Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sábado, 21 de agosto de 2010

Vestígios arqueológicos em Evoramonte demonstram ocupação da zona há três mil anos

Cidade pré-romana de Dipo

20.08.2010 - 17:47 Por Lusa

Os vestígios arqueológicos já encontrados em escavações que decorrem junto ao castelo de Evoramonte (Estremoz) permitem remontar a ocupação da zona há três mil anos, e a intervenção pretende procurar a existência da cidade pré-romana de Dipo.

O arqueólogo que dirige os trabalhos, Rui Mataloto, da Associação PortAnta, disse hoje à agência Lusa que as escavações visam comprovar se existiu naquele local a maior cidade pré-romana do Sudoeste da Península Ibérica, conhecida por Dipo, segundo a tese sustentada por alguns arqueólogos. A cidade de Dipo é mencionada como parte do itinerário romano, depois de Évora e no sentido de Mérida (Espanha).

Segundo o arqueólogo, uma nova fase de escavações arqueológicas decorre até ao final deste mês, e os resultados já obtidos permitem remontar a origem da ocupação há três mil anos, pelo final da Idade do Bronze, onde se teria desenvolvido, na área hoje ocupada por Evoramonte, um dos maiores povoados desse tempo no sul do país. “Já foram obtidos resultados interessantes do ponto de vista científico”, salientou Rui Mataloto.

De acordo com o especialista, já foram documentados nos trabalhos, que decorrem na histórica vila do concelho de Estremoz, “um amplo conjunto cerâmico e raros artefactos em bronze”, assim como se registou um “importante” momento da ocupação durante o século II antes de Cristo.

O arqueólogo referiu que o período é coincidente com o momento em que a “importante” cidade pré-romana de Dipo surge mencionada pelo historiador Tito Lívio, “acalentando-se a esperança” de vir a confirmar-se a localização dessa cidade naquele território.

A primeira fase de escavações decorreu em Julho de 2008, a segunda fase decorreu em Julho e Setembro de 2009, e esta terceira fase decorre este mês, numa zona próxima da Ermida de Santa Margarida, exterior às muralhas medievais.

Os trabalhos contam no terreno com uma equipa assistida pelo arqueólogo Rui Clemente e constituída por oito estudantes de arqueologia das universidades de Lisboa, Porto e Coimbra.

As escavações decorrem com base num protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Estremoz e a Associação PortAnta, contando com o apoio logístico da Junta de Freguesia de Evoramonte.

O município de Estremoz revelou que perante “os interessantes resultados” das duas anteriores campanhas de escavações naquela localidade, considerou “pertinente” a continuação dos trabalhos, de modo “a caracterizar as ocupações mais antigas daquele território.

Embora se desconheça a data da fundação de Evoramonte, os vestígios encontrados demonstram a sua ocupação pelos romanos. Conquistada aos mouros por Geraldo Sem Pavor, no século XII, a povoação obteve o primeiro foral em 1248, concedido por D. Afonso III.

Edificado no reinado de D. Dinis, o castelo de Evoramonte, monumento nacional, erigido num dos pontos mais elevados da Serra d´Ossa, está sob a responsabilidade do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (Igespar). D. Dinis, em 1306, ordenou a fortificação da vila, restando dessa campanha a cerca amuralhada e as portas dionisinas. Na localidade foi assinada a Convenção de Evoramonte, em 26 de Maio de 1834, que pôs termo à guerra civil de 1832-1834, travada entre absolutistas e liberais. 
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