Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 21 de março de 2010

Évora - Cidade Património Mundial da Humanidade



Évora Monumental... Convida
Évora merece uma visita apaixonada e oferece marcas do que foi nascendo ao longo dos séculos: igrejas monumentais, praças históricas, casario branco, ruas medievais…

Nos arredores da cidade a natureza abraça trigais e montes, albufeiras e riachos, paisagens solitárias de beleza sem igual…
As suas gentes hospitaleiras, o artesanato típico, a rica gastronomia, as tradições, os cheiros e sabores que caracterizam esta bela região esperam por si!



Évora, cidade histórica no coração do Alentejo, é herdeira de um rico e variado património cultural, construído e preservado ao longo do tempo. Fundada pelo povo romano e por este denominada Ebora Liberalitas Iulia, a cidade foi a praça-forte que alicerçou, no Além-Tejo, a formação do novo reino de Portugal durante a Reconquista cristã peninsular do séc. XII
Recortada no largo horizonte da planície do Alentejo, Évora guarda o esplendor de um brilho cultural que a tornam uma cidade única.
Lá dentro espera-o um mundo de imprevistos contrastes: ruas labirínticas, praças inundadas de luz, fontes da Renascença, pátios mouriscos, portais góticos, mirantes. E o eco de recordações históricas com mais de dois mil anos.
De Roma ficaram o gracioso templo, muralhas e termas e da "Yeborah" muçulmana, a malha urbana do bairro da Mouraria. Conquistada em tempo de D. Afonso Henriques, conquistou o coração dos reis de Portugal que nela quiseram morar. D. João II elegeu-a para os festejos do casamento do seu herdeiro com a filha dos Reis Católicos, os mais faustosos que o final da Idade Média conheceu. D. Manuel I teve a sua corte em Évora, bem como D. João III.A alta nobreza acompanhou os reis e construiu palácios de luxo como o dos condes de Basto e dos Senhores de Cadaval. Foi então que se ergueram o paço real onde o gótico se alia à influência decorativa do Islão, e grandes conventos como o de S. Francisco, com uma das mais arrojadas igrejas de Portugal. Foi a "idade de ouro" de uma cidade que atraiu artistas da Flandres, de Itália, de Espanha, que queriam contribuir para o seu brilho. Mestres do conhecimento humanista vindos de Salamanca e Paris acorreram à Universidade fundada em 1553, que ainda hoje funciona. São tantos os vestígios dos tempos de glória que a UNESCO declarou a cidade Património da Humanidade.
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Itinerários
O itinerário começa junto do Templo Romano. Atribuído a finais do séc. II é o ex-libris da cidade e mantém intactas muitas das elegantes colunas terminadas em capitéis coríntios de mármore de Estremoz, finamente decorados.
No lado norte do Templo prolonga-se um jardim que termina sobre a muralha romana, donde se desfruta um belo panorama que abarca a vasta planície do Alentejo. Do lado sul, instalada no edifício restaurado do antigo convento de São João Evangelista (séc. XV), encontrará o agradável ambiente da Pousada dos Lóios (instalada no convento do mesmo nome). É digna de visita a Igreja conventual, com entrada ao lado. Edificada no final do séc. XV, o pórtico gótico é um elemento relevante, assim como o revestimento azulejar.
O edifício que confina com esta igreja é o Palácio dos Duques de Cadaval (também conhecido por Palácio das Cinco Quinas) que foi residência desta notável família portuguesa. É rematado por ameias e flanqueado por duas imponentes torres e constitui um belo exemplar de moradia senhorial. Na torre quadrangular foi preso em 1483 D. Fernando, Duque de Bragança que, acusado de conspirar contra o rei D. João II, daqui sairia para ser decapitado na Praça do Geraldo. No palácio, poderá visitar o interessante Museu da Casa dos Duques de Cadaval.
Por trás da Pousada, o largo Marqueses de Marialva é dominado pela grandiosa da Sé de Évora, que encerra numa das torres o valioso Museu de Arte Sacra. Em frente, encontra-se o antigo palácio dos Inquisidores fundado em 1536. Sobre o frontão, vêem-se as armas da terrífica Inquisição que, só em Évora, ordenou mais de 22.000 condenações.
Um pouco acima da Sé, na Praça Conde Vila Flor, está instalado no Paço Episcopal o Museu de Évora. À direita da Praça encontrará a rua das Casas Pintadas. Numa residência actualmente habitada por padres jesuítas, morou entre 1519 e 1524, Vasco da Gama, descobridor da rota marítima para a Índia. Nela encontra-se um pequeno claustro manuelino decorado com frescos quinhentistas representando sereias e animais fantásticos, que porventura representam o imaginário dos Descobrimentos.
Do largo defronte da Sé parte a rua 5 de Outubro, que conduz directamente à Praça do Geraldo. Nesta rua encontrará um dos raros vestígios da muralha goda da cidade: a torre da Selaria.
Ladeada a norte por uma arcaria medieval, a Praça do Geraldo é assumida como o forum citadino, animado com simpáticas esplanadas e onde se impõe um belo chafariz quinhentista em mármore, rematado por uma coroa de bronze. Diz-se que as oito carrancas, também de bronze, correspondem às ruas que desembocam neste espaço. No extremo norte, mandou o Cardeal D. Henrique derrubar um pórtico romano com três arcos triunfais, e edificar em seu lugar a igreja de Santo Antão, consagrada em 1563.
Sob o céu límpido do Alentejo, parta desta praça central para descobrir uma história antiga que se revela no labirinto das ruas, onde os olhos atentos não deixarão de observar portais góticos, janelas manuelinas ou uma arcada que conduz à frescura de um pátio. Os próprios topónimos elucidam a crónica da cidade: das suas personalidades (rua de Vasco da Gama, de Mestre Resende, de Serpa Pinto), das profissões (rua dos Alfaiates, dos Mercadores), da ligação aos senhores locais (rua das Armas do Cardeal), de comunidades (Mouraria, Judiaria), ou ainda o espírito de humor do povo (Mal-Barbado, Cicioso, beco do Beiçudo).
Se preferir um itinerário mais preparado, saia da Praça do Geraldo pela rua da República até desembocar à esquerda num pequeno largo onde se ergue a Igreja de Nossa Senhora da Graça, um curioso monumento maneirista. Saindo deste largo para a direita, na direcção da Praça 1º de Maio, irá encontrar a Igreja de São Francisco, um dos exemplos mais marcantes do estilo gótico-mourisco que caracteriza tantos monumentos do Alentejo e no Jardim Municipal poderá ver o que resta dos Paços de São Francisco.
Na frontaria sobressai uma galilé com arcos de estilos diferentes, um exemplo típico do "casamento" entre os estilos gótico e mourisco que se encontra em tantos monumentos desta região de Portugal. Sobre o portal manuelino repare nas divisas dos reis que a mandaram construir, D. João II e D. Manuel I, respectivamente o pelicano e a esfera armilar.
A igreja tem a particularidade de ter uma nave única, que termina numa abóboda nervurada, a de maior vão no gótico português. Nos lados, encontram-se doze capelas, todas revestidas de talha barroca. A capela-mor, datada do início do séc.XVI, mantém ainda relevantes elementos renascentistas como as tribunas. Não deixe de observar na capela da Ordem Terceira, num dos braços do transepto, a harmoniosa decoração de pedra, talha e azulejo.
No interior, pode-se ainda visitar a curiosa Capela dos Ossos, construída durante o período filipino (séc. XVII), com os pilares e as paredes completamente revestidos por ossadas. De notar ainda o portal renascentista tardio com os capitéis das colunas decorados de forma diferente consoante a face que se vê (do exterior ou do interior).
Contornando a ábside da Sé de Évora, siga pela rua da Freiria de Cima reparando nos portais e janelas geminadas que ornamentam algumas das suas casas.
Seguindo pelas ruas de Cenáculo e Freiria de Baixo desembocará na rua de S. Manços onde se destaca a Casa de Garcia de Resende (que foi secretário régio, poeta e cronista), pelas três lindíssimas janelas manuelinas geminadas, decoradas com pequenas colunas e capitéis mouriscos.
Mais abaixo, no largo das Portas de Moura, para além da varanda mudéjar-manuelina da casa Cordovil, merece atenção um belo chafariz renascentista. É também de assinalar o interessante ângulo da Sé que se consegue avistar a partir deste local.
Não fica longe a antiga Universidade do Espírito Santo, fundada em 1559 pelo Cardeal D. Henrique para Colégio da Companhia de Jesus. É aqui que funciona, desde 1973, a casa-mãe da actual Universidade de Évora, frequentada por mais de 8.000 alunos. No edifício, destaca-se o claustro com dupla galeria para onde abrem salas ainda equipadas com cátedras e bancos da época escolástica e magníficos azulejos alegóricos às várias disciplinas que aqui se leccionavam. A Igreja do Colégio foi bem adaptada às funções pedagógicas, como o atestam o púlpito colocado a meio do salão e as excelentes condições acústicas. Numa das capelas encontra-se o grande Crucifixo de madeira que precedia as procissões dos autos-de-fé.
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Évora Monumental - Roteiro Histórico
Porta de D. Isabel: A Porta de D. Isabel fazia parte da muralha tardo romana, hoje conhecida por Cerca Velha. Esta porta, constituída por um arco perfeito de cantaria é a única sobrevivente em todo o recinto amuralhado da Cerca Velha. Marca a passagem da principal rua da cidade romana na direcção este-oeste - o Cardo Máximo -, da qual resta um troço de calçada bem conservado, sob o arco.
A muralha tardo romana, na qual esta Porta se insere, tinha cerca de 1.200m de extensão, e abrangia uma área de cerca 10ha. Estava protegida por fortes torres de cantaria, das quais ainda subsistem algumas, como as que defendiam as portas das Rua da Selaria (actual Rua 5 de Outubro) e da Porta de Moura.
O seu nome remonta ao séc. XVII, já que na Idade Média era conhecida pela Porta do Talho do Mouro. De facto, o arrabalde da Mouraria nova, era ali a dois passos. top 
Termas Romanas: Em 1987, na sequência de obras nos Paços do Concelho, descobriram-se as termas romanas da cidade. O complexo até agora estudado tem cerca de 300m2, orientando-se no sentido sul/norte e obedecendo aos cânones vitruvianos. Os espaços já conhecidos constam de:
Laconicum - Sala circular de 9m de diâmetro, destinada a banhos quentes e de vapor. No centro encontra-se um tanque circular de 5m de diâmetro, embutido no solo, com três degraus. O fundo do tanque é de opus signinum (argamassa feita de cal hidráulica, areia e tijolo míudo) e possui uma profundidade de 1.30 m. O laconicum está rodeado do seu sistema de aquecimento.
Praefurnium - Espaço visitável ao lado direito, que contém a fornalha, serviria de sistema central de aquecimento das salas adjacentes. Daqui o Laconicum era aquecido mediante combustão de madeira.
Natatio - Piscina rectangular de ar livre, rodeada de pórticos, com uma largura de 14.40 m e comprimento de 43.20 m. No lado leste da piscina eram lançadas as águas das termas, segundo se crê trazidas por aqueduto próprio que teria sido o antecessor do aqueduto de Água de Prata. Esta área não é visitável. top   
Templo Romano: O templo fazia parte integrante do fórum de que se conhece a praça lajeada a mármore e uma estrutura porticada envolvente, onde provavelmente estariam lojas (tabernae).
Foi este templo edificado em meados do século I, consagrando-se provavelmente ao culto imperial. Possuía uma planta rectangular do tipo hexastilo-períptero, medindo 24.60 m por 14.19 m, assentando num podium de 4 m de altura. Na sua construção foi usado granito local, bem como mármore de Estremoz nos capitéis coríntios e na base. Um espelho de água em forma de U circundava-o.
A história do Templo confunde-se com a história de Évora. Na Idade Média foi utilizado como "açougue das carnes" (talho), sendo aí o principal ponto a retalho de venda de carne da cidade. Em 1870, decidiu-se repor a traça original disponível. Assim, e sob a orientação do italiano G. Cinatti, foi restaurado como hoje se exibe, ainda que sem cela, arquitrave, friso e muitas das suas colunas. Nesse processo colaboraram muitos nomes ilustres do tempo, entre eles Alexandre Herculano.
Em ex-líbris da cidade se tornou, ainda que nunca tivesse sido consagrado à deusa Diana, como popularmente se afirma. top
 
Catedral de Évora: Consagrada a Santa Maria, foi edificada entre 1283 e 1308, num período já de afirmação do gótico, mas onde ainda se assiste à permanência da linguagem decorativa românica. A catedral foi construída em terreno difícil, de forte inclinação, onde o engenho de arquitectos e o saber dos canteiros foi duramente posto à prova.
A Catedral tem três naves. Na central, podemos ver a imagem medieval da Nossa Senhora do Ó; defronte, o Anjo da Anunciação, obra posterior do flamengo Olivier de Gand. Se aí pararmos poderemos ver, em cima à direita, entre os arcos do trifório, um busto. É o arquitecto da catedral, que assim posa para a posteridade; as iniciais que exibe (C. E.), definem-no: Constructor Edit.
Estilos vários e épocas diversas caracterizam a catedral, dando-lhe todavia uma unidade particular. O claustro gótico é da primeira metade do século XIV. Aí está sepultado o bispo fundador - D. Pedro -; aí funcionou o primeiro concilium (concelho) da cidade, de que resta memória na pedra de armas mais antiga da cidade. O arco da capela do Esporão é a primeira manifestação do Renascimento em Évora; a capela-mor é barroca (substituiu a abside gótica em 1717), obra de D. João V, com mármores alentejanos engalanando-a; já o cadeiral do coro é quinhentista, com desenhos flamengos. Saliente-se ainda o museu de Arte Sacra, com rico espólio. Aqui também funcionou a Escola Polifónica da Sé de Évora, que, sobretudo em Quinhentos, teve grande projecção, sob a protecção do Cardeal-Rei D. Henrique.
No portal, por entre marcas de canteiros medievais que na pedra deixaram a sua memória, salientam-se o apostolado, obra de grande sensibilidade artística, reflectindo no mármore a visão medieva da palavra divina, transmitida sob a forma de recado, de conselho, de aviso. top
   
Praça de Giraldo: A meio do percurso deste roteiro, eis que o visitante chega à Praça Grande, a actual Praça do Giraldo, herdeira do "chão" onde se fez a primeira feira franca eborense, ainda em tempo de D. Dinis. Era a confluência de percursos urbanos polarizados pelos mosteiros mendicantes de S. Francisco e S. Domingos.
Rompida a Cerca Velha, Évora crescia rumo à muralha fernandina do séc. XIV. Aqui estava o centro político e o centro religioso: de um lado os paços do concelho, do outro a igreja de Stº. Antão, que iniciou o estilo "chão" alentejano, e que foi erguida sobre a primitiva igreja gótica de Antoninho. Espaço também de quotidianos. Nas arcadas a toda a volta se fazia (e faz) o comércio. Aqui se fizeram autos-de-fé, torneios, justas e touradas. Aqui estava o pelourinho e a Casa de Ver o Peso; aqui ficavam os antigos Estáus da Coroa, que ocupavam o quarteirão entre a antiga Rua da Cadeia e a Rua do Raimundo. Aqui está a fonte henriquina, construída sobre um antigo chafariz incluso num pórtico, e onde terminava a água trazida ao longo de 18km, desde as fontes da Prata. top

   
Igreja Real de S. Francisco: Com o triunfo da dinastia de Avis, em 1385, com a chegada das riquezas do Oriente, Évora assume-se cada vez mais como centro político e vila cortesã. Muitos foram os reis que aqui passaram, tornando-se cidade preferida de monarcas. Aqui começaram a surgir edificações que a enobrecem. A igreja conventual e palatina de S. Francisco, edificada por D. João II e concluída no reinado de D. Manuel I, foi construída sobre uma primitiva igreja gótica do século XIII.
A fachada destaca-se pela volumetria dos coroamentos, constituídos por coruchés cónicos, por gárgulas de cariz zoomórfico, por ameias chanfradas e por um pórtico onde se exibem os emblemas régios dos dois monarcas seus mecenas.
Exemplar notável do tardo-gótico alentejano, a igreja tem uma só nave (uma das maiores de Portugal), ladeada por capelas comunicantes. Na abóbada ogival estão de novo patentes os símbolos que a ligam à expansão e aos seus fundadores: a Cruz de Cristo, o pelicano de D. João II, a esfera armilar de D. Manuel I. À direita do altar-mor, as janelas serviam para que os reis assistissem à missa, vendo assim o padre de frente, numa época em que o sacerdote oficiava sempre de costas para os fiéis. top
   
Igreja e Convento da Graça: Em plena expansão portuguesa, as ambições imperiais gravaram-se nas pedras da Igreja da Graça. Edificada em formas clássicas tão ao gosto do Renascimento, a Igreja foi feita talvez para servir de túmulo ao seu mentor: D. João III. O arquitecto foi Miguel de Arruda. Também aqui trabalhou Nicolau de Chanterene, o mais notável escultor francês que entre nós, no século XVI, desenvolveu a sua arte; são da sua autoria, além da fachada da igreja e janelas da capela-mor, os túmulos dos patronos - D. Francisco de Portugal e esposa - hoje expostos no Museu de Évora.
É uma das mais significativas obras do nosso Renascimento, para o que contribuiu a cultura humanista de D. João III. Ele mesmo mandou gravar na fachada um título de pendor romano: "Pai da Pátria". No pórtico, em cima, temos então as marcas do sonho do Império: os "quatro meninos da Graça", as estátuas dos gigantes (ou atlantes) que carregam as quatro partes do mundo onde os portugueses aportaram. top

   
Largo da Porta de Moura: Em pleno Renascimento, Évora cobre-se de monumentos. Grandiosos uns, mais utilitários outros, mas todos dignos de realce. Como a fonte renascentista de 1556, obra de Diogo de Torralva, mandada erigir pelo maior mecenas da cidade, o Cardeal-Rei D. Henrique. O seu chafariz era um dos principais pontos de abastecimento de água na cidade antiga. Esta fonte foi construída com donativos públicos dos vizinhos do largo; um dos que participou foi o mais afamado tipógrafo da cidade, André de Burgos.
Outros motivos de interesse tem este Largo da Porta da Moura. Defronte da fonte, a casa Cordovil, com o seu mirante em manuelino-mudejar, mescla do estilo próprio da expansão (o manuelino), com o estilo de inspiração mourisca (o mudéjar).
Entre as torres que guardam a antiga Porta de Moura, situa-se a janela manuelina chamada de Garcia de Resende, poeta e cronista eborense do Renascimento português, e autor do Cancioneiro Geral, (compilação de toda a tradição poética portuguesa do século XV e XVI). top
   
Universidade de Évora / Colégio do Espirito Santo: Em 1551, com o patrocínio do Cardeal-Rei D. Henrique, foi instituída a Universidade de Évora, sob orientação jesuíta. Sete anos mais tarde, o papa Paulo IV, deu-lhe concede-lhe a necessária bula. Aqui se leccionavam os cursos de Teologia, Filosofia, Matemática e Retórica.
Cedo a universidade eborense se assumiu como um bastião do saber, apesar do controle inquisitorial. As suas instalações, de raiz, eram consideradas modelares, melhores de resto que as da sua congénere coimbrã. No seu conjunto monumental salientam-se o Claustro dos Gerais com dupla galeria de ordem toscana; a Sala dos Actos, em estilo barroco; os azulejos historiados com alusões a autores clássicos (Platão, Virgílio, Aristóteles, Arquimedes); a igreja maneirista do Espírito Santo (séc. XVI); a capela seiscentista de Nossa Sª. da Conceição; a antiga livraria. Numa galeria do andar cimeiro, uma estátua do historiador eborense Túlio Espanca - autodidacta aqui sagrado Doutor Honoris Causa - vela por este templo do saber.
Extinta no século XVIII (1759), a Universidade retornou à cidade em 1979. top
   
Porta do Moinho de Vento: O fim deste percurso não é isento de simbolismo. Aqui, na Porta do Moinho de Vento, chegámos ao local onde as cercas se tocam: a velha e a nova, isto é, onde muralha nova medieval se encontra com a velha muralha romana. Na verdade, a poucos metros, à esquerda, temos a Porta de D. Isabel, onde começámos esta viagem pelo tempo e pela História de Évora. Para trás deixámos a soberba vista do Palácio dos Condes de Basto, obra quinhentista edificada sobre o antigo castelo da cidade (Alcáçova Velha); para trás deixámos o troço de muralha romana onde assentam a actual pousada e a Igreja dos Lóios.
O topónimo "Porta do "Moinho de Vento", remonta ao séc. XIII, mas o local certo levantou dúvidas durante muito tempo. Este topónimo referiu-se, até ao século XV, a uma outra porta já desaparecida, passando, depois, a designar a actual. Aqui nasce a cerca fernandina (a "cerca nova"), que se estende por 3 km, e onde originalmente se abriam 10 portas.
Neste local, reencontram-se as idades Évora. O ciclo fecha-se. Ou volta a abrir-se, na cidade Património da Humanidade.
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Évora: Capital do Megalitismo Ibérico
Os arredores de Évora, e sobretudo o território a Oeste da cidade, constituem, em termos peninsulares, a paisagem megalítica mais diversificada e monumental.
A quantidade e as dimensões dos monumentos megalíticos de Évora relacionam-se, antes de mais, com a posição privilegiada deste território, em termos de transitabilidade natural: de facto, nos arredores da cidade, encontramos o único ponto em que as bacias hidrográficas dos três maiores rios do Sul - o Tejo, o Sado e o Guadiana - se tocam.
O papel estruturante, nas redes viárias primitivas, desempenhado pelos cursos de água e pelos festos - as linhas divisórias das bacias hidrográficas - foi certamente determinante na excepcionalidade do megalitismo eborense.
Por outro lado, se considerarmos o megalitismo como um fenómeno enraizado nas práticas culturais das últimas comunidades de caçadores-recolectores, em face de profundas transformações, vindas do Mediterrâneo oriental, juntamente com o modo de vida agro-pastoril, o carácter específico da área de Évora parece ser uma consequência das dinâmicas dessas comunidades que tiveram, nos estuários do Tejo e do Sado, tal como na Bretanha, dois dos núcleos mais importantes da fachada atlântica europeia.

Os monumentos/sítios, propostos neste Roteiro, não estão isolados. Só no distrito de Évora, conhecem-se, actualmente, mais de uma dezena de recintos megalíticos, quase uma centena de menires isolados (ou associados em pequenos grupos), perto de oitocentas antas e cerca de quatrocentos e cinquenta povoados "megalíticos". Existem ainda alguns raros exemplares de monumentos aparentados, os tholoi, e, na área da Barragem do Alqueva, foi recentemente descoberto um extraordinário santuário de arte rupestre, actualmente submerso. Conhecem-se igualmente cerca de uma centena de pedras com covinhas, monumentos misteriosos certamente relacionados com o megalitismo; com efeito, as covinhas surgem, frequentemente, gravadas nos próprios monumentos megalíticos.
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2000 anos antes de Stonehenge: o recinto megalítico dos Almendres

O maior monumento megalítico da Península Ibérica e um dos mais antigos monumentos da Humanidade.
Foi construído há cerca de 7000 anos, nos alvores do Neolítico, a época em que surgiram, na Europa ocidental, as primeiras comunidades de pastores e agricultores, no contexto de profundas transformações culturais.
O recinto dos Almendres cuja planta original era, muito provavelmente, em forma de ferradura, aberta a nascente, parece ter sofrido acrescentos e remodelações: a forma actual do monumento, relativamente complexa, resulta, por um lado, dessas intervenções antigas e, por outro, de amputações e perturbações muito recentes. Actualmente, conta com cerca de uma centena de monólito, alguns deles decorados.
A escolha dos lugares em que estes monumentos foram erigidos, teve seguramente em conta a estrutura física da paisagem, nomeadamente a rede hidrográfica, mas também os fenómenos astronómicos mais notórios, relacionados com os movimentos anuais do Sol e da Lua, no horizonte.
Nos arredores de Évora, numa área restrita, a Oeste da cidade, localizam-se outros dois recintos do mesmo tipo - Portela de Mogos e Vale Maria do Meio. Este conjunto constitui a maior concentração de menires da Península, demonstrando o papel especial que esta região desempenhou na génese do megalitismo europeu. top

As pedras solitárias: o menir do Monte dos Almendres

Como na maioria das regiões megalíticas europeias, existe, na região, um número elevado de menires isolados, alguns deles em aparente articulação espacial com os recintos e genericamente contemporâneos.
O menir do Monte dos Almendres é um exemplar de forma ovóide alongada, característica dos menires da área de Évora e exibe um báculo, gravado em baixo-relevo, na parte superior.
O báculo é o tema mais frequente nos menires alentejanos (e igualmente muito bem representado, nos menires bretões); trata-se de um tema que evoca certamente a economia neolítica, em que a pastorícia desempenhou um papel central; reflecte igualmente os fundamentos da ideologia neolítica, em que o domínio da natureza, a domesticação de animais e plantas, constituiu um dos temas dominantes.
Alguns dos menires foram decorados com motivos que reforçam, de um modo geral, o respectivo carácter antropomórfico: estamos, na verdade, perante as primeiras estátuas representações tridimensionais e em grande escala, da figura humana. O nascimento da estatuária.
A localização do monumento relaciona-se claramente com a do recinto dos Almendres, uma vez que corresponde a uma direcção astronómica elementar: o menir, visto a partir do recinto, indica a posição do nascer do Sol, no dia maior do ano, o dia do Solstício de Verão. top

A catedral megalítica: Anta Grande do Zambujeiro
As antas são monumentos funerários colectivos que correspondem, de uma forma geral, a uma segunda fase do megalitismo regional; foram construídas, na sua maioria, nos finais do Neolítico, há menos de seis mil anos.
Os monumentos megalíticos funerários mais antigos eram formalmente semelhantes, embora de pequenas dimensões e sem corredor, correspondendo geralmente a enterramentos individuais.
A Anta Grande do Zambujeiro é, provavelmente, a mais alta do mundo, com grandes esteios de granito que atingem cerca de 6 m de altura. A estrutura pétrea do monumento é constituída por uma câmara definida por sete esteios (mais uma pedra de fecho, por cima da entrada da câmara) e um corredor longo. O conjunto era coberto com tampas monolíticas; a laje de cobertura da câmara jaz actualmente sobre a mamoa, no lado poente.
O monumento conserva ainda uma boa parte da mamoa, o montículo de terra e pedras que cobria e ocultava originalmente, pelo exterior, a estrutura pétrea. Na periferia da mamoa, foi construído um anel de contenção, com esteios fincados.
O estado actual do monumento, relativamente periclitante, resultou de uma intervenção antiga que, por ter retirado parte da mamoa, reduziu drasticamente a estabilidade do conjunto; foi, por isso, necessário, construir uma cobertura provisória e estabilizar alguns pontos mais sensíveis da estrutura, enquanto não é possível uma recuperação mais definitiva do monumento.
Para além da anta propriamente dita, existem, junto ao monumento, dois enigmáticos blocos graníticos, de grandes dimensões; um deles, de forma paralelepipédica, à entrada do corredor, e outro, nas imediações, com a face exposta crivada de covinhas. top

As origens pré-históricas da cidade de Évora: O povoado do Alto de S. Bento

O Alto de S. Bento é o grande miradouro natural sobre a cidade, a nascente, e sobre uma das paisagens melhor conservadas dos arredores de Évora, a poente.
Em todo o cimo do cabeço, têm sido recolhidas, desde o século XIX, evidências de um povoado pré-histórico, cuja fase mais antiga remonta aos inícios do Neolítico regional (há cerca de 7000 anos) e cuja ocupação se prolongou, pelo menos, até aos inícios do Calcolítico (há cerca de 5000 anos).
Trata-se de um verdadeiro povoado "megalítico", no sentido em que foi ocupado durante todo o período em que, na região, foram construídos os menires e as antas, e também porque, originalmente, no local, existiam, muito provavelmente, grandes afloramentos graníticos, entretanto muito reduzidos pela exploração de pedreiras.
Na verdade, conhecem-se hoje, no Alentejo Central, inúmeros locais de povoamento dessas épocas, em que a característica mais notória é, precisamente, a presença de grandes rochedos graníticos que evocam, naturalmente, os verdadeiros monumentos megalíticos.
No caso do Alto de S. Bento podemos, com propriedade, falar nas origens mais antigas da cidade de Évora. Na verdade, o povoado expandiu-se, sobretudo a partir dos finais do Neolítico, para áreas limítrofes, com destaque para o povoado de S. Caetano, a Sudoeste, e da Quinta do Chantre, a Nascente; se considerarmos, no seu conjunto, os vários núcleos conhecidos, estamos, sem dúvida, perante o maior povoado pré-histórico conhecido no concelho, e um dos maiores da região.
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Gastronomia
Migas, açorda, ensopado de borrego, carne de porco à alentejana, sopas (tomate, cação, da panela) e gaspacho
Doce de amêndoa, encharcada, sericá e bolo rançoso
Vinhos tintos e brancos: Évora, Arraiolos, Avis, Borba, Estremoz, Montemor-o-Novo, Moura, Mourão,Portalegre, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Sousel e Vidigueira.

Queijinhos de Evora
Estes "queijinhos" foram ganhando notoriedade pelo seu original sabor ligeiramente picante e algo acidulado, encontrando-se nas décadas mais recentes as suas características principais definidas e estabelecida a sua merecida fama.
De cor amarelada que vai escurecendo em contacto com o ar, o Queijo de Évora é curado e apresenta-se duro (de sabor mais acentuado) ou semiduro, de crosta lisa ou um pouco rugosa.
O corte revela uma pasta amarela macia, fechada e bem ligada.
Guardado nas "rouparias" em ambiente fresco e húmido, o queijo ali permanecerá entre um mês (pasta semidura) e três meses (pasta dura), até atingir o ponto certo de maturação.
Membro notável da família dos queijos tradicionais alentejanos, o Queijo de Évora - DOP, cuja produção está circunscrita a 17 concelhos do coração do Alentejo, faz já parte da tradição da região à volta de Évora, cidade de notabilíssimas tradições e feiras seculares.
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