Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

História do Carnaval de Luanda

Autor/Data
J. Alberto Domingues - 1969
Aspecto do Carnaval de 1969 em Luanda.
Ficheiro: Luanda03 - 46 KB

 

 

FOTOS DO CARNAVAL EM LUANDA

                                O CARNAVAL DE ANGOLA

                                                         HISTÓRICO                      
                                   
FOTOS     http://www.flickr.com/photos/tonspi/sets/72057594070983394/
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O festejo do carnaval nos bairros pobres as cidade de São Paulo as Assumpção de Loanda, remota a mais de um século; com efeito sabe-se de danças e mascaras carnavalescas, anteriores a 1870.
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A primeira de que se tem registro, foi a “Matinguita”, dança em que só figuravam homens, trajados de branco, com boné e botas, à semelhança dos marinheiros de guerra.
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Os instrumentos que faziam o acompanhamento musical da coreografia, eram o Batuque e as Puítas, e esta resumia-se a um andar bamboleante com pequenos pulos para a frente e para trás.
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Por volta de 1880, apareceu uma dança, a “Kinava”, que era um aperfeiçoamento da Mantiguita. Na Kinava, à semelhança da anterior, também só figuravam homens trajados de marinheiros, mas em blocos, e com separação pela escala militar hierárquica.
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Á frente ia um reduzido pelotão, com as fardas a imitar as dos oficiais da marinha, com Galões e Dragonas, e na cabeça, Boné de Pala; ao centro, puxado pelo grupo dianteiro, vinha um barco, armado sobre um carro de bois; o terceiro bloco, era o dos outros participantes todos vestidos de marinheiros.
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Dançavam e cantavam ao som de Dikanzas e Batuque, a que se juntava o coro de vozes. A coreografia era uma marcha engraçada, imitando o andar bamboleante dos homens do mar.
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Este grupo passava pelas ruas da cidade, parando às portas das casas, onde depois de um pouco de exibição, recebiam um “Matabicho”; o grupo parava no portão do quintal, o “comandante” subia ao posto de comando onde, com um tubo oco simulando uma luneta de longo alcance, fingia olhar o horizonte, dando tempo a que todos os moradores da casa se aproximassem do barco carnavalesco.
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Quando o numero de espectadores já era considerado aceitável, descia do posto de observação e dava o sinal para começar a dança e o canto.
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Terminada a exibição, com uma vênia cortes, davam a entender estava terminada a apresentação, e esperavam o Matabicho – gratificação em dinheiro, ou um garrafão de vinho e um pouco de comida, para ajudar a “matar o bicho da fome e da sede”.
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Poucos anos depois, por volta de 1885, apareceram nos Musseques de Luanda, dois outros tipos de grupo: os Jimbas e os Cazumbis.
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Os Jimbas, ficaram com esse nome, por causa das Jimbas, principais instrumentos a acompanharem a musica e dança, apesar de usarem também Dikanzas, e latas percutidas com pedaços de pau.
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Os homens alinhavam enfeitados com panos vistosos à cintura, e lenços cruzados no peito; as mulheres alem dos panos vistosos, usavam adornos nos pulsos e tornozelos.
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Homens e mulheres, comunicamente pintados, dançavam em coreografia desconexa, esforçando-se as mulheres para associar ao ritmo, graciosidade e sensualidade.
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Os Cazumbis, também em grupos mistos, vestiam todos de branco, e completamente tapados, com fronhas na cabeça e luvas nas mãos.
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Eram grupos divertidos, que pulavam e emitiam sons guturais, fingindo assustar as pessoas; por fazerem lembrar fantasmas, foi-lhes dado o nome de Cazumbis.
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Por volta de 1910, surgiu o “Samba Cuteco”, que eram pares de homens, um deles vestido de mulher, com saias curtas e calções por baixo.
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Os pares faziam palhaçadas, sacolejavam com o corpo, e de vez em quando, o que se vestia de mulher, andava sobre as mãos, mostrando os calções, o que provocava hilaridade do publico.
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O nome de Samba Cuteco, supõem-se vir de Kussamba, que quer dizer folgar, brincar, e de Kutekuka, que significa desatinar, em alusão as brincadeiras que o par de foliões fazia.
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Desde o inicio, os grupos folclóricos que tomaram parte no carnaval de Luanda, procuraram como motivo das canções que acompanhava a coreografia, escarnecer e satirizar outros grupos rivais, aproveitando-se de qualquer falta cometida por dirigentes ou participantes.
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Esta rivalidade carnavalesca era o ponto culminante do carnaval, e motivo de expectativa de todos os foliões.
O grupo “Cidrália” formou-se por volta do ano de 1935, resultado da fusão dos grupos “Invieta e caridade”, passando a designar-se por união Cidrália, abreviado para Cidrália.
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Tinha mais de trezentos participantes, entre homens, mulheres e crianças, que se vestiam a preceito e apresentavam todos os anos temas variados.
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No ano de estréia por exemplo, simularam o desembarque de entidades oficiais – nas pessoas dos Sobas kapulo, Munongo, e Kumbi  - que o grupo foi recepcionar trajando à antiga, para subentender a vontade que essas entidades teriam de assistir o carnaval.
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Essa primeira apresentação do grupo, teve tanto sucesso, que causou a inveja de muitos outros grupos carnavalescos, especialmente a do grupo do Musseque Prenda que, por causa da inveja demonstrada, passou a designar-se pelos “Invejados”.
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Este grupo, também bastante numeroso, tinha cerca de duzentos elementos, homens, mulheres e crianças
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Os homens trajavam calças brancas, largas em baixo, casaco damasco debruado a preto, e sapatos de lona pintados de vermelho; as mulheres usavam os trajes regionais da festa.
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Os invejados criticavam e satirizavam a Cidrália, dizendo serem estes incivilizados, que só desde que moravam no Musseque, é que sabiam construís casas para morar, e que haviam sido eles, Invejados, a ensinar.
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Assim que o pessoal da Cidrália soube, regozijou-se, pois estava ali o motivo para o carnaval seguinte. A letra do tema, dizia o seguinte:
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“Cidade tem um romance que conta toda a vida triste vida triste de quem ama vida triste de quem chora Cidrália em movimento Cidrália vem dançar
Santa Maria que nos acompanha
Santa Maria que nos acompanha
Olha a Cidrália em movimento

Santa Maria que nos acompanha
Olha a Cidrália em movimento
Olha a Cidrália em grande azul
Cidrália este ano é uma memória
Cidrália já aprovou (provou)
O gatuno do bacalhau
Santa Maria nos deu sempre
A providencia do gatuno do bacalhau
Fica todos sabendo
Que o presidente dos Invejados
Roubou o bacalhau na alfândega
Pra gozar mais os seus amigos
Toma cuidado com os rapazes da Cidrália
Santa Maria que é nossa mãe
Nos acompanha junto à nossa estrela.
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Anos mais tarde, o grupo vocal “Duo Ouro Negro” grandes divulgadores do folclore musical Angolano, compôs uma musica com o nome Cidrália, cuja letra se baseava nessa original.     
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A partir de 1960, inicio dos conflitos armados pela independência de Angola, as autoridades coloniais, proibiram o carnaval, e as danças e demonstrações de rua.
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Temia mais a critica e sátira política, do que eventuais degenerações violentas, numa festa que era alegria pura.                 
                                                                                    Carlos Duarte 
                                                                                (extraído do Site:  http://www.carlosduarte.ecn.br/)
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http://minhasasas.spaces.live.com/blog/cns!3B014E750BBC096E!591.entry
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ver também
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O Carnaval em Luanda

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Na sexta-feira 27 de Março de 1987, Luanda festejou o seu Carnaval na .... cadamente um Carnaval de Luanda e os membros do bureau político têm ...
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1 comentário:

Luís Martins Soares disse...

Li com bastante interesse a matéria que durante a leitura me transportou à epoca da minha juventude. Nasci no Bairro da Maianga precisamente na R. António Barroso, começo da mesma no sentido para quem se deslocasse para as barrocas do Batalhão de Infantaria.
Lembro muito bem do grupo carnavalesco "Cidrália" conhecido em toda a Luanda. Acrescento que os grupos tinham o cuidado de se cruzarem com outros porque se tal acontecesse haveria confrontos entre eles. Obrigado pela matéria. Luis