Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

No jardim das maravilhas de Rafael Bordalo Pinheiro

 
Cidade

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por Clara Silva, Publicado em 30 de Janeiro de 2010   
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Lisboa ganhou hoje um espaço verde e mais de mil animais. De loiça
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Alice sentir-se-ia no País das Maravilhas se visitasse o Jardim Bordalo Pinheiro. Inaugurado hoje, é mais um dos pequenos refúgios verdes que Lisboa ganhou. Em pleno Campo Grande, no exterior do Museu da Cidade, entrar no jardim é como entrar no mundo da fantasia. Nas paredes recém-pintadas de branco, há gatos assanhados e um lagarto que tenta escapar para a confusão lisboeta. Uma vespa gigante aterrou nos arbustos em forma de labirinto e vários sapos cospem água para um lago recheado de caranguejos e lagostas que, se não fossem de cerâmica, enchiam a barriga a quase 50 pessoas.

São 1205 peças de faiança, a loiça fina de barro com a qual Rafael Bordalo Pinheiro criou bichos desmesurados, que dão vida ao jardim antes abandonado. "Estava mesmo em muito mau estado", garante ao i a artista plástica Joana Vasconcelos, responsável pela concepção artística do projecto. "Nenhuma das fontes funcionava e os pavões eram os únicos animais que ali andavam."

No início do século XX, alguns bichos de cerâmica de Bordalo Pinheiro já habitavam o Jardim da Estrela, em Lisboa, mas entretanto desapareceram. Elsa Rebelo, ceramista de 39 anos, foi quem recuperou os moldes gigantes das peças da cave da Fábrica de Faianças, nas Caldas das Rainha. "Mostrei-os à Joana Vasconcelos e ela ficou maravilhada com aquele património", conta a directora do ateliê artístico da Fábrica de Faianças.

Numa altura em que a fábrica de loiças criada por Bordalo Pinheiro em 1884 estava na iminência de fechar, Catarina Portas lembrou-se de criar uma "garden party" com as peças do artista, caricaturista e jornalista. "Foi salvar duas capelas", diz Joana Vasconcelos, "pegámos no jardim do Museu da Cidade, que precisava de uma vida nova, e salvámos a obra de Rafael".

A Câmara de Lisboa ficou entusiasmada com o projecto e Elsa Rebelo pôs mãos à obra. "Foi um esforço enorme porque os moldes estavam em muito mau estado e com partes em falta", explica. "Quando falamos num molde de uma peça, pode ser um conjunto de 40 moldes com muitas partes inexistentes."

A vespa gigante é o animal preferido de Elsa, mas também um dos que deu mais trabalho. "Depois de irem ao forno, algumas peças podem demorar mais de um mês a secar", conta.

Joana Vasconcelos concebeu a instalação dos animais no jardim: "Enfrentámos o mau tempo do princípio do Inverno e houve alguns atrasos", confessa a artista. Hoje está pronto a ser descoberto e não seria improvável ver um coelho branco de relógio na mão a correr entre os cogumelos de cerâmica.
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Jardim Bordalo Pinheiro. Museu da Cidade, Campo Grande, 245, Lisboa. Terça a domingo das 10h às 18h. Entrada gratuita
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Fotogaleria
Antes do projecto de Joana Vasconcelos, o jardim estava abandonado
 e as fontes do século XVIII nunca tinham funcionado

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