Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 15 de março de 2011

Os fuzilamentos de Setúbal - 1911

Arquivo: Edição de 14-03-2011
SECÇÃO: Cidade

Cidade recuou ontem 100 anos na sua história
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Mariana Torres e António Mendes assassinados e homenageados 

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Um século decorrido sobre o assassinato de dois operários conserveiros pela Guarda Republicana, o acto foi recordado e homenageado, ontem à tarde, na avenida Todi e com a inauguração de uma exposição itinerante.
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No dia 13 de Março de 1911, Mariana Torres e António Mendes, operários conserveiros setubalenses, foram mortos em plena avenida Luísa Todi, na sequência de uma manifestação de reivindicação por melhores condições de trabalho. Acontecia assim o início do divórcio entre o movimento operário e o regime republicano. 
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O importante acontecimento histórico ficou baptizado de “fuzilamentos”. Na tarde de ontem, 100 anos após esse incidente, a CULTRA - Cooperativa das Culturas do Trabalho e do Socialismo em parceria com a AJA – Associação José Afonso, evocaram a data.
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Na placa central da avenida Todi, frente ao Governo Civil, no local onde se supõe tenham ocorrido as mortes, num cenário de confrontos entre a classe operária conserveira e a Guarda Republicana, foram depositados cravos vermelhos na via pública, bem como indicações, em forma de peugadas, para o local da exposição. 
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No Clube de Amadores de Pesca de Setúbal (CAPS), sito na Rua Augusto Cardoso, ali a dois passos, foi inaugurada a exposição documental intitulada “Os Fuzilamentos” de Setúbal, seguido de um debate, praticamente participado pelas entidades organizadoras. 
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O historiador Albérico Afonso frisou a questão histórica de Setúbal na implantação da República. “Aqui começou a ser idealizada (com o 10.º Congresso de 1909, no teatro D. Amélia), mas também aqui começou a morrer, com estes dois assassinatos, numa altura em que a jovem República tinha sido implantada há apenas 5 meses.”
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A “nova aurora” trazida pelo 5 de Outubro de 1910 tingia-se, pela primeira vez no país, com o sangue dos operários. Simultaneamente, como que se esfumam as ilusões e expectativas com que os sectores de operários e trabalhadores olhavam o novo regime. 
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Albérico Afonso, Alice Samara e Álvaro Arranja, foram os historiadores que abordaram este acontecimento histórico, no colóquio realizado ontem à tarde no CAPS.
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Álvaro Arranja sublinhou que esta manifestação de operários conserveiros na avenida Todi, da qual resultou na morte de Mariana Torres e António Mendes “tem grande importância histórica, porque foi a primeira vez que a Guarda disparou sobre trabalhadores”, iniciando dessa forma o divórcio entre a República e o movimento operário.
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“Os Fuzilamentos” de Setúbal é uma exposição documental composta por oito painéis. É intenção ser uma mostra itinerante, em espaços do movimento associativo e escolar. Agendada está, para o próximo dia 26 do corrente, a inauguração desta mesma exposição na Associação de Moradores do Bairro da Anunciada (AMBA). 
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T.J.
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Os “fuzilamentos” de Setúbal
Homenagem a Mariana Torres e António Mendes
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Os “fuzilamentos” de Setúbal<br>
Homenagem a Mariana Torres e António MendesA CULTRA – Cooperativa das Culturas do Trabalho e do Socialismo, em parceria com a AJA – Associação José Afonso, vão promover um conjunto de iniciativas em Setúbal, evocando o centenário dos “fuzilamentos” de Setúbal, que marcam na História da República o momento simbólico em que se iniciou o profundo movimento de divórcio do movimento operário com o regime republicano.
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Em Março de 1911, a repressão violenta da novíssima Guarda Republicana sobre as operárias e operários conserveiros em greve por melhores salários, reivindicação que os industriais não queriam aceitar, provocou a morte em plena rua de Mariana Torres e do jovem António Mendes.

A “nova aurora” trazida pelo 5 de Outubro de 1910 tingia-se com o sangue dos operários. Esfumavam-se rapidamente as ilusões e as expectativas com que sectores de operários e trabalhadores olhavam o novo regime.

Para evocar esses acontecimentos, a CULTRA e a AJA promove em Setúbal no próximo Domingo, dia 13 de Março, quando passam justamente cem anos sobre os acontecimentos, as seguintes iniciativas:

16 horas na Avenida Luísa Todi
Homenagem a Mariana Torres e António Mendes

16,30 horas na Avenida Luísa Todi
Inauguração da exposição Os “Fuzilamentos” de Setúbal

Colóquio às 17 horas
Os “fuzilamentos” de Setúbal e o divórcio entre a República e o movimento operário
Alice Samara, O Republicanismo e a questão social
Albérico Afonso, Setúbal cidade industrial: enlatar e lutar (finais do séc. XIX primeiras décadas do século XX).
Álvaro Arranja, Os acontecimentos de Setúbal em Março de 1911e suas repercussões no Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, Rua Augusto Cardoso nº 37 (junto à Praça de Bocage)

As iniciativas prosseguem com um Colóquio sobre Memórias do trabalho nas conservas, Sábado, 26 de Março às 17 horas, na AMBA, Associação de Moradores do Bairro da Anunciada, na Rua Batalha do Viso, Bairro da Anunciada (junto à Escola Secundária Lima de Freitas) e e encerram a 21 de Maio, sábado com uma Visita à Setúbal revolucionária dos tempos da República, conduzida por Albérico Afonso (historiador), com concentração na Praça do Bocage, junto à estátua às 14,30. Às 17 horas desse dia haverá um Colóquio sobre O mar e a vocação da cidade, no Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, Rua Augusto Cardoso nº 37 (junto à Praça de Bocage).

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