Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sábado, 14 de agosto de 2010

Debate ideológico marcou arte alemã no século 20

Cultura

 

Considerado degenerado pelos nazistas, o abstracionismo foi recuperado pela antiga Alemanha Ocidental, após a Segunda Guerra, enquanto a arte da antiga Alemanha comunista seguia o realismo socialista.

 

A partir da ascensão dos nazistas ao poder, em 30 de janeiro de 1933, artistas e intelectuais judeus ou oposicionistas foram sendo afastados dos cargos públicos. Adeptos da arte moderna foram obrigados a abandonar os museus.
Catálogo de 'Arte Degenerada' 
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A Escola Bauhaus — um dos centros fundamentais de ensino e propagação do modernismo nas artes visuais e na arquitetura — foi fechada no mesmo ano, pouco após ter sido transferida de Dessau para Berlim.
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Em detrimento da diversidade das tendências artísticas coexistentes no início do século 20, o Terceiro Reich impôs um neoclassicismo ideológico como padrão artístico e reprimiu o abstracionismo como "arte degenerada". Entartete Kunst: este era o título da exposição itinerante que aplicou às artes os preceitos da teoria racial nazista. 
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Em Munique, onde foi inaugurada em 1937, e nas outras cidades onde circulou, a exposição foi visitada por milhões de pessoas. O exílio dos judeus e da elite cultural crítica, o Holocausto e as destruições da guerra eliminaram a base humana e material do que fora a cultura alemã até então.
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Arte abstrata realibitada
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Com a divisão da Alemanha após o término da guerra, o Leste e o Oeste tentariam preencher, cada um a sua maneira, o vácuo deixado pelo nazismo. Na República Federal da Alemanha (RFA), o resgate das vanguardas repudiadas pelo Terceiro Reich parecia ser o ponto de partida ideal para um recomeço.
Kassel, cidade da 'documenta' 
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Em sua primeira edição, a documenta, exposição qüinqüenal de arte contemporânea internacional realizada em Kassel desde 1955, foi um marco decisivo na reabilitação das correntes modernas na República Federal da RFA.
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A arte abstrata não apenas representava algo absolutamente antagônico ao nazismo, mas também uma linguagem considerada universal e uma vertente dominante nos outros países ocidentais. 
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Além disso, o abstracionismo fazia jus ao ceticismo do pós-guerra em relação à representação da superfície do real, e em conseguinte à mimese figurativa, e possibilitava uma introspecção, à medida que era visto como a linguagem adequada à interiorização, capaz de tornar visível o invisível.
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O abstracionismo do pós-guerra se distanciou das tendências mais geométricas das vanguardas e inaugurou uma tendência informalista que recusava regras de composição fixas e priorizava um traçado espontâneo e a livre combinação de ritmos e estruturas. 
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Realismo socialista contra a "ditadura do abstrato"
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Na República Democrática Alemã (RDA), a preocupação durante o pós-guerra era estabelecer uma linguagem artística que respaldasse o novo Estado comunista. O realismo socialista encontrou base teórica na argumentação desenvolvida durante a década de 30, no contexto do debate stalinista sobre o formalismo das vanguardas.
Realismo caracterizou arte da antiga Alemanha Oriental 
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Sua tônica era a condenação da pretensa motivação burguesa do expressionismo, do funcionalismo formalista da Bauhaus e da suposta alienação de outros movimentos de vanguarda.
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Por conseguinte, a opção ocidental do pós-guerra também foi repudiada na RDA como "ditadura do abstrato" e "formalismo decorativo", traços supostamente incentivados pelos monopólios industriais, pelos Estados capitalistas e pelos mercados de arte das potências de ocupação da Alemanha Ocidental. 
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Em conformidade com o padrão soviético, no novo Estado no Leste alemão impôs-se o padrão de uma arte para as massas, não elitista, compreensível e próxima da vida e da realidade.
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O realismo socialista, fundado na representação figurativa do progresso do socialismo e na heroicização da classe trabalhadora, determinou as artes de todos os países comunistas sob domínio soviético. Esta escola foi se tornando cada vez mais dogmática, a ponto de excluir artistas dissidentes. 
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Heterogeneidade de tendências
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Na Alemanha Ocidental, já se fazia sentir uma ruptura no cenário artístico desde final dos anos 50, sobretudo em decorrência do questionamento do abstracionismo por outras correntes vindas dos EUA, como a pop art e o fotorrealismo, por exemplo.
Joseph Beuys marcou arte alemã do século 20 
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Assim como em todo o contexto internacional, as artes alemãs durante a década de 60 foram marcadas por grande diversidade e heterogeneidade de tendências, mistura de gêneros e rápida interação entre arte e mídia.
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A obra de Joseph Beuys, que teve uma influência marcante sobre as gerações seguintes, revela de maneira muito própria o destaque do individual, característico de todas as vertentes. 
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Apesar da diferenciação de gêneros a partir dos anos 60 e embora os radicais experimentos pictóricos desde as vanguardas até a década de 50 tenham levado a pintura a seus limites, algo muitas vezes diagnosticado como crise, foi nela que se revelou uma importante geração de artistas plásticos alemães, entre os quais Gerhard Richter.
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Com telas neo-expressionistas, expoentes da tendência tipicamente alemã dos Neue Wilden (Novos Selvagens, termo derivado do fauvismo francês) destacaram-se no início dos anos 80. A partir de meados da mesma década, o pós-modernismo levou a uma individualização radical dentro das artes e à coexistência de linguagens informais, realistas e conceituais.
 

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