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Carlos Brito relata os pensamentos de Álvaro Cunhal em 300 páginas
Livro: Ex-militante do PCP Carlos Brito lança memórias
Álvaro Cunhal: “Nem Deus, nem demónio”
São mais de trezentas páginas de memórias que abordam 33 anos de percurso em que se cruzam Álvaro Cunhal e Carlos Brito. O ex-militante do PCP decidiu escrever ‘Álvaro Cunhal, sete fôlegos de um combatente’.- 20 Maio 2010 - Correio da Manhã
Ao CM, Carlos Brito explicou que decidiu relatar o pensamento e as palavras do antigo secretário--geral do PCP. "Não bato em Cunhal. (...) Não faço aquelas avaliações absolutas: Nem Deus, nem demónio", sublinha.
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"Os sete fôlegos são uma maneira de tratar o pensamento de Álvaro Cunhal", começa por explicar Carlos Brito, ex-líder parlamentar, a quem foi decretada suspensão de militância por dez meses, e que se afastou do partido em 2002.
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O ex-dirigente explica que procurou dar "uma visão mais humanizada do que as pessoas têm dele [Cunhal]". Questionado pelo CM se Álvaro Cunhal precisava de ser humanizado, o escritor argumenta: "Não está conhecida a complexidade da sua personalidade. Há pessoas que o vêem como uma figura muito austera, muito severa. Mas também tinha humor." Em suma, Carlos Brito procura "tratá--lo de uma forma dialéctica, nos seus grandes méritos, mas também nos deméritos". Diz que Cunhal não era estalinista e relata o que classifica de "impulsos ideológicos, particularmente quando estava num grande aperto". O regresso de Álvaro Cunhal – depois de se ter afastado –, algures em 1998, levou o ex-militante Carlos Brito a hesitar em escrever o oitavo fôlego. "Defensivo, virado para o partido", analisou.
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PORMENORES
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MANUEL ALEGRE
O candidato presidencial às eleições de 2011 apresentará a obra de Carlos Brito, no dia 27 de Maio, em Lisboa, ao lado de AntónioBorges Coelho.
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AMIGO
Carlos Brito explica que escolheu Manuel Alegre para apresentar ‘Sete fôlegos de um combatente’ por conhecer os seus protagonistas. Além disso "é um amigo".
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APOIANTE
Em Janeiro, quando Manuel Alegre anunciou, no Algarve, a disponibilidade para concorrer a Belém, Carlos Brito fez questão de estar presente.
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Memórias
Ex-PCP Carlos Brito faz revisão da história de Cunhal
por JOÃO CÉU30 Abril 2010
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É o livro mais inesperado sobre o mítico secretário-geral do Partido Comunista
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Cinco anos após a morte de Álvaro Cunhal está feito o luto de Carlos Brito, um dos ex-comunistas do núcleo duro do histórico secretário-geral do PCP, e chega a hora de publicar as suas memórias sobre uma relação muito duradoura e íntima no período pós-25 de Abril, que acabou com a deserção do autor de um partido em que já não se revia na prática da ideologia .
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O título Álvaro Cunhal - Sete Fôlegos do Combatente apenas arranha o conteúdo de umas memórias que poderão provocar uma radical revisão da imagem do líder comunista que se mantém fixada pela história. A leitura do livro mostra um Carlos Brito muito distante da linguagem dos comunicados habitualmente ortodoxos e herméticos no PCP, que surpreenderá os leitores pelo fôlego narrativo e, também, pela óptima memória de factos - registados ao longo dos tempos - e acontecimentos em que participou ao lado de Álvaro Cunhal, até ter sido um dos últimos membros do Comité Central a romper com o aparelho.
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Este Sete Fôlegos irá, pela certa, refazer os tons em que ficou o retrato para a posteridade de Álvaro Cunhal. Ao longo de centenas de páginas, Carlos Brito imprime as memórias de uma relação com o "camarada Álvaro", numa tentativa de mostrar os "lados importantes e mais positivos" do dirigente que são desconhecidos mas, também, os "menos importantes e menos positivos" e até os "mais negativos".
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O livro representa, assumidamente, uma visão pessoal de um dirigente sobre um outro dirigente. Carlos Brito pretende mostrar uma intimidade até agora desconhecida de Cunhal e - não tem dúvida - que irá surpreender os que julgavam conhecer em definitivo a personalidade do líder. Pode-se afirmar que Carlos Brito vai mostrar Cunhal para além do Álvaro que a militância comunista conhece, os opositores descrevem, os estudiosos, historiadores e comentadores formulam.
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Questionado sobre a razão de publicar as suas memórias neste momento, Carlos Brito nega a intenção de realizar qualquer ajuste de contas com aquele que foi dirigente dos comunistas durante mais de sete décadas: "Foi difícil escrever este livro porque, apesar de ter muito trabalho de pesquisa realizado sobre Álvaro Cunhal, necessitava de adquirir algum distanciamento."
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Brito não recusa a influência na sua opinião e registo memorialista do "curto mas conturbado período" em que os dois políticos do PCP se desentenderam mas, confessa, que "procurou manter a objectividade tanto no elogio como na crítica".
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Quanto a estar suficientemente distanciado desse curto período de turbulência na relação, Carlos Brito é directo: "Sim, ou não iria publicar estas memórias."
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Ao perguntar-se se o livro vai surpreender, essa é uma dúvida que não lhe passa pelo pensamento: "Naturalmente que o facto de ser eu a escrever sobre Álvaro Cunhal, com quem estive na luta partidária em momentos cruciais, é uma garantia de que os leitores não vão ficar desiludidos."
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A mesma opinião tem o editor Nelson de Matos, que é responsável pela publicação destas memórias de Carlos Brito sobre Álvaro Cunhal. Ao DN confirmou a sua surpresa perante o conjunto de informações apresentadas no livro e pelo à-vontade e qualidade do relato do autor. O responsável pela editora anuncia que o livro estará à venda na última semana de Maio e que, nesse momento, os leitores poderão fazer o seu julgamento.
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Para Carlos Brito, este volume não é decididamente uma apologia a Álvaro Cunhal: "É o meu ponto de vista." Acrescenta que não desmerece o líder comunista: "É uma homenagem à sua memória."
Resta agora saber como serão apreciadas estas memórias que têm tudo para ser mais que polémicas
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O título Álvaro Cunhal - Sete Fôlegos do Combatente apenas arranha o conteúdo de umas memórias que poderão provocar uma radical revisão da imagem do líder comunista que se mantém fixada pela história. A leitura do livro mostra um Carlos Brito muito distante da linguagem dos comunicados habitualmente ortodoxos e herméticos no PCP, que surpreenderá os leitores pelo fôlego narrativo e, também, pela óptima memória de factos - registados ao longo dos tempos - e acontecimentos em que participou ao lado de Álvaro Cunhal, até ter sido um dos últimos membros do Comité Central a romper com o aparelho.
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Este Sete Fôlegos irá, pela certa, refazer os tons em que ficou o retrato para a posteridade de Álvaro Cunhal. Ao longo de centenas de páginas, Carlos Brito imprime as memórias de uma relação com o "camarada Álvaro", numa tentativa de mostrar os "lados importantes e mais positivos" do dirigente que são desconhecidos mas, também, os "menos importantes e menos positivos" e até os "mais negativos".
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O livro representa, assumidamente, uma visão pessoal de um dirigente sobre um outro dirigente. Carlos Brito pretende mostrar uma intimidade até agora desconhecida de Cunhal e - não tem dúvida - que irá surpreender os que julgavam conhecer em definitivo a personalidade do líder. Pode-se afirmar que Carlos Brito vai mostrar Cunhal para além do Álvaro que a militância comunista conhece, os opositores descrevem, os estudiosos, historiadores e comentadores formulam.
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Questionado sobre a razão de publicar as suas memórias neste momento, Carlos Brito nega a intenção de realizar qualquer ajuste de contas com aquele que foi dirigente dos comunistas durante mais de sete décadas: "Foi difícil escrever este livro porque, apesar de ter muito trabalho de pesquisa realizado sobre Álvaro Cunhal, necessitava de adquirir algum distanciamento."
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Brito não recusa a influência na sua opinião e registo memorialista do "curto mas conturbado período" em que os dois políticos do PCP se desentenderam mas, confessa, que "procurou manter a objectividade tanto no elogio como na crítica".
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Quanto a estar suficientemente distanciado desse curto período de turbulência na relação, Carlos Brito é directo: "Sim, ou não iria publicar estas memórias."
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Ao perguntar-se se o livro vai surpreender, essa é uma dúvida que não lhe passa pelo pensamento: "Naturalmente que o facto de ser eu a escrever sobre Álvaro Cunhal, com quem estive na luta partidária em momentos cruciais, é uma garantia de que os leitores não vão ficar desiludidos."
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A mesma opinião tem o editor Nelson de Matos, que é responsável pela publicação destas memórias de Carlos Brito sobre Álvaro Cunhal. Ao DN confirmou a sua surpresa perante o conjunto de informações apresentadas no livro e pelo à-vontade e qualidade do relato do autor. O responsável pela editora anuncia que o livro estará à venda na última semana de Maio e que, nesse momento, os leitores poderão fazer o seu julgamento.
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Para Carlos Brito, este volume não é decididamente uma apologia a Álvaro Cunhal: "É o meu ponto de vista." Acrescenta que não desmerece o líder comunista: "É uma homenagem à sua memória."
Resta agora saber como serão apreciadas estas memórias que têm tudo para ser mais que polémicas
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