Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Coletivo do MST se inspira em Brecht para fazer teatro


Nesta semana, o dramaturgo, poeta e encenador alemão Bertold Brecht completaria 120 anos se estivesse vivo. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo na década de 50 e inauguraram uma outra forma de conceber e realizar essa manifestação artística.



Marxista, uma de suas grandes influências foi o teatro experimental feito na Rússia soviética, durante os anos de Revolução, entre 1917 e 1926. Brecht explorava o teatro como um fórum de discussões das complexas relações humanas dentro do sistema capitalista, criando uma versão para o drama épico, a partir de uma estética marxista.


Muita gente não sabe, mas as manifestações artísticas fazem parte de todas as atividades coletivas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra). E uma de suas formas mais presente é o teatro.


Organizados na Brigada Nacional de Teatro Patativa do Assaré, do coletivo de cultura do Movimento, o MST possui hoje cerca de 38 grupos teatrais que atuam em todo o Brasil. Muitos deles já atuantes antes mesmo da formação da Brigada. O teatro existe no Movimento como manifestação estética espontânea desde a origem do MST, juntamente com a música, a poesia e as artes plásticas.


A organização dos grupos incentivou a reflexão sobre o teatro e sedimentou como tarefa do Movimento o pensar sobre a forma de se fazer teatro, sua estética e sua função. O desafio levou a Brigada ao encontro com as idéias e práticas de Bertold Brecht.


O contato com Brecht ajudou a alcançar os objetivos de fazer da manifestação artística também uma ferramenta de conscientização política. “Temos o dever, enquanto militantes de esquerda, de denunciar e combater esse sistema que nos suga com intensidade, seja na forma do combate corpo a corpo, seja na forma intelectual. Como o realizou Brecht, em seus tempos, questionando o sistema desnaturalizando-o, também nós devemos fazê-lo, sem tréguas”, explica a educanda de Licenciatura em Educação do Campo da UnB (Universidade de Brasília), Ingrid Elisabete Pranke.


Segundo ela, repousar apenas no âmbito da denúncia, não solucionará os problemas. Há que se pensar em meios fortes, nos quais possamos depositar energias almejando a transformação. “Um exemplo disso pode estar em nos apropriarmos das obras, tanto literárias, quanto visuais porque estes também são, entre outros, materiais em disputa. E, dependendo de quem os utiliza, poderá e o fará de modo acrítico, alienando as pessoas, para a continuidade da dominação ou, desenvolver esses materiais de modo a construir sujeitos capazes de agir contra a opressão que se apresenta”, pontua.


As teorias e práticas de Brecht também trouxeram mais precisão ao trabalho teatral dos Sem Terra. Um bom exemplo é o caso do grupo Utopia, que atua desde 1999 no ainda então acampamento 17 de Abril, do município de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul.


Alessandra Silva, membro do coletivo de cultura do MST e integrante do grupo, conta que o Utopia foi formado a partir de experiências teatrais apropriadas da Igreja. O trabalho se voltava principalmente para realização de místicas e aberturas de festas e celebrações do acampamento. Algo que ainda acontece hoje, mas que tomou outras dimensões desde a constituição da brigada Patativa do Assaré e do contato com Brecht.


Alessandra relata que antes desse contato as peças eram trabalhadas mais como entretenimento do que como ferramenta de formação. “Às vezes nos víamos até reforçando os preconceitos e idéias que queríamos com as peças abolir. O trabalho com Brecht ajudou a contornar esse problema. Ajudou a fazer um teatro que cause indignação, que faça com que as pessoas levem algum pensamento consigo”, explica.


No ano em que o Utopia completa dez anos de realização, o coletivo de cultura do MST – MS se prepara agora para iniciar uma oficina de teatro, voltada para os assentados e acampados, com previsão para acontecer durante todo o ano de 2009. “A idéia é começar a formar o pessoal nos próprios assentamentos e acampamentos, para dar conta das demandas das diferentes regiões”, completa Alessandra.


Fonte: MST

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in Vermelho - 14 DE FEVEREIRO DE 2009 - 00h48

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