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PEDRO ABRANCHES VASCONCELOS.
Nesta morada há uma casa modernista que é (que foi) muito bonita. Foi projectada pelo Arq.º Celestino de Castro [1920-2007] talvez nos princípios dos anos 50. Descobri-a quando ainda andava a estudar na chamada “Escola do Porto”, no fim dos anos 80. Nessa altura era ainda uma casa e era muito parecida com as que apareciam no livro do Le Corbusier “Por uma Arquitectura” - que foi o primeiro que li, em vez do compulsivo e inefável “Saber Ver a Arquitectura”.
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Depois, há alguns anos, esta casa deixou de ser uma casa e passou a ser uma escola de condução. Desapareceu primeiro o enorme pinheiro que tinha em frente. Mais tarde o jardim a toda a volta foi substituído por lagetas de betão a imitar calçada. Deixaram também de se ver os bocadinhos cor de laranja que forravam o seu interior para lá das janelas.
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Ontem, reparei que tinham substituído a sua bela caixilharia de madeira por uma caixilharia de alumínio lacada a “bordeaux”. Esta caixilharia liga com o novo portão de garagem lacado à mesma cor e com as grades metálicas que forram o rés-do-chão. Tudo “bordeaux”. O granito que aparecia em algumas das empenas foi também pintado e um dos “brise-soleil” suporta agora um ar condicionado.Também no Porto, noutra morada, existe a sede da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. Esta secção é a mesma que organizou os encontros “Do.Co.Mo.Mo”, para promoção e defesa da Arquitectura Modernista, e a mesma que que patrocinou a edição recente do catálogo “Porto 1901/2001, Guia de Arquitectura Moderna”.
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É também a mesma que participa, de há alguns anos para cá, na Comissão de Defesa do Património da Câmara Municipal do Porto. O “Do.Co.Mo.Mo” e o catálogo de nada serviram à desastrosa transformação da casa da Rua do Amial mas podem, a prazo, ajudar. Faz, por isso, algum sentido que a Ordem dos Arquitectos aí estivesse presente.
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A Comissão de Defesa do Património da Câmara Municipal do Porto, que existe há mais de 10 anos, não classificou ainda, ao que julgo saber um único edifício na Cidade. Produz regularmente pareceres, que não são vinculativos nem eram assinados, sobre projectos de licenciamento da autoria de Arquitectos. Objecções a estes pareceres deverão ser feitos por via postal já que a Comissão se recusa a receber pessoalmente qualquer Arquitecto.
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Esta Comissão não serviu para ajudar esta casa nem serve, obviamente, para nada. É uma vergonha grande que a Ordem dos Arquitectos a ela se associe. O antigo Presidente da SRN da O.A. justificava a participação nesta Comissão com a frase “achei que era melhor estar lá dentro do que ficar de fora”. Será curioso saber qual a justificação do actual Presidente.
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Foto - RUA DO AMEAL, 942 PORTO PEDRO ABRANCHES VASCONCELOS 19 Agosto 2002
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Celestino J. De Abreu Castro, 1920-2007 - 16-08-2007
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* Tiago Mota Saraiva
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A Ordem dos Arquitectos manifesta o seu pesar e apresenta condolências à família. Celestino de Castro foi uma figura central do modernismo português.
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Embora referenciado em muitas publicações, o seu trabalho, que se confunde com a sua vida, é pouco conhecido.
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Entrevistei-o em 2004 (1), para falarmos sobre o 1.º Congresso Nacional de Arquitectura (1948) e o Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa (publicado pela 1.ª vez em 1961 e recentemente reeditado pela Ordem dos Arquitectos (2)) e acabámos a falar da sua vida, de Portugal, da União Soviética e do Mundo de hoje. Não quis que a entrevista tivesse imagem, pois o que lhe interessava era que as pessoas ouvissem o que tinha para dizer.
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Para além da sua participação nestes dois momentos históricos para aquilo que entendemos hoje como arquitectura portuguesa, Celestino de Castro, teve um percurso profissional e de vida indissociável da história de Portugal. Tem algumas encomendas de projectos nos anos 50, usufruindo de uma certa abertura do regime, nos anos 60 é obrigado “a mergulhar” na clandestinidade (1963) e, dois anos mais tarde, a exilar-se em França (1965). Regressa a Portugal em 1974, trabalhando fugazmente na Câmara Municipal de Lisboa, para mais tarde vir a desempenhar funções na Direcção Geral das Construções Hospitalares até Junho de 1990.
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A sua experiência de vida, de liberdade e de falta dela, de trabalho em França, de viagens de Moscovo a Washington, de sonho e utopia para aquilo que, mantendo-se sempre fiel aos seus princípios, entendia ser o caminho para a emancipação do seu povo torna-o, uma figura incontornável da arquitectura portuguesa do séc. XX.
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“É preciso perceber o contexto” – é desta forma que Celestino de Castro sempre iniciava qualquer discurso sobre o Congresso de 48. Celestino de Castro dizia só ter tido contacto com as propostas do movimento moderno a partir de 1945 (com o fim da II Grande Guerra Mundial) (3). Antes, dizia, os livros não entravam e a informação não chegava.
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“Durante a guerra as ideias modernas não chegavam. Não havia nada. A gente não tinha contactos. O fim da guerra coincidiu com uma intensificação, um conhecimento mais exacto dos movimentos de arquitectura que se passavam lá fora, nomeadamente os CIAM que, curiosamente, têm início no mesmo ano do início da ditadura do Salazar – 1928” “Em Fevereiro de 46 comprei o meu primeiro livro do Le Corbusier.” (Celestino de Castro; 2004)
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Existe um documento, em particular, que irá ter uma enorme importância para a nova geração de arquitectos portugueses. No quadro do IV CIAM (Pátris, 1933) foi elaborado um documento colectivo, que ficou conhecido para a posteridade como “Carta de Atenas” e, que seria publicado dez anos mais tarde por Le Corbusier (1943) (4). Celestino de Castro e Francisco Castro Rodrigues fizeram a primeira tradução integral para português, publicando-a entre Janeiro e Dezembro de 1948 na revista “Arquitectura”.
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A abertura do regime, em virtude do fim da guerra, e apesar da difícil situação económica do país, produz uma intensa circulação e produção de informação. Os arquitectos, sobretudo as gerações mais novas, centradas em torno de duas organizações culturais ODAM (Porto) e ICAT (Lisboa) (5), procuram pôr em causa aquilo que se entende como «casa portuguesa» ou «arquitectura de feição nacional» reivindicando que se faça um levantamento daquilo que é a arquitectura popular.
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Em 1945, Fernando Távora, em «O Problema da Casa Portuguesa» (6) lança o repto para que se faça “(...) um trabalho sério, conciso, bem orientado e realista, cujos estudos poderiam talvez agrupar-se em três ordens: a) a do meio português; b) da Arquitectura portuguesa existente; c) da Arquitectura e das possibilidades de construção moderna no mundo.” Keil do Amaral em 1947, diz ser “Uma Iniciativa Necessária” (7) a “(...)recolha e classificação de elementos peculiares à arquitectura portuguesa nas diferentes regiões do país, com vista à publicação de um livro, larga e criteriosamente documentado”.
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Chegados ao Congresso de 48 verifica-se que a classe está dividida entre aqueles que defendem “as exigências de um portuguesismo na Arquitectura” (8) e aqueles que já absorveram o pensamento moderno e aspiram ao internacionalismo. Contudo aquilo que seria pouco provável no sistema em que se vivia sucedeu – as conclusões do Congresso são claramente favoráveis aos (maioritariamente jovens) arquitectos do pensamento moderno. Esta situação não é propriamente o resultado espontâneo de uma tendência expressa no local e dias do Congresso. Conforme refere Celestino de Castro, “as teses já estavam feitas.” Celestino entende que o momento determinante em que se define a forma e conteúdos resultantes do Congresso é a noite em que é votada, no então Sindicato Nacional dos Arquitectos, a Comissão Executiva, tendo sido eleito para seu Secretário Geral o arquitecto Paulo Cunha.
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“O grupo do ICAT conseguiu no sindicato (por um voto) que o Secretário-geral do Congresso fosse eleito um homem que não era do fascismo – o Paulo Cunha. Bom, nessa altura já a malta estava familiarizada com a arquitectura internacional. Não só, mas sobretudo da Europa, sob influência da escola do Gropius, a Bauhaus e também dos CIAM. Da americana era o Wright e a arquitectura japonesa. (...) Era importante porque nessa altura [1948] o Sindicato dos Arquitectos estava na mão do Telmo... do Pardal Monteiro...” (9) (Celestino de Castro; 2004) .
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Mais tarde no Congresso apenas se verificaria aquilo que já se sabia. Existia uma nova geração de arquitectos modernos tanto em Lisboa (em torno de Keil do Amaral e do ICAT) como no Porto (em torno de Carlos Ramos e do ODAM) atentos àquilo que se passava no resto do Mundo e de cariz marcadamente internacionalista. De acordo com Celestino de Castro, a generalidade dos arquitectos que se constitui em torno do ideário moderno tinha uma conotação política de esquerda e, sobretudo no Porto, existia uma forte presença de comunistas. Tanto o ODAM como o ICAT, serviriam em 1949 como estruturas de base para o MUD e apoio à candidatura do General Norton de Matos.
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Os tempos pós-congresso não são de fechamento nem de repressão, naquilo que diz respeito à classe. Os arquitectos portugueses passam a conhecer-se melhor e começam a viajar frequentemente ao estrangeiro. As viagens tanto aos CIAM como aos Congressos da UIA são de vital importância. Esta nova geração passa também a ter muito trabalho, sobretudo em Lisboa, como consequência dos planos de Duarte Pacheco, começando a projectar cidade e edifícios públicos de escalas significativas. Poder-se-á dizer que nos anos 50 e até ao início da guerra colonial, existe uma vanguarda intelectual profundamente moderna na qual se concentra a maioria da encomenda pública (muitas vezes ganhos através de concurso público).
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“O Duarte Pacheco, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, teve uma iniciativa (que tomáramos nos haver nesta altura) decidindo comprar os terrenos de toda a zona de Alvalade, Olivais e Chelas tendo ficado propriedade da Câmara. (...) Aquilo era para ser habitação com renda limitada e depois vendia-se o terreno e o projecto. Os construtores tinham de respeitar integralmente o projecto não podendo alugar a uma renda superior. Isso deu origem ao plano de Alvalade do Faria da Costa e no caso da Av. dos EUA houve a distribuição dos vários trabalhos.” (Celestino de Castro; 2004)
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Contudo, também nesta época, muitos projectos foram sendo bloqueados, por serem considerados «muito radicais». É o caso da proposta de Celestino de Castro, Huertas Lobos (1914-1987), Hernâni Gandra (1914-1988), Francisco Castro Rodrigues (1920) e João Simões (1908-1994) (10) para a Av. dos Estados Unidos da América.
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“Era um anteprojecto de blocos de habitação que chegaram à Câmara e encravaram. Se calhar tínhamos avançado um bocadinho demais. Eram habitações em duplex, com galerias e de pés-direitos baixos. Foi travado mas talvez não nos tenhamos batido como devíamos. Podíamos ter aumentado os pés-direitos e lutar por uma solução com o mesmo principio mantendo a arquitectura. Fomos um pouco rígidos e isso levou a que não seguisse. Na altura obrigavam a pés-direitos de 2.80!” (Celestino de Castro; 2004)
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Mas outros projectos foram sendo bloqueados por motivos mais «ideológicos»: “Trabalharam comigo, o Pedro Cid e o Vasconcelos Esteves. Era o Concurso da Federação das Caixas de Previdência e vencemos um para a Guarda e ficámos em terceiro em Viana do Castelo, contudo, o Governo inverteu o sistema, dizendo que os projectos deveriam ser feitos por arquitectos da região.” (Celestino de Castro; 2004)
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A 19 de Outubro de 1955 o Governo fez publicar em Diário da República o Decreto-Lei nº 40 349 que viria a dar cumprimento a uma das reivindicações dos arquitectos – o inquérito à arquitectura popular. “À intensa actividade desenvolvida na reconstrução material do nosso País tem o Governo feito corresponder preocupações e esforços no sentido de valorização da arquitectura portuguesa, estimulando-a na afirmação do seu vigor e da sua personalidade e apoiando-a no propósito de encontrar um rumo próprio para o seu engrandecimento.(...) Mas reconhece-se, ao mesmo tempo, que as novas soluções não deverão deixar de apoiar-se nas tradições da arquitectura nacional, resultantes do condicionalismo peculiar do clima, dos materiais de construção, dos costumes, das condições de vida e dos anseios espirituais da grei, de todos os factores específicos, em suma, que, reflectindo-se naturalmente nas nossas arquitectónicas em épocas sucessivas, lhes conferiram cunho próprio e criaram um sentido para a expressão «arquitectura nacional.” (11) Celestino refere que parte para o inquérito “por necessidade” pois havia sido pai recentemente e estava quase sem trabalho (Paula Lobo; 2004).
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Contudo reconhece, que o levantamento da arquitectura da zona do Algarve, extremo meridional do Baixo Alentejo, bacia do Sado e Alentejo Litoral, foi uma experiência que o marcou para toda a sua vida:
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“Em certas habitações ficava emocionado e perguntava: O que é isto? Eram mestres que nunca tiveram ensino.” (Celestino de Castro; 2004)
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Diz que encontrou na arquitectura popular portuguesa o «espírito do CIAM», “tudo muito adaptado ao seu próprio sitio, para resolver problemas concretos”; dos espigueiros do Lindoso às açoteias algarvias. “As casas eram tradicionais na aplicação dos materiais, não na arquitectura!” (Celestino de Castro; 2004). Reconhece a influência daquilo que viu no Inquérito na sua própria arquitectura. Sobretudo nas casas de Pinhel e Braga, na forma de utilização do granito, refere que o próprio Le Corbusier no início de carreira teria tido uma forte influência da arquitectura popular (12).
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Com o início da Guerra Colonial e com um endurecimento do regime, Celestino de Castro, é obrigado a «mergulhar» na clandestinidade em virtude da sua militância no PCP - desde 1953, pela mão do pintor José Dias Coelho, e até aos dias de hoje - partindo dois anos mais tarde para França onde se irá exilar até ao 25 de Abril. “Puseram-me três hipóteses. Eu escolhi uma - ir para França. Fui a salto e demorei três dias e três noites até lá chegar” (Celestino de Castro; 2004). Celestino destaca o papel de Rafael Botelho (já o conhecia do Gabinete da Urbanização de Almada) que foi quem o ajudou a encontrar o seu primeiro emprego em Paris. Durante estes nove anos, Celestino de Castro, desenvolve actividade em alguns gabinetes particulares e nos Serviços de Construções e Jardins do Senado. Em França, também adquiriu muita experiência em projectos de instalações hospitalares.
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A 28 de Abril de 1974, regressa a Portugal (pela primeira vez após 1965) só para assistir ao 1.º de Maio, num voo de exilados políticos entre os quais estavam Álvaro Cunhal e Domingos Abrantes. “O primeiro 1.º de Maio : foi uma coisa extraordinária! Era um ambiente de amizade entre as pessoas. Os passeios completamente cheios, a malta a bater palmas. Uma coisa um pouco semelhante aquilo que se sentiu quando Paris foi libertada pelas hostes nazis.” (Celestino de Castro; 2004)
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Em Setembro de 1974 regressa definitivamente a Portugal. Trabalha na Câmara Municipal de Lisboa durante alguns anos, ligado aos SAAL do Bairro Chinês. “Os SAAL foi um período muito curto. Não construímos nada mas ajudámos a por saneamento e abastecimento de água...” - diz Celestino. Ainda na década de 1970 ingressa na Direcção Geral de Construção de Edifícios Hospitalares, na qual permanecerá até 1990, e onde irá projectar o Pavilhão de Citologia do Hospital de Santo António, o Pavilhão de Consultas Externas do Hospital de Santo António e o Hospital de Guimarães.
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Hoje em dia, Celestino de Castro via com grande preocupação a evolução de Portugal e do Mundo: “Portugal foi a primeira região da Península Ibérica que se tornou independente. Dentro em breve tornar-nos-emos numa parte daquilo a que chamam Europa.”
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Sobre o Mundo a sua análise é ainda mais dura: “Vivemos num neonazismo. A imposição de uma ideologia esmagando povos, destruindo cidades. Com uma razão absolutamente falsa – lutar contra o terrorismo. O pior terrorismo, todos o sabem, é o terrorismo de estado.” Para Celestino de Castro antes da arquitectura estão os Homens e a vida das populações, “o povo está antes da arquitectura” – diz, citando Oscar Niemeyer.
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Sobre a arquitectura actualmente feita em Portugal, lamentava a falta de um pensamento de planeamento de cidade e a pouca utilização dos concursos públicos como forma de atribuição da encomenda. Entendia contudo, que aquilo a que chama «universalização da arquitectura» não porá em causa as características próprias da arquitectura portuguesa. Aliás, já em 1948 (13), Celestino de Castro e Herculano Neves faziam uma leitura, bem diferente da que era feita pelo regime, daquilo que poderia ser a identidade comum na arquitectura portuguesa:
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“Não podem ser, certamente, uns arrebiques numas fachadas que determinem aquilo que é nosso. Mil e umas coisas são trazidas de fora porque servem. Então porquê recusar a vinda do pagode chinês se ele fosse bom, de facto, para nós? Por que considerar a arquitectura separadamente de tudo o mais? (...) Um louvor às formas novas porque são libertas de condicionamentos acanhados e, a condenação de qualquer preocupação tendente a exprimir um pretendido e desnecessário espírito nacional na arquitectura que resulte em prejuízo da inteligente, sadia e superior orientação de uma forma arquitectónica.” (Herculano Neves e Celestino de Castro; 1948) .
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Tendo em linha de conta tudo aquilo que viu e viveu, não hesitou quando lhe pedi para enunciar o principal denominador comum da arquitectura portuguesa que perpassa épocas e lugares: “A característica principal da arquitectura portuguesa é uma certa modéstia sem perda de qualidade”.
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Tiago Mota Saraiva 13 de Agosto 2007
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(1) CELESTINO DE CASTRO, in entrevista/vídeo a Tiago Mota Saraiva - Lisboa 2004, espólio da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.
(2) AAVV (2004), "Arquitectura Popular em Portugal", 4.ª edição, Vol. I e II. Lisboa: Centro Editor Livreiro da Ordem dos Arquitectos [Lisboa 1961].
(3) À época Celestino de Castro ainda estudava na EBAL (Escola de Belas Artes do Porto) dirigida pelo Prof. Marques da Silva (que foi seu professor no 1.º e 2.º anos, no 3.º ano teve como professor Manuel Marques) que já tinha sido professor do seu pai. Ao contrário do que algumas vezes tem sido publicado, Celestino nunca chega a ser aluno do Mestre Carlos Ramos que, entretanto se tornará director da escola. Por motivos familiares, faz o percurso inverso daqueles que, pretendendo beneficiar do clima de abertura, se deslocaram para a escola do Porto em conflito com a escola de Lisboa, dirigida por Cristino da Silva. Assim faz o CODA em 1951, na EBAL, onde apresenta o projecto da casa HJB na Rua de Santos Pousada no Porto.
(4) CORBUSIER, LE (1943), "La Charte d'Athènes - Travaux du 4ème CIAM". Paris: Plon.
(5) Na entrevista Celestino de Castro referiu a importância das duas associações ODAM (Porto) e ICAT (Lisboa) como agentes de promoção, desenvolvimento e organização das ideias do movimento moderno.
(6) TÁVORA, FERNANDO (1947), "O Problema da Casa Portuguesa" - Cadernos de Arquitectura, 1947 [Aléo 1945].
(7) AMARAL, FRANCISCO KEIL DO, "Uma Iniciativa Necessária", in "Keil do Amaral - O Arquitecto e o Humanista. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1999, pp. 125-126 [revista Arquitectura, 1947].
(8) TELMO, COTTINELLI, "Arquitectura Nacional - Arquitectura Internacional", in "I Congresso Nacional de Arquitectura - Relatório da Comissão Executiva, Teses, Conclusões e Votos do Congresso. Lisboa: Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948, pp. 61-65. Neste texto defende que a arquitectura internacional, “e porque não dizê-lo: comunista” serve “certos propósitos de assimilação do mundo num poder único, de fusão das várias pátrias na pátria dos sem pátria.”
(9) Celestino de Castro, três semanas após o entrevistar telefonou-me a referir ainda a importância de uma visita de arquitectos de Lisboa ao Porto em 1947. Esta viagem serviu para visitar algumas obras, entre as quais a Casa de Ofir, mas também, e sobretudo, para travar conhecimentos e amizades.
(10) Revista Arquitectura, n.º 50-51, Nov-Dez. 1953.
(11) AAVV (2004), "Arquitectura Popular em Portugal", 4.ª edição, Vol. I. Lisboa: Centro Editor Livreiro da Ordem dos Arquitectos [Lisboa 1961].
(12) Celestino referiu como exemplo as casas de fim-de-semana, em especial a Casa Mandrot em Pradet (1930), França. (13) CASTRO, CELESTINO e NEVES, HERCULANO, "Em que se fala de uma pretendida feição nacional a dar à obra arquitectónica e tantas vezes invocada", in "I Congresso Nacional de Arquitectura - Relatório da Comissão Executiva, Teses, Conclusões e Votos do Congresso. Lisboa: Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948, pp. 54-60.
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