30-06-2009
Os cinemas também se abatem
O cinema tem a ver com o espectáculo – a sala às escuras, o ecran luminoso.
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As voltas que o mundo der, não modificarão a ideia de que o cinema, para ser sentido, tem que ser visto numa sala. É aí, como dizia Roland Barthes, que se produz esse festival de afectos a que chamamos filme. O resto frequenta-se mas falta aquele sabor.
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Eram “com” e não “de” que dos filmes se dizia nos anos 50, o tempo em que o cinema se lhe agarrou à pele como sarna. Queríamos saber os nomes dos actores. Não se lembra de se preocupar com o nome dos realizadores. Sobretudo o nome das actrizes, e mais tarde veio a saber que uma das razões pelas quais o cinema existe é, de facto, para filmar as mulheres. Com Truffaut, aprendeu que as pernas de uma mulher marcam o compasso do mundo, seja lá o que ele pensa que isso é.
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Quem gosta da vida vai ao cinema. É lá que tudo se passa.
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Lauro António, entre Setembro de 1974 e Março de 1975, realizou um filme a que chamou “Vamos ao Nimas”.
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O filme foi estreado, em Lisboa, nos cinemas Estúdio, Apolo 70, Tivoli e Olympia e pretende ser uma evocação dos “cinemas de bairro” que já não existem, de salas de cinema que pelo país, um pouco por toda a parte foram encerrando as portas, e em muitos casos, com os edifícios destruídos.
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Diz Lauro António: “por maquinações do capitalismo, os velhos “clássicos”da aventura, do humor, do “suspense” ou do amor cederam progressivamente o seu lugar a este estendal de violência gratuita, de especulação, de barbárie que por todo o lado cresce. Enquanto desaparecem as salas que viram nascer e morrer uma época de ouro.”
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Ainda Lauro António:
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"Aqui existiu uma sala de cinema. Uma sala popular. Um bilhete para uma sessão dava direito a ver duas fitas em reprise.
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Aqui existiu uma sala de ilusões. Aqui Gene Kelly dançava à chuva.
Marilyn amava.
James Bond tinha ordem para matar.
Chatrlot dava pontapés nos polícias
Os Marx faziam coisas impossíveis
Tarzan lutava com crocodilos-"Me Tarzan. You Jane."
Zorro e Fantomas na mesma sessão.
Bogart em "Casablanca"
A malta sorria - ria - sonhava - vibrava."
Quem viu o filme de Giuseppe Tornatore, “Cinema Paraíso”, saberá do que se está falar.
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No sótão encontrou uma série de programas de cinemas, uns que já não existem, outros que, existindo ainda, deixaram de o ser.
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Os programas eram distribuídos gratuitamente, mas havia sempre uma cumplicidade que levava ao gesto de uma moeda para o arrumador.
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Partindo desses programas, falará do que à rede vier.
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Dado que este blogue tem uma tradição de gosto pelo cinema, pelos cinemas, e ele anda por aqui há pouco tempo, é provável que surja uma ou outra duplicação. Mas pensa que não será problema de maior. Poderemos chamar-lhe um “remake” de algo que por aqui já passou.
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Por fim: o título é retirado do programa do filme de Lauro António “Vamos ao Nimas”.
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As voltas que o mundo der, não modificarão a ideia de que o cinema, para ser sentido, tem que ser visto numa sala. É aí, como dizia Roland Barthes, que se produz esse festival de afectos a que chamamos filme. O resto frequenta-se mas falta aquele sabor.
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Eram “com” e não “de” que dos filmes se dizia nos anos 50, o tempo em que o cinema se lhe agarrou à pele como sarna. Queríamos saber os nomes dos actores. Não se lembra de se preocupar com o nome dos realizadores. Sobretudo o nome das actrizes, e mais tarde veio a saber que uma das razões pelas quais o cinema existe é, de facto, para filmar as mulheres. Com Truffaut, aprendeu que as pernas de uma mulher marcam o compasso do mundo, seja lá o que ele pensa que isso é.
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Quem gosta da vida vai ao cinema. É lá que tudo se passa.
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Lauro António, entre Setembro de 1974 e Março de 1975, realizou um filme a que chamou “Vamos ao Nimas”.
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O filme foi estreado, em Lisboa, nos cinemas Estúdio, Apolo 70, Tivoli e Olympia e pretende ser uma evocação dos “cinemas de bairro” que já não existem, de salas de cinema que pelo país, um pouco por toda a parte foram encerrando as portas, e em muitos casos, com os edifícios destruídos.
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Diz Lauro António: “por maquinações do capitalismo, os velhos “clássicos”da aventura, do humor, do “suspense” ou do amor cederam progressivamente o seu lugar a este estendal de violência gratuita, de especulação, de barbárie que por todo o lado cresce. Enquanto desaparecem as salas que viram nascer e morrer uma época de ouro.”
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Ainda Lauro António:
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"Aqui existiu uma sala de cinema. Uma sala popular. Um bilhete para uma sessão dava direito a ver duas fitas em reprise.
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Aqui existiu uma sala de ilusões. Aqui Gene Kelly dançava à chuva.
Marilyn amava.
James Bond tinha ordem para matar.
Chatrlot dava pontapés nos polícias
Os Marx faziam coisas impossíveis
Tarzan lutava com crocodilos-"Me Tarzan. You Jane."
Zorro e Fantomas na mesma sessão.
Bogart em "Casablanca"
A malta sorria - ria - sonhava - vibrava."
Quem viu o filme de Giuseppe Tornatore, “Cinema Paraíso”, saberá do que se está falar.
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No sótão encontrou uma série de programas de cinemas, uns que já não existem, outros que, existindo ainda, deixaram de o ser.
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Os programas eram distribuídos gratuitamente, mas havia sempre uma cumplicidade que levava ao gesto de uma moeda para o arrumador.
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Partindo desses programas, falará do que à rede vier.
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Dado que este blogue tem uma tradição de gosto pelo cinema, pelos cinemas, e ele anda por aqui há pouco tempo, é provável que surja uma ou outra duplicação. Mas pensa que não será problema de maior. Poderemos chamar-lhe um “remake” de algo que por aqui já passou.
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Por fim: o título é retirado do programa do filme de Lauro António “Vamos ao Nimas”.
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