Sexta, 18 Setembro 2009 15:29
.Ficção e documentário integram a programação da IV Semana do Cinema Português que vai decorrer em Budapeste, entre o próximo domingo e o final de Setembro.
.
O evento é organizado em conjunto pelo Instituto Camões/Embaixada de Portugal em Budapeste e pelo Arquivo Nacional de Cinema Húngaro que, este ano, presta homenagem à Cinemateca Portuguesa.
.
Doze películas serão exibidas durante a Semana que compreende ainda uma conferência por Tiago Baptista, conservador do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema desde 2002, que falará sobre o tema do livro que é autor, A Invenção do Cinema Português, editado em 2008.
.
A selecção dos filmes da Semana apresenta algumas das mais notáveis obras do cinema português dos últimos 45 anos, quando a «nova vaga» se impõe com Os Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha, e Manoel de Oliveira, depois de um longo interregno, filma e faz sair no mesmo ano Acto da Primavera.
.
Estes são dois dos filmes da Semana, que inclui também de Os Mutantes (1998), de Teresa Villaverde, Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990), de Manoel de Oliveira, Recordações da Casa Amarela (1989), de João César Monteiro, Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Martins Cordeiro, Juventude em Marcha (2006), de Pedro Costa, Aquele Querido Mês de Agosto (2008), de Miguel Gomes, Um Adeus Português (1985), de João Botelho, e o documentário Gestos & Fragmentos (1982), de Seixas Santos, que abre o evento.
.
Num esclarecedor texto em que faz a história do cinema português desde esses anos e que acompanha o programa da Semana, o crítico húngaro Tanner Gábor, sublinha que Manoel de Oliveira foi o único realizador que os cineastas da «nova vaga» não rejeitaram quando atingiram a maturidade.
.
À semalhança de Jean Renoir em França, Oliveira foi visto como «um exemplo moral». «Com algum exagero, podemos dizer: é devido a Oliveira que a história do cinema português tem um passado que vale a pena mencionar antes do advento da nova vaga», escreve Tabor.
.
Traçando as várias etapas do cinema português desde os anos 60, Gabor, que é também responsável pelas sinopses dos filmes apresentados na Semana, fala de como os cineastas portugueses abordaram temas como a ditadura e as suas origens, a ruralidade e o fenómeno da nova vida urbana, a guerra colonial e os seus efeitos na sociedade portuguesa e, mais recentemente, como acontece com cineastas como Teresa Villaverde e Pedro Costa, representados na Semana, as periferias marginalizadas das grandes cidades.
.
O crítico húngaro chama também a atenção para a «linguagem peculiar» usada pelos realizadores portugueses, «dificilmente compreensível para os estrangeiros, sendo já estranha às audiências nativas»
..
Daqui resultou o facto, segundo sustenta, de que o cinema português «se tornou num fenómeno underground genuíno, oferecendo uma experiência exclusiva para os apreciadores de filmes de arte, isto é, uma verdadeira aventura intelectual e um entusiasmo cultural».
.
18/09/2009
.
.
http://www.instituto-camoes.pt/hungria/45-anos-de-cinema-portugues-em-budapeste.html
.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário