Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A Minha Guerra' - Uma Guerra como ainda não foi contada



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Passaram 40 anos, mas os homens, agora na casa dos 60, que fizeram a guerra em África, não esquecem. Eram rapazes, muitos deles nados e criados em pequenas aldeias – poucos teriam ideia de como o Mundo era grande – quando foram chamados a defender a integridade territorial da nação, então considerada pluricontinental e multirracial. É porque eles se lembram que a Domingo os convida a participar na rubrica “A Minha Guerra.”
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Estas páginas são reservadas aos testemunhos dos militares portugueses que combateram em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Nelas publicaremos as histórias e as imagens dos que lutaram em África entre 1961 e 1974. Entre eles, houve quem, nesses anos, mantivesse a lucidez suficiente para alinhar palavras num diário ou em cartas enviadas para a metrópole. Mesmo se é da história de cada um que se trata, ali conta-se igualmente uma parte, das mais importantes e dolorosas, da História contemporânea portuguesa. Na primeira pessoa.

Os homens que não escreveram esses diários e evitavam expressar sentimentos nas cartas, limitando-se a tranquilizar a família, calando a ansiedade, guardaram, ainda assim, a memória.

Podem agora passá-la a palavras e partilhá-la. Não só porque contar apazigua. Também para que outros, não nascidos ou menos conscientes naqueles anos, saibam o que sentiram e viram os jovens que partiam da Rocha Conde de Óbidos, em Alcântara.

VIAGENS

Os paquetes faziam-se ao rio e depois ao oceano atafulhados de militares. Em terra, acenando, ficavam as mulheres, as namoradas e as mães. Em “A Minha Guerra” cabem as impressões da viagem no ‘Vera Cruz’, ‘Império’, ‘Niassa’, ‘Uíje’... O que sentiram rapazes que mal tinham saído das aldeias em tão grandes barcos? O que viram quando chegaram ao destino? O que pensaram? Não são precisas palavras caras nem frases rebuscadas. Não se sintam assim desmotivados os que se crêem menos preparados para a escrita. Os sentimentos, as emoções, a coragem, o medo, a ansiedade contam-se com palavras simples.

Os combates, a acção propriamente dita, desempenham parte importante em “A Minha Guerra”. Mas nem por isso interessa menos o relato do quotidiano dos combatentes – os dias de calma, o tempo de ócio possível ou até os momentos de alguma felicidade entre camaradas de armas. Também os antigos combatentes que entretanto partiram podem ser aqui recordados.

"A MINHA GUERRA"

Memórias da Guerra de África. Os leitores do Correio da Manhã podem agora enviar as suas histórias de guerra – em Angola, em Moçambique ou na Guiné. Queremos ouvi--las. O CM publica as melhores. Contacte-nos por telefone (213185200), mail (historiasdaguerra@correiomanha.pt) ou carta (Avenida João Crisóstomo, n.º 72, 1069-043 Lisboa) .
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Correio da Manhã Domingo 2008.01.06
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Militar português em África. Foto usada numa exposição promovida pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra
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