Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 17 de janeiro de 2010

Aderbal Freire-Filho: Cultura e política não vivem separadas

Cultura

Vermelho - 27 de Novembro de 2009 - 17h11

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Em e-mail enviado ao iG, o diretor teatral Aderbal Freire-Filho afirma que não percebeu as manifestações contrárias ao seu discurso de agradecimento, em nome dos 47 homenageados do prêmio Ordem do mérito Cultural 2009, realizado na noite de quarta-feira (25), no teatro Oi Casagrande, na zona Sul do Rio.

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“Vejo aqui a nossa futura presidenta, Dilma, e não tenho dúvidas de que o Brasil está bem representado”, disse o diretor na ocasião, enquanto era vaiado por parte da plateia. Na mensagem ao iG, Aderbal diz que fez uma “metáfora teatral”, mas confirma também que a frase foi uma “espontânea declaração de voto”. Leia abaixo a integra do email:
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“Cultura e política não vivem separadas. A poesia, o teatro, a música, toda a arte brasileira liderou em muitos momentos nossas mais importantes lutas políticas. Meu discurso de agradecimento foi todo sobre cultura e política, em alguns momentos um convite a reflexão sobre a arte da política, que acompanha a vida, e que, portanto, é movimento constante, pois rigidez é morte.

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Citei Cioran, falando que sem contradição o homem não pode pensar, nem viver. Em outro momento, falei da cultura, da arte - da poesia como preferi resumir todas as artes - como um poderoso instrumento de transformação. E falei da poesia como a única possibilidade de equilibrar um mundo apoiado na oferta e na procura.

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Como falava em nome de todos, exemplifiquei com a poesia de alguns, do Chico Anísio, da Natália Thimberg, do Walmor Chagas, citei palavras de outro dos que eu representava, Mia Couto.
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Quando fiz uma métafora teatral, citando o ator Lula, no papel de Presidente da República, o ator Juca Ferreira no papel de Ministro da Cultura, para dizer que não estava na Dinamarca, de Hamlet, mas no Brasil, bem representado, fiz uma espontânea declaração de voto. Falar em nome de todos é impossível (terminei assim meu discurso), o discurso não pretendia ser partidário, apesar de ser inevitavelmente político.

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Tentei, com a razão, ser equilibrado. Com o coração, fui incendiado, incendiário. Meu discurso foi muito aplaudido, várias vezes, nem ouvi as vaias de que você fala, devem ter sido tímidas. Pelo menos dois dos premiados (tenho a impressão de que muitos mais), se sentiram bem representados quando meu coração me ganhou, Noca da Portela e Gerson King Combo. Me honra muito essa companhia. Mas eu entenderia se o discurso todo fosse vaiado. Não sou dono de nenhuma verdade, tenho opiniões. Alguns concordam com elas, outros discordam delas.
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Abraço.

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Aderbal”
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