Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sábado, 18 de julho de 2009

"O Caderno" de Saramago em Itália e Literatura Digital

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Literatura: Claudio Magris, Umberto Eco e Dario Fo vão apresentar

"O Caderno" de Saramago em Itália

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Lisboa, 25 Jun (Lusa) -- Os escritores Claudio Magris, Umberto Eco e Dario Fo vão apresentar em Itália o novo livro de José Saramago, "O Caderno", que será editado em Setembro pela Bollati Boringhieri, após Berlusconi ter impedido a sua editora, Einaudi, de publicá-lo.


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Lisboa, 25 Jun (Lusa) -- Os escritores Claudio Magris, Umberto Eco e Dario Fo vão apresentar em Itália o novo livro de José Saramago, "O Caderno", que será editado em Setembro pela Bollati Boringhieri, após Berlusconi ter impedido a sua editora, Einaudi, de publicá-lo.

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O anúncio foi feito hoje ao fim da tarde pela mulher de Saramago, Pilar del Rio, na sessão de apresentação da obra, uma compilação de textos divulgados pelo Nobel da Literatura 1998 no seu blogue, http://blog.josesaramago.org, entre Setembro de 2008 e Março deste ano, em que o escritor faz duras críticas ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, a quem chama "delinquente, corrupto, um líder mafioso".


Foi essa a razão que levou Berlusconi a vetar a publicação da tradução italiana de "O Caderno" na Einaudi, de que é proprietário e que já editou cerca de 20 títulos de Saramago, como sublinhou o autor de "Memorial do Convento".

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Inquirido sobre se tenciona continuar a atacar Berlusconi, Saramago começou por dizer que "os espanhóis têm uma expressão um pouco violenta para alguém que ataca, e volta a atacar, e volta a atacar: chamam-lhe 'mosca cojonera'".

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"Não é que eu me considere 'mosca cojonera' de Berlusconi, mas a verdade é que esse senhor -- para lhe dar um nome que não merece - é, desde há muito tempo, alvo da minha irritação. Acentuou-se nos últimos tempos, porque ele próprio entrou numa espiral de absurdo que não sei onde é que o leva. Parece que já não o leva à presidência da República italiana, mas em todo o caso, não há que fiar nas coisas que se dizem, porque a Itália é, nesse aspecto, imprevisível", observou.

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E gracejou, em seguida, chamando-lhe "Burlesconi" -- um nome dado ao político italiano por Zeferino Coelho, editor da Caminho, que publica a obra de Saramago em Portugal.

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Na sessão, que contou com a participação dos bloguistas José Mário Silva (Bibliotecário de Babel ) e Isabel Coutinho (Ciberescritas) e foi transmitida em directo pelo Sapo Vídeos (http://videos.sapo.pt/saramago) , o escritor, de 86 anos, falou sobre as vantagens e desvantagens dos blogues, a que aderiu como que contaminado "por um vírus", pela "necessidade de comunicar", e instado pela mulher, cuja capacidade de persuasão apontou como "uma das suas virtudes".

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Saramago destacou a quase simultaneidade entre palavra escrita e palavra lida na Internet, afirmando que "a única coisa de que o blog pode gabar-se é de ser rápido, assim uma espécie de pudim instantâneo".

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Enquanto decorria a sessão, teve provas da importância dessa rapidez na comunicação: Pilar leu-lhe um excerto de uma notícia divulgada pela agência noticiosa espanhola Efe, segundo a qual o escritor argentino Ernesto Sabato, que quarta-feira completou 98 anos e se encontra bastante doente, comentou que leu o "post" que Saramago lhe dedicou e ficou emocionado.

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Depois, o autor de "O Ano da Morte de Ricardo Reis" apontou as desvantagens dos blogs e da Internet em geral, sublinhando que "entre 80 e 90 por cento do que lá está não serve para nada, mas os restantes 10 por cento são preciosos".

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"Nós falamos demasiado e, depois do aparecimento do blog, passámos a escrever demasiado. E quando se fala demasiado, corre-se o risco de pensar pouco no que se diz e com os blogs é a mesma coisa", sustentou.

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"Eu estive praticamente 20 anos sem publicar, entre 1947 e 1966. Não escrevi, porque não tinha nada para dizer. Agora, com os blogs, toda a gente tem coisas para dizer! E eu também parece que acabei por dizer algo que, mais ou menos, valeu a pena", acrescentou.

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Para Saramago, o blog "é um espectáculo, um espectáculo sui generis, mas onde toda a gente vai fazer o seu monólogo, vai recitar o seu poema, vai fazer o seu truque de prestidigitação. É uma forma de dizer 'aqui estou eu'".

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E -- prosseguiu -- "como o ser humano precisa de dizer o maior número de vezes possível 'aqui estou eu', depois o blog transformou-se numa espécie de desaguadouro dessa ânsia de comunicação que não passa pelo crivo da pergunta: 'vale a pena?'".

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O escritor, que considera que escrever ao computador "é uma coisa normal", depois de ter começado pela caneta de tinta permanente, ter passado para a esferográfica e depois para a máquina de escrever, não é, no entanto, favorável à edição de livros online.

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"Como é que as pessoas que defendem as edições de livros online esperam que nós, escritores, vivamos?", interrogou-se, acrescentando esperar que "o livro feito de papel, com palavras impressas tenha ainda uma longa vida".

ANC.

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in Expresso -Lusa -23:30 Quinta-feira, 25 de Jun de 2009

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