesmo com os mequinhos, é um parque de estacionamento não autorizado. Mas quem liga para isso ? A foto parece "partida" e na realidade assim é, para evitar que se reconheçam os automóveis ali estacionados.
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Estas Fontes e ou Chafarizes, foram utilizadas para abastecimento de água à Cidade do Porto. Há algumas mais nos seus locais de origem ou próximos. Outras, muitas, foram removidas para o Parque dos Serviços Municipalizados de Águas (SMAS) em Nova Sintra. Que merece uma visita.
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Um dia destes será tema para umas estórias mais sobre Fontes.
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Notei uma coisa muito boa. Quási todas as fontes tinham o registo dos vândalos que sujam tudo com tintas. Agora estavam imaculadamente limpas. Sinal de que os serviços públicos andam atentos.
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1 comentário:

Victor Nogueira disse...

Para Jorge Portojo
Enviaram-me este post e grato pela visita proporcionada à terra dos meus pais (de Cedofeita) e onde passei longos períodos na minha adolescência e juventude, de que tenho um grande portfolio donde não contam as fontes e chafarizes. Reproduzi este post no meu blog Galeria & Photomaton, esperando que se não importe.
Abraço
Victor Nogueira