13.05.2010 - 19:28 Por Nicolau Ferreira
Em Abril de 2009, a população de Sceloporus serrifer já tinha desaparecido da região de Iucatão, no México. Se alguém voltasse a repovoar o local com estes lagartos, observaria o mesmo fenómeno. As manhãs de Primavera seriam demasiado quentes e os répteis iam sair da toca, vasculhar por comida, e passado pouco tempo voltariam para a protecção da sombra. O tempo para a alimentação não chegaria para a reprodução dos indivíduos, que teriam o mesmo destino da população anterior: desapareceriam.
A lagartixa-da-areia, que tem o nome específico "Liolaemus lutzae"
(Luis Claúdio Marigo)
(Luis Claúdio Marigo)
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Este é só um exemplo da avaliação de 200 locais no México, entre 2006 e 2008, que chegou à conclusão que 12 por cento das populações de 34 espécies deste grupo de répteis tinham desaparecido devido à subida das temperaturas, devido às alterações climáticas. O estudo publicado hoje na revista Science partiu desta informação para construir um modelo que prevê o impacto da subida da temperatura nas espécies, que serviu para avaliar os níveis de extinção global. Os investigadores estimam que 20 por cento das espécies de lagartos estejam extintas em 2080.
“Existem períodos do dia em que os lagartos não podem sair e têm que voltar para locais mais frescos”, explicou por comunicado Barry Sinervo, investigador da Universidade da Califórnia e primeiro autor do artigo. “Quando não estão fora, os lagartos não podem procurar comida. Por isso medimos em diferentes locais quantas horas por dia os lagartos eram obrigados a abrigarem-se do sol. Depois, fomos capazes de criar parâmetros para o nosso modelo global.”
Os investigadores aplicaram o modelo a espécies de lagartos nos cinco continentes e o resultado predisse o que já está a acontecer na realidade. Um dos casos foi na costa do estado do Rio de Janeiro, no Brasil, em que a lagartixa-da-areia desapareceu em sete dos 24 locais onde existia, de 1984 para cá. “Para muitas espécies já se ultrapassou o patamar de extinções, a nível local”, disse por telefone ao PÚBLICO Carlos Rocha, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que fez parte do estudo.
Segundo Octávio Paulo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o estudo é pioneiro. “Consegue-se localizar e prever o desaparecimento de populações de algumas espécies, o que parece mostrar que o modelo está muito bem construído”, disse por telefone ao PÚBLICO.
Tanto o português como o brasileiro consideram que o artigo obriga os especialistas em répteis de todo o mundo a voltarem ao campo para verificar o que está à acontecer.
O artigo estima que as regiões mundiais mais afectadas serão os trópicos. A forma como cada ecossistema vai reagir assim que uma espécie de lagarto desaparecer, permanece uma incógnita. “Estamos no processo de ir degradando os ecossistemas. Se a tendência de extinção se vai manter? Sim. Em que proporções? Não sei”, disse Octávio Paulo.
.“Existem períodos do dia em que os lagartos não podem sair e têm que voltar para locais mais frescos”, explicou por comunicado Barry Sinervo, investigador da Universidade da Califórnia e primeiro autor do artigo. “Quando não estão fora, os lagartos não podem procurar comida. Por isso medimos em diferentes locais quantas horas por dia os lagartos eram obrigados a abrigarem-se do sol. Depois, fomos capazes de criar parâmetros para o nosso modelo global.”
Os investigadores aplicaram o modelo a espécies de lagartos nos cinco continentes e o resultado predisse o que já está a acontecer na realidade. Um dos casos foi na costa do estado do Rio de Janeiro, no Brasil, em que a lagartixa-da-areia desapareceu em sete dos 24 locais onde existia, de 1984 para cá. “Para muitas espécies já se ultrapassou o patamar de extinções, a nível local”, disse por telefone ao PÚBLICO Carlos Rocha, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que fez parte do estudo.
Segundo Octávio Paulo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o estudo é pioneiro. “Consegue-se localizar e prever o desaparecimento de populações de algumas espécies, o que parece mostrar que o modelo está muito bem construído”, disse por telefone ao PÚBLICO.
Tanto o português como o brasileiro consideram que o artigo obriga os especialistas em répteis de todo o mundo a voltarem ao campo para verificar o que está à acontecer.
O artigo estima que as regiões mundiais mais afectadas serão os trópicos. A forma como cada ecossistema vai reagir assim que uma espécie de lagarto desaparecer, permanece uma incógnita. “Estamos no processo de ir degradando os ecossistemas. Se a tendência de extinção se vai manter? Sim. Em que proporções? Não sei”, disse Octávio Paulo.
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