Alfredo Dinis (Alex) participou activamente na reorganização de 1940/41
Nos 65 anos do assassinato de Alex
Construtor do Partido
Organizador da luta
Organizador da luta
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O jovem dirigente comunista Alfredo Dinis (Alex) foi assassinado pelo fascismo há 65, em Loures. O PCP lembrou, no domingo, este destacado construtor do Partido na difícil mas exaltante década de 40 do século passado.
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Culminando um ciclo de iniciativas iniciado a 27 de Março, o comício de domingo, em Loures (com romagem ao local onde Alex tombou), foi uma sentida e justa homenagem a um revolucionário exemplar, a um destacado construtor do Partido. Quando morreu, varado pelas balas assassinas de uma brigada da PVDE, Alfredo Dinis tinha já, apesar dos seus 28 anos, um longo e rico percurso revolucionário.
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Na brochura clandestina A Resistência em Portugal, de José Dias Coelho (também ele morto a tiro pela sinistra política política do fascismo, em Dezembro de 1961), conta-se os pormenores do assassinato de Alex: «Escondidos atrás da furgoneta, os homens esperavam silenciosamente, como numa caçada. Em breve o viram aparecer. Aproveitava a descida para dar velocidade à bicicleta, naquele seu jeito destemido e moço de saborear a rapidez da corrida, o vento nos cabelos, a alegria de viver. Um dos homens saltou detrás da furgoneta e com um encontrão fê-lo cair na beira da estrada. Um tiro deitou-o por terra.»
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Depois de o arrastarem para o interior da carrinha e de a poderem em andamento, os esbirros voltam a alvejá-lo na cabeça. Uns metros mais adiante, atiram o corpo sem vida do jovem comunista para a beira da estrada, seguindo em frente. Esta versão dos acontecimentos (nada semelhante à tese inventada pela PVDE no seu relatório) foi contada por camponeses que, naquele momento, trabalhavam nas quintas dos arredores.
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Estava-se a 4 de Julho de 1945. Dois dias antes, a PVDE prendera Joaquim Campino (Filipe) e, nos documentos apreendidos, decifra o encontro marcado para o dia 4, às nove da manhã, com João (António Dias Lourenço) e Alex, na estrada que liga Bucelas a Sobral de Monte Agraço.
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Temendo manifestações e protestos, a PVDE tenta que o funeral se realize o mais rapidamente possível, e sem aviso. Mas a presença forte de familiares, amigos e operários gorou os seus planos. Graças à forte pressão da família, o caixão de Alex acabaria mesmo por ser aberto revelando claramente a violência do seu assassinato – um dos disparos tinha-lhe perfurado um olho. Cinco anos mais tarde, em Setembro de 1950, na presença da irmã e de vários grupos de operários, fez-se a trasladação dos seus restos mortais. O buraco no crânio era bem visível.
Um revolucionário completo
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Nascido a 29 de Março de 1917, em Lisboa, Alfredo da Assunção Dinis começou a trabalhar muito cedo, como operário metalúrgico – depois de, em criança, vender flores de papel na rua, com o seu pai, para fazer face às difíceis condições de vida da família. Entretanto, tirou o curso nocturno numa escola industrial.
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Aos 19 anos, Alfredo Dinis aderiu às Juventudes Comunistas e, no mesmo ano, assumiu tarefas na Secção Portuguesa do Socorro Vermelho Internacional e começou a militar num comité de zona de Lisboa, bem como no Comité Local. Em sequência desta sua actividade, foi preso em Agosto de 1938, com apenas 21 anos. Firme perante a polícia, foi condenado a 18 meses de prisão, integralmente cumpridos.
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No início da década de 40, Alfredo Dinis toma parte activa na reorganização do Partido, enquanto responsável pela importante célula dos estaleiros navais Parry & Son e do Comité Local de Almada. Quando estalaram as greves na região de Lisboa, em Novembro de 1942, Alex estava à frente da organização de Almada e foi um dos impulsionadores dessa paralisação.
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Dessas lutas, o jovem militante comunista retirou ensinamentos que se revelariam úteis para as grandes greves de Julho-Agosto de 1943, em que participaram mais de 50 mil trabalhadores de Lisboa e dos arredores, e nas quais Alex tem um papel preponderante como responsável pelo Comité de Greve, em ligação directa com o Secretariado do Comité Central. Era, então, membro do Comité Regional de Lisboa do Partido.
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Pela sua participação destacada neste movimento grevista, Alfredo Dinis passou à clandestinidade, devido ao cerco policial em seu redor ter-se apertado – é desta data o pseudónimo Alexandre, do qual usava apenas Alex. Em finais de 1943, no I Congresso ilegal do Partido, foi eleito para o Comité Central e, logo em Maio de 1944, integrava o comité dirigente da greve de 8 e 9 de Maio, em que participaram dezenas de milhares de operários nas regiões de Lisboa e Baixo Ribatejo. As poderosas jornadas da Vitória sobre o nazi-fascismo, em Maio de 1945, estão também «estreitamente ligadas à sensibilidade e ao trabalho tenaz de Alex», afirma-se em A Resistência em Portugal.
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Concluindo o trecho dedicado a Alfredo Dinis, escreveu José Dias Coelho: «A PIDE sabia que ele era um destacado dirigente do Partido Comunista Português. Por isso o odiava. Por isso o matou.»
As greves de 1944 vistas por Alex
«No dia 9 da manhã, os nossos camaradas de Sacavém começaram a organizar uma manifestação que fosse a Loures, reclamar mais pão ao administrador. Como as forças da PSP e muitos polícias de informação ocupassem as principais vias de Sacavém, prendendo todos os trabalhadores que passavam, os nossos camaradas lançaram da palavra de ordem: “Todos os trabalhadores e mulheres se devem dirigir em grupos pequenos para Camarate, ninguém utilize as estradas; vamos por fazendas e azinhagas.” Assim se fez. Centenas de homens e mulheres dirigiram-se para lá. Pouco depois das 10 horas partiram de Camarate para Apelação mais de 1000 pessoas.
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«Aqui juntaram-se, além dos operários da fábrica de munições, muitas centenas de camponeses de vários lados. Já com mais de 2000 manifestantes, a marcha prosseguiu o caminho para Frielas e Loures. Até Loures a manifestação foi sempre engrossando e, quando lá chegou, por volta do meio-dia, tinha já mais de 3000 pessoas. Três bandeiras negras flutuavam. Milhares de vozes gritavam que queriam pão. O administrador disse que ia procurar resolver tal situação. Ainda que ele não resolva nada, o Partido Comunista e os trabalhadores já conseguiram uma grande vitória.»
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Alfredo Dinis (Alex), As Lutas de 8 e 9 de Maio e a Aliança do Proletariado e do Campesinato
Comício e romagem em LouresOlhar audaciosamente em frente
No comício realizado no domingo em Bucelas, no concelho de Loures (bem perto do local onde foi assassinado Alex) Jerónimo de Sousa realçou que ao evocar o «crime brutal» que constituiu este assassinato «estamos a dizer que não deixaremos que a história seja branqueada e apagada». O fascismo existiu, bem como a resistência antifascista, na qual os comunistas «tiveram um papel corajoso, decisivo e ímpar durante décadas».
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Respondendo à questão, por si próprio lançada – «Porque é que a PIDE assassinou cobardemente Alfredo Dinis?» – Jerónimo de Sousa respondeu: «Por ser comunista. Por ser um lutador e fundamentalmente por ser um dirigente operário que organizava a luta.» Em seguida, citando Álvaro Cunhal no Rumo à Vitória, o dirigente comunista lembrou que as greves «não se decretam, mas decidem-se e declaram-se. Para o fazer com êxito é necessário conhecer de perto a disposição das massas, conhecer a evolução da luta e escolher o momento justo».
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Mas para isto, acrescentou, a «percepção revolucionária e a audácia dos militantes representam um importante papel». Tanto assim é que o êxito de algumas grandes greves dirigidas pelo Partido deveu-se, «em grande parte, à acção de um militante destacado: Alfredo Dinis». Que conhecia profundamente os «problemas da classe operária, conhecia a classe, acompanhava dia a dia as lutas dos sectores que lhe estavam confiados, era um óptimo organizador das lutas reivindicativas e mais de uma vez foi ele a dizer audaciosamente ao Partido: o momento para a greve é agora. E acertava».
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Hoje, 65 anos depois, destacou o Secretário-geral do PCP, as organizações do Partido «devem trabalhar como trabalhava Alfredo Dinis e acrescentava o camarada Álvaro Cunhal (no Rumo à Vitória): tal como ele, ao organizarem as pequenas lutas reivindicativas devem olhar audaciosamente em frente. Procurando incansavelmente alargar as lutas, unificá-las, fundi-las, conduzi-las a etapas superiores, encontrando em cada fase as formas eficientes de organização».
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Com este comício, e com a romagem realizada no mesmo dia, terminou o ciclo dedicado a Alfredo Dinis promovido pela Comissão Concelhia de Loures. Em várias sessões, foram debatidos temas como o contexto histórico em que viveu e morreu Alex, a organização do Partido, as lutas operárias, as forças repressivas e a resistência e a imprensa do Partido.
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N.º 1910
8.Julho.2010 - Avante
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