Foto: David M. Lawrence/SEA
Uma bota no meio do mar
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19.08.2010
Nicolau Ferreira
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A maior concentração de plástico no oceano Atlântico está entre as Bermudas e a América do Norte. Entre 1986 e 2008 os cientistas da Associação para a Educação Marinha, com a ajuda de sete mil alunos norte-americanos, utilizaram redes de plâncton para medir o plástico que existe no Atlântico Norte. Os resultados publicados agora na Science associam a movimentação do lixo com as correntes marinhas, mas não explicam para onde vai parte do plástico que está a ser lançado para o mar.
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“A informação [recolhida] confirma que a física básica dos oceanos explica porque é que o plástico se acumula nesta região tão longe da costa”, disse em comunicado Kara Lavender Law, cientista da associação e uma das autoras do estudo.
Durante mais de duas décadas foram feitas 6100 apanhas de lixo com a rede de plâncton e retiraram-se 64 mil pedaços de plástico – 83 por cento do plástico que se apanhou estava situado na região entre as Bermudas e os Estados Unidos. A maioria dos pedaços tem milímetros de comprimento e é composto por polietileno e polipropileno, materiais menos densos que flutuam na água.
Em 1997, uma apanha que durou 30 minutos obteve 1069 pedaços, o que equivale a 580 mil pedaços por quilómetro quadrado, o máximo de sempre. Como termo de comparação, a concentração máxima de lixo encontrada no mar das Caraíbas e no golfo do México foi de respectivamente 1414 e 1534 pedaços por quilómetro quadrado. Na década de 1970, a concentração era de 167 mil pedaços.
Uma das questões que se levantaram foi o destino do lixo enviado para o oceano. Segundo os autores, entre 1980 e 2008 o plástico deitado no lixo norte-americano aumentou quatro vezes para perto de trinta milhões de toneladas, mas a captura do material não acompanhou esta tendência.
Uma das questões que se levantaram foi o destino do lixo enviado para o oceano. Segundo os autores, entre 1980 e 2008 o plástico deitado no lixo norte-americano aumentou quatro vezes para perto de trinta milhões de toneladas, mas a captura do material não acompanhou esta tendência.
Os autores lançam algumas teorias para este “desaparecimento”: os pedaços podem, com o tempo, tornar-se tão pequenos que não são recolhidos pelas redes, podem afundar-se ou podem ser comidos por animais, como já foi registado. Não se sabe.
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