Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 8 de março de 2011

Os baluartes, fortalezas de Setúbal



Setúbal - Forte Velho - Localização
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Barracas no primeiro piso do Forte Militar (Forte Velho)
(Arquivo da Associação de Moradores) 1975 (?)

In: Fartas de Viver na Lama,
de Jaime Pinho/ Fernanda Gonçalves/ Leonor Taurino,
Edições Colibri
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Setúbal - ruínas do Forte Velho
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Setúbal - Forte de S. Filipe
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Setúbal - Forte do Outão
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• 20-12-2010 •
Património
por Rogério Vieira de Almeida
(Arquitecto e Investigador Universitário)


Os baluartes, fortalezas de Setúbal


I. Setúbal foi uma cidade envolvida de muralhas. Como muitas cidades europeias em que a industrialização trouxe novas infraestruturas de transportes e circulação, o "progresso" ditou a sua lei e as muralhas foram absorvidas pelo crescimento da cidade, derrubadas quando a abertura de novas vias a isso obrigava ou quando simplesmente deixaram de ter utilidade como mecanismo de controle e defesa da cidade.

II. Setúbal possui duas cinturas de muralhas. A primeira que se sabe existir desde o século XIV envolve o núcleo medieval; ou seja a área rectangular limitada pelas avenidas 5 de Outubro e Luisa Todi e pelas Fontaínhas e pelo convento de Jesus. A segunda, construída a na segunda metade do século XVI e depois da restuaração de 1640, envolve a Avenida Luísa Todi - então praia de beira-rio -, o bairro do Tróino, passava acima da actual Avenida 5 de Outubro e envolvia pelo exterior o bairro das Fontaínhas. O curso normal das cidades europeias levou a que as muralhas fossem, ao longo da sua história, passando por um processo normal de decadência. Ou porque se tinham tornado obsoletas como meio de defesa, ou porque a cidade crescia e eram absorvidas pelas casas que as rodeavam; noutros casos porque ruíam ou as pedras eram aproveitadas para outras construção.

III. A permanência destas muralhas está, em muitos casos, ligada a questões particulares de cada caso. Cidades cujo crescimento parou no tempo e as muralhas se mantiveram como o seu limite e nunca foram invadidas por infraestruturas de circulação ou, então, cidades que cresceram com casas que foram envolvendo as muralhas como se fossem uma camada protectora. É, em parte, o caso da muralha medieval de Setúbal cujos limites persistem em vários troços, mesmo que não visível devido às casas que junto a elas se fizeram. Ou no caso dos baluartes virados ao rio foi o facto de estarem sobre a areia do rio, área não destinada a construção que fez com que chegassem até aos dias de hoje.

IV. Da mesma forma que muitas cidades europeias viram, como Setúbal, desaparecer grande parte das suas muralhas devido à expansão e infraestruturação da cidade nos séculos XIX e XX, também muitas nestas últimas décadas passaram a valorizar a existência das muralhas como factor de consolidação urbana. O que há cem anos foi visto como muros de pedra inútil e que, muitas vezes, só não terá sido destruído por falta de meios para isso, é agora preservado, convertido sob diversas formas. Museus, casas de cultura, hotéis, ...

V. Em Setúbal permanecem ainda visíveis vários dos baluartes construídos nos séculos XVI e XVII. O baluarte do Quartel de Infantaria 11 é o mais reconhecível e o que se conserva melhor estado. É acompanhado a poente pelo que resta do do Livramento e, a poente do Tróino, pelo baluarte da Boavista. Dos restantes apenas restam pequenos troços. Estas fortificações, o seu aparecimento, o seu traçado, são reflexo de momentos importantes da evolução da cidade. A sua integração na cidade actual seria uma mais-valia em termos ambientais, culturais e urbanos.

Rogério Vieira de Almeida - 20-12-2010 09:08

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