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A polícia alemã achava ter capturado um "peixe grande" ao prender, no estado de Schleswig-Holstein, um homem que estava sendo procurado há dois anos com mandado de prisão internacional. O suposto "criminoso" foi levado imediatamente para a cadeia de Lübeck, onde permaneceu 20 dias em prisão preventiva, aguardando a extradição. Até o Tribunal Superior Estadual decidir soltá-lo, mediante pagamento de fiança de 40 mil marcos (moeda da época), na expectativa de que o Tribunal Federal Constitucional, em Karlsruhe, aprovasse sua extradição.
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Enquanto era esperada tal decisão judicial, desencadeou-se na Alemanha uma discussão sobre a criminalização do grafiteiro. Em sua terra natal, a Suíça, o tribunal do Cantão de Zurique não tinha dúvidas quanto a isso. Harald Naegeli, 43 anos, teria "uma compulsão delinquente" e devia pagar uma multa de 206 mil francos.
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A "delinquência" de Naegeli, porém, não se manifestava por meio de arrombamentos ou roubos e, sim, através da pichação em paredes, pontes, garagens, muros e logradouros públicos. O "grafiteiro de Zurique" – como era conhecido o artista anônimo – passou a ser retratado romanticamente pelos meios de comunicação. Os proprietários de imóveis, as autoridades municipais e a polícia, no entanto, logo passaram a tratá-lo como criminoso comum.
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Protesto contra a burguesia
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Naegeli pichou Zurique com latas de spray durante dois anos, perseguido pela polícia e por batalhões de servidores públicos, encarregados de limpar as áreas "ornamentadas" com grafites. Sofreu uma série de processos, sob acusação de "vandalismo" e "dilapidação de bens".
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Psicólogo diplomado, Naegeli pretendia apenas protestar com sua arte contra a violência e o status quo defendido pela burguesia, como fizera desde a infância. Seus desenhos infantis haviam servido de base para os grafites do tipo cartoon na idade adulta.
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O próprio Harald Naegeli declarou, em entrevista a um jornal, que nascera durante a Segunda Guerra e sempre abordara esse assunto em seus desenhos. "Dos quatro aos seis anos de idade, não fiz outra coisa a não ser pintar cenas de batalhas e guerras. Eram processos durante os quais eu sentia prazer em representar pessoas decapitadas, sem ter consciência do que isso representava", disse.
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Preso pela primeira vez em 1979, foi condenado a seis meses de prisão condicional por dilapidação de bens em 179 casos. A pena não entristeceu o grafiteiro, que logo retomou sua atividade.
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Incomodou os suíços ao ponto de ser condenado novamente – desta vez a nove meses de reclusão. Por ter deixado o país, expediu-se mandado internacional de prisão. A polícia de Zurique, no entanto, sabia que ele estava morando em Düsseldorf e que lecionava em Wiesbaden.
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Reconhecimento tardio
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Na Alemanha, sua arte era respeitada, se não pelos proprietários de imóveis, pelo menos no meio artístico. O "grafiteiro de Zurique" – que não gostava desse título – foi expulso pela Justiça alemã e teve que cumprir sua pena. Novamente em liberdade, abandonou a Suíça e passou a viver reservadamente na Alemanha, fazendo designs para tecidos e toalhas.
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Com o avanço da idade, Naegeli afastou-se de sua arte inicial. Ele detesta os "pichadores" de hoje, que sujam trens, estações ferroviárias e pontes, "sem qualquer originalidade ou conteúdo". A opinião sobre ele em Zurique também mudou.
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Enquanto nos anos 80 se desenvolviam detergentes especiais para apagar suas pinturas, hoje os limpadores de fachadas conservam com cuidado os traços que ainda restam de seus grafites. Os quadros do famoso grafiteiro, há muito tempo, têm o status de obras de arte.
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