Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 21 de julho de 2009

Cinema - O Homem no Espaço



















Quando a vida imita a arte:

O homem na lua

Muito antes de Neil Armstrong,

o homem já havia pisado na lua

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20/07/2009
Ederli Fortunato

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Hoje faz 40 anos que Neil Armstrong pisou na lua. Mas ao contrário do que dizem, essa não foi a primeira vez que um ser humano esteve por lá. E estamos aqui para provar!

O homem pousou na lua em 1902. O grande passo da humanidade foi um pequeno passo para Georges Méliès, que muito antes da criação do termo efeitos especiais usou todos à sua disposição e fez seus astronautas chegarem sem problema a uma lua com rosto em Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune). E, talvez numa previsão do quanto seríamos capazes de destruir a natureza no futuro, o homem enfiou seu foguete bem no olho do pobre satélite.

Anos depois de Méliès mandar seus homens, Fritz Lang igualou a guerra dos sexos enviando uma mulher à lua, em 1929, em A Mulher na Lua (Die Frau in Mond), baseado num livro de Thea von Harbou. O filme marcou a estreia de um elemento que se tornaria essencial dentro e fora da ficção científica, a contagem regressiva, e contou com a consultoria de Hermann Oberth e Willy Ley, cientistas especializados em foguetes. A ligação de Oberth com Fritz Lang começou quando o cineasta leu O Caminho para a Viagem Espacial (Wege Zur Raumschiffahrt), escrito pelo cientista. E o interesse de Oberth pela viagem ao espaço começou quando leu Da Terra à Lua, de Júlio Verne. Oberth e um de seus assistentes, Wernher Von Braun planejaram até construir um foguete que seria lançado na estreia do filme, um golpe publicitário hollywoodiano que não aconteceu. A dupla trabalharia depois no programa de bombas V2, e a semelhança entre os mísseis reais e o foguete de Die Frau in Mond levou os nazistas a proibir o filme. Em 1969, Oberth foi um dos convidados especiais presentes ao momento em que o Saturno V partiu levando a Apolo 11, parte do programa espacial em que Von Braun era a maior estrela.

Depois de homens e mulheres, em 1948 foi a vez do cinema enviar um animal à lua muito antes dos russos despacharem sua cadela Laika para o espaço. Em Coelho Espacial (Haredevil Hare), Pernalonga é um roedor pouco convencido de que esta coisa de ir à lua tem algo de bom até ver o foguete ser carregado com cenouras. O filme marca a estreia de Marvin, o Marciano, que deseja, como bom alienígena, destruir a Terra. No final, o coelho terráqueo segue seus compatriotas humanos e nosso inocente e romântico satélite termina reduzido a um pedaço em forma de minguante.

Em 1950, a produção de Destino Lua (Destination Moon) recorreu a Robert A Heinlein, para mostrar pela primeira vez no cinema estadunidense como seriam foguetes e viagens espaciais de verdade. Heinlein, considerado a figura mais influente da ficção cientifica dos Estados Unidos, autor de Estranho Numa Terra Estranha, usou seu livro Rocket Ship Galileo como base para o roteiro. Assim como Lang, o realismo de Heinlein não casou bem com as autoridades. Em seu caso, os executivos de estúdio consideraram a superfície lunar muito chata para atrair o público. Heinlein teria mais um trabalho hollywoodiano, Project Moonbase, em 1953, em que um dos toques futuristas fica por conta dos Estados Unidos terem uma mulher como presidente. O cenário é a década de 70, vista como distante o suficiente no futuro para servir de cenário para o projeto de uma base na lua. Vinte anos depois, a realidade, como sempre atrás da ficção, ainda estaria em órbita da Terra com o Skylab, laboratório estadunidense que acabou caindo.

Os anos 50 marcam, também, o momento em que as obras de Júlio Verne deixam a proteção dos direitos autorais, dando o sinal para que Hollywood corra para adaptar suas aventuras para a tela grande. Da Terra à Lua e sua seqüência, Viagem ao Redor da Lua, servem de base para a produção da RKO de 1964. Seguindo a competição, a Columbia adaptou no mesmo ano Os Primeiros Homens na Lua (First Men in the Moon), de H.G. Wells. Na melhor tradição de Méliès, o melhor do filme são os efeitos especiais criados por Ray Harrihausen.

Em 1968, com a corrida espacial a pleno vapor, uma das idéias era apressar a chegada de um estadunidense à lua com um foguete Gemini modificado. A proposta é explorada em No Assombroso Mundo da Lua (Countdown), mas, Robert Altman concentra sua direção nos astronautas que se preparam para a viagem apressada pela política, a ponto do filme ser listado como drama, e não ficção científica.

1969 marcou o momento em que ficção e realidade se encontraram, mas idéias mal concebidas, foguetes de papelão, cenários estranhos e uma lua povoada jamais atrapalharam a credibilidade das viagens espaciais no cinema. A ponto de existirem advogados de que aquele dia em julho não passou de um bem engendrado plano do governo estadunidense. Neil Armstrong e Buzz Aldrin jamais teriam saído do chão, e suas cenas teriam saído para a TV direto de um estúdio hollywoodiano. Nada diferente da universidade, que no início do caminho havia rejeitado a tese de Hermann Oberth de construir foguetes por considerá-la por demais especulativa. Seja como for, após a festejada chegada da Apolo à lua, as viagens passaram a ser vistas como coisa do dia-a-dia, tão comuns que a Apolo 13, lançada em 1970, passou despercebida até que a missão se transformasse num desastre em que a morte dos astronautas era quase certa. O risco, a paixão dos envolvidos, muitos alimentados pelo mesmo Verne que inspirou Oberth, e a falta de interesse do público pelo que já consideravam um desafio vencido foi o recheio de Apolo 13, dirigido por Ron Howard em 1995, quando Tom Hanks inseriu “Houston, we have a problem” no vernáculo do planeta. O principal desafio da produção foi manter o suspense contando uma história cujo final o todo mundo já conhecia. Acabou também espantando ao mostrar astronautas fazendo cálculos com lápis e papel, e não foram poucos os que descobriram no escuro do cinema que sua calculadora de bolso tinha mais tecnologia que a NASA de 25 anos antes.

Se já tínhamos pisado na lua, a hora era de tomar conta do lugar. Em 1973 uma base na lua já era realidade em Moonbase 3, produção britânica que tentou mostrar de forma realista como seria estabelecer uma instalação científica no satélite. E, mais uma vez, a ênfase no realismo levou a série ao tédio e ao final depois de apenas seis episódios. O som não se propaga no espaço, mas, o fato nada científico é que um foguete sem som na tela não transmite emoção ou sensação. A TV britânica tentou mais uma vez em Espaço 1999. Depois de agredida e despedaçada, a lua desta vez é expulsa de sua órbita pelo mau gerenciamento de um enorme depósito de lixo nuclear localizado no lado escuro. A explosão faz com que o satélite passe a navegar pelo espaço, levando os 311 habitantes da Base Alfa a orbitar temporariamente outros planetas. Produzida por Gerry e Sylvia Anderson, os nomes por trás de Thunderbirds, Stingray e Capitão Escarlate, todos “estrelados” por marionetes, Espaço 1999 durou 48 episódios.

Tom Hanks e Ron Howard voltaram ao programa Apolo em 1999 como produtores de Da Terra à Lua. A minissérie da HBO conta o desenvolvimento do projeto Apolo em doze episódios, o último deles uma homenagem a Méliès, o primeiro cineasta a dirigir sua câmera para nosso solitário satélite.

Os dramas da tecnologia primitiva do projeto Apolo retornaram às telas em 2001 em The Dish, produção que aponta um personagem importante e pouco lembrado do pouso de Armstrong e Aldrin na lua, a Austrália. O filme mostra como a NASA teve de recorrer a uma antena em Parkes, Nova Gales do Sul, para a transmissão das imagens dos homens na lua quando mudanças nos planos da tripulação da Apolo tornaram os equipamentos principais incapazes de captar o momento histórico. Alguns detalhes não são exatamente verdadeiros, mas, o objetivo aqui era mais mostrar como um grupo de cientistas isolados numa cidadezinha australiana foi tão importante quanto a equipe monstruosa instalada na Flórida.

Se a realidade de um lugar estéril e frio jogou a lua para a posição de coadjuvante como cenário nos últimos tempos na ficção adulta, a liberdade de ter uma lua habitada com seres estranhos e uma flora ainda mais absurda continua firme e forte na animação infantil do século 21. Uma base e astronautas que investigam seres coloridos estão lá em Jim no Mundo da Lua. Talvez inspirado pela navegação de Luciano, embora as crianças provavelmente nunca tenham ouvido falar dele, Piggley Winks jura que um coice de bode o fez voar até a lua, onde aterrissou diante de monstros que parecem feitos de gelatina colorida em Jakers! Afinal, se em sua primeira viagem espacial cinematográfica o homem encontrou um satélite com cara de torta de creme, nada demais em encontrar seres que lembrem sobremesa de dieta.

Como já era de se esperar, o aniversário do primeiro pouso fez a lua voltar ao elenco principal este ano com Moon. A produção para TV estreou nos Estados Unidos no dia 17, aproveitando o aniversário da partida da Apolo 11. O enredo mostra um empreendimento particular de mineração de rochas com o objetivo de obter energia limpa, uma atualização que leva em conta que poucos governos poderiam hoje justificar os gastos de um programa espacial, e a necessidade de encontrar novas fontes de energia. O filme não é uma ficção científica, mas, um drama de suspense que repete o clima de perseguição paranóica de Alien e o robô falante de 2001. Também inclui algumas coisas difíceis de engolir, como um astronauta que passar por um período de três anos sozinho. O isolamento de Sam, o astronauta, no entanto, é explicado quando ele descobre uma segunda versão de si mesmo. As duas versões de Sam passam a se hostilizar, tentando descobrir quem é o clone de quem até a conclusão óbvia, quando Moon deixa de vez a ficção cientifica e se aproxima de histórias como O Informante. Os vilões de hoje não são mais alienígenas, ou a falta de tecnologia de uma missão que dá errado. A aventura cede lugar à conspiração. Só a lua permanece a mesma.

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in www.omelete.com.br/cine


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