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terça-feira, 25 de maio de 2010

Ainda os Sete Fôlegos do Combatente Álvaro Cunhal, segundo Carlos Brito Política

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Carlos Brito realça "Sete Fôlegos do Combatente" Álvaro Cunhal em livro de memórias


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Carlos Brito
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Da “revolução democrática e nacional” à “democracia avançada no limiar do século XXI”, o ex-dirigente comunista Carlos Brito identifica “sete fôlegos do combatente” Álvaro Cunhal, num livro de memórias, cinco anos após a morte do líder histórico do PCP. 

No livro, “de um camarada e um amigo”, que será lançado na próxima quinta feira em Lisboa, o antigo responsável comunista descreve a sua experiência de “acamaradagem” - nas suas próprias palavras - com Álvaro Cunhal, desde o momento em que se conheceram em Paris, em 1966, na clandestinidade até à saída do ex-dirigente do PCP, em 2002.

Partindo de uma descrição cronológica dos acontecimentos dessa época, frequentemente citando discursos e textos do líder comunista, Carlos Brito acrescenta pormenores sobre o pensamento de Álvaro Cunhal: o líder comunista rejeitava o culto da personalidade, defendia o respeito pela autoridade dos dirigentes partidários, não era estalinista.

O livro pretende também, nas palavras do autor, “agarrar Cunhal à sua humanidade”: narra confidências e assinala o seu caráter imprevisível, o humor como um dos traços mais marcantes, o gosto pela gastronomia portuguesa, em particular pelos queijos, e até algumas “embirrações pessoais”.

A mais notável destas era em relação a Mário Soares, de quem Cunhal confidenciava ter andado a fugir no desfile do 1º de maio de 1974, relatando que aquele “queria à viva força dar-lhe o braço para partilhar a sua impressionante personalidade”.

Apesar disso, e depois de em 1983 ter excluído qualquer possibilidade de apoiar a sua candidatura de à Presidência da República, Cunhal defendeu uma “reviravolta” para ficar ao lado de Soares na segunda volta das eleições, contra Freitas do Amaral, justificando que deste vinha “um perigo mais iminente” para a democracia.

O livro reflete também as questões internas do PCP, nomeadamente a substituição de Cunhal por Carlos Carvalhas no cargo de secretário geral e os movimentos de contestação (o “Grupo dos Seis”, a “Terceira Via”), que culminaram com várias expulsões e saídas dos renovadores do partido, incluindo a de Carlos Brito, em 2002.

O antigo comunista identifica, no percurso de Cunhal, o que chama de “sobressaltos ideológicos e viragens táticas para abrir caminho, quase sempre surpreendentes, mesmo para os que o acompanhavam de mais perto, que tanto podiam seguir-se a uma grande vitória como a grandes dificuldades ou derrotas” - ao todo são “sete fôlegos”, que “na sabedoria popular constituem o reconhecimento de uma capacidade invulgar de resistência de um combatente, o que ele foi acima de tudo”.

Carlos Brito elogia a capacidade de liderança de Álvaro Cunhal: “Os grandes líderes não se revelam apenas nas vitórias, revelam-se também na forma como são capazes de evitar as derrotas devastadoras e definitivas”.

O autor aponta o regresso de Cunhal, aquando da preparação do XVI Congresso comunista (2000), como “um salto para trás” e uma “reação de desespero”, com o antigo líder a aparecer “todo defensivo, virado para o enconchamento do partido”, num momento marcado pela “fatal vitória conservadora”, de que o PCP “nunca mais se recompôs”.

Carlos Brito assinala o crescimento do Bloco de Esquerda, que nas eleições legislativas do ano passado ultrapassou os comunistas, lançando a questão: “Que diria [Cunhal] desta duradoura estagnação, em baixa, do PCP, e do crescimento acelerado do BE?”.

Numa referência à atual liderança do PCP, de Jerónimo de Sousa, o antigo responsável comunista sublinha que analisar o partido apenas à luz da “grande influência sindical e capacidade mobilizadora das massas” pode transformá-lo “num mero partido de protesto (…), situação a que os seus atuais dirigentes parecem acomodar-se, abdicando de qualquer tentativa séria de intervenção ou responsabilidade na área da governação”.

E deixa um comentário: “Entronizar Álvaro Cunhal como a grande figura tutelar da linha política agora vigente também não é um grande serviço que prestam à sua memória. Ela não pode ser aprisionada em tão mesquinho propósito”.

Nascido em 1933, Carlos Brito foi preso pela PIDE três vezes, cumprindo um total de oito anos na prisão, ingressando na direção do PCP em 1967. No partido desempenharia vários cargos de relevo, nomeadamente a liderança do grupo parlamentar durante 15 anos.

O livro “Sete Fôlegos do Combatente” (edições Nelson de Matos) é lançado na quinta feira à tarde em Lisboa, com apresentação de Manuel Alegre e António Borges Coelho, e leitura de textos por José Manuel Mendes.

22 de Maio de 2010 | 09:13
agência lusa
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direitos reservados
Carlos Brito relata os pensamentos de Álvaro Cunhal em 300 páginas
Livro: Ex-militante do PCP Carlos Brito lança memórias

Álvaro Cunhal: “Nem Deus, nem demónio”

São mais de trezentas páginas de memórias que abordam 33 anos de percurso em que se cruzam Álvaro Cunhal e Carlos Brito. O ex-militante do PCP decidiu escrever ‘Álvaro Cunhal, sete fôlegos de um combatente’.
  • 20 Maio 2010 - Correio da Manhã
Por:Cristina Rita
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Ao CM, Carlos Brito explicou que decidiu relatar o pensamento e as palavras do antigo secretário--geral do PCP. "Não bato em Cunhal. (...) Não faço aquelas avaliações absolutas: Nem Deus, nem demónio", sublinha.
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"Os sete fôlegos são uma maneira de tratar o pensamento de Álvaro Cunhal", começa por explicar Carlos Brito, ex-líder parlamentar, a quem foi decretada suspensão de militância por dez meses, e que se afastou do partido em 2002.
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O ex-dirigente explica que procurou dar "uma visão mais humanizada do que as pessoas têm dele [Cunhal]". Questionado pelo CM se Álvaro Cunhal precisava de ser humanizado, o escritor argumenta: "Não está conhecida a complexidade da sua personalidade. Há pessoas que o vêem como uma figura muito austera, muito severa. Mas também tinha humor." Em suma, Carlos Brito procura "tratá--lo de uma forma dialéctica, nos seus grandes méritos, mas também nos deméritos". Diz que Cunhal não era estalinista e relata o que classifica de "impulsos ideológicos, particularmente quando estava num grande aperto". O regresso de Álvaro Cunhal – depois de se ter afastado –, algures em 1998, levou o ex-militante Carlos Brito a hesitar em escrever o oitavo fôlego. "Defensivo, virado para o partido", analisou. 
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PORMENORES
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MANUEL ALEGRE
O candidato presidencial às eleições de 2011 apresentará a obra de Carlos Brito, no dia 27 de Maio, em Lisboa, ao lado de AntónioBorges Coelho. 
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AMIGO
Carlos Brito explica que escolheu Manuel Alegre para apresentar ‘Sete fôlegos de um combatente’ por conhecer os seus protagonistas. Além disso "é um amigo".
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APOIANTE
Em Janeiro, quando Manuel Alegre anunciou, no Algarve, a disponibilidade para concorrer a Belém, Carlos Brito fez questão de estar presente.
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Diário de Notícias

Memórias

Ex-PCP Carlos Brito faz revisão da história de Cunhal

por JOÃO CÉU30 Abril 2010
Ex-PCP Carlos Brito faz revisão da história de Cunhal

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É o livro mais inesperado sobre o mítico secretário-geral do Partido Comunista
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Cinco anos após a morte de Álvaro Cunhal está feito o luto de Carlos Brito, um dos ex-comunistas do núcleo duro do histórico secretário-geral do PCP, e chega a hora de publicar as suas memórias sobre uma relação muito duradoura e íntima no período pós-25 de Abril, que acabou com a deserção do autor de um partido em que já não se revia na prática da ideologia .
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O título Álvaro Cunhal - Sete Fôlegos do Combatente apenas arranha o conteúdo de umas memórias que poderão provocar uma radical revisão da imagem do líder comunista que se mantém fixada pela história. A leitura do livro mostra um Carlos Brito muito distante da linguagem dos comunicados habitualmente ortodoxos e herméticos no PCP, que surpreenderá os leitores pelo fôlego narrativo e, também, pela óptima memória de factos - registados ao longo dos tempos - e acontecimentos em que participou ao lado de Álvaro Cunhal, até ter sido um dos últimos membros do Comité Central a romper com o aparelho.
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Este Sete Fôlegos irá, pela certa, refazer os tons em que ficou o retrato para a posteridade de Álvaro Cunhal. Ao longo de centenas de páginas, Carlos Brito imprime as memórias de uma relação com o "camarada Álvaro", numa tentativa de mostrar os "lados importantes e mais positivos" do dirigente que são desconhecidos mas, também, os "menos importantes e menos positivos" e até os "mais negativos".
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O livro representa, assumidamente, uma visão pessoal de um dirigente sobre um outro dirigente. Carlos Brito pretende mostrar uma intimidade até agora desconhecida de Cunhal e - não tem dúvida - que irá surpreender os que julgavam conhecer em definitivo a personalidade do líder. Pode-se afirmar que Carlos Brito vai mostrar Cunhal para além do Álvaro que a militância comunista conhece, os opositores descrevem, os estudiosos, historiadores e comentadores formulam.
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Questionado sobre a razão de publicar as suas memórias neste momento, Carlos Brito nega a intenção de realizar qualquer ajuste de contas com aquele que foi dirigente dos comunistas durante mais de sete décadas: "Foi difícil escrever este livro porque, apesar de ter muito trabalho de pesquisa realizado sobre Álvaro Cunhal, necessitava de adquirir algum distanciamento."
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Brito não recusa a influência na sua opinião e registo memorialista do "curto mas conturbado período" em que os dois políticos do PCP se desentenderam mas, confessa, que "procurou manter a objectividade tanto no elogio como na crítica".
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Quanto a estar suficientemente distanciado desse curto período de turbulência na relação, Carlos Brito é directo: "Sim, ou não iria publicar estas memórias."
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Ao perguntar-se se o livro vai surpreender, essa é uma dúvida que não lhe passa pelo pensamento: "Naturalmente que o facto de ser eu a escrever sobre Álvaro Cunhal, com quem estive na luta partidária em momentos cruciais, é uma garantia de que os leitores não vão ficar desiludidos."
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A mesma opinião tem o editor Nelson de Matos, que é responsável pela publicação destas memórias de Carlos Brito sobre Álvaro Cunhal. Ao DN confirmou a sua surpresa perante o conjunto de informações apresentadas no livro e pelo à-vontade e qualidade do relato do autor. O responsável pela editora anuncia que o livro estará à venda na última semana de Maio e que, nesse momento, os leitores poderão fazer o seu julgamento.
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Para Carlos Brito, este volume não é decididamente uma apologia a Álvaro Cunhal: "É o meu ponto de vista." Acrescenta que não desmerece o líder comunista: "É uma homenagem à sua memória."
Resta agora saber como serão apreciadas estas memórias que têm tudo para ser mais que polémicas
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