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Primórdios de Maio em Portugal
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A luta pela redução do dia de trabalho, em Portugal, tem os primeiros registos no ano de 1849. À força de greves, os operários metalúrgicos alcançaram então o limite de 12 horas, nos dias grandes, e de dez horas, nos dias mais pequenos.
Mas apenas a partir de 1870 se começa a desenvolver o movimento operário autónomo, liberto da tutela burguesa que marcou o associonismo. A 19 de Outubro desse ano, o Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas aprova novos Estatutos, tendo por base os princípios da Internacional (AIT), e um ano depois, durante uma sessão, é removido o retrato de António Rodrigues Sampaio, que fora benemérito do Centro mas, como ministro, ameaçava encerrá-lo. Victor de Sá, intervindo na sessão solene que assinalou o 10.º aniversário da CGTP-IN, em 1980, situou em Janeiro de 1872, com a Fraternidade Operária, a criação de um novo tipo de associação de classe, com objectivos reivindicativos e adoptando a greve como forma de luta. Estas sociedades de resistência contavam 1350 associados, daí a dois meses, quando foi enviada para Londres a mensagem de adesão da Região Portuguesa à AIT. Ao fim de um ano, estavam dez mil operários organizados em Lisboa e oito mil no Porto. O historiador (e primeiro deputado do PCP pelo distrito de Braga) dá nota de um movimento grevista, pela abolição dos serões em fundições e serralharias, e refere mesmo um surto grevista com auge em 1872 (mais de 50 greves em 18 meses).
A Fraternidade Operária edita O Pensamento Social, jornal que, nos seus números 46 a 50, entre 2 de Março e 5 de Abril de 1873, publica em português, pela primeira vez, o Manifesto do Partido Comunista (a partir da edição espanhola, de José Mesa). Há diversos contactos com a Internacional. Em Outubro de 1873 surge a Associação de Trabalhadores da Região Portuguesa.
Seguindo a orientação do 5.º Congresso da Internacional, em Haia, quanto à constituição de partidos operários distintos dos partidos políticos burgueses, foi formado em Portugal um partido socialista, em Janeiro de 1875. Só depois foram constituídos partidos da classe operária na Alemanha (em Maio), na Dinamarca (1878), Espanha (1879), França e Inglaterra (1882), Bélgica (1885), Noruega e Suécia (1889) e Itália (1892).
Na formação da II Internacional (congressos de Paris, em 1889, de onde sai o apelo para o 1.º de Maio) estão dois representantes da ATRP: Manuel Luís de Figueiredo e Viterbo de Campos.
No 1.º de Maio de 1890, em Portugal, há registo de manifestações em Lisboa (com 18 mil pessoas reunidas no Cemitério dos Prazeres), no Porto (duas mil pessoas na Praça D. Pedro), em Coimbra, Silves, Tomar, Leiria, Santiago do Cacém, Arronches.
«Mas no nosso País as acções do dia do trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e activistas caídos na luta», veio a referir Américo Nunes, n' O Militante, em 2006. Num artigo a propósito dos 120 anos das lutas nos EUA e da violenta repressão que culminou na execução dos dirigentes operários em Chicago, o dirigente sindical comunista recordou que, «com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, transformando-se num sindicalismo combativo e reivindicativo, consolidado e ampliado durante a I República, o 1.º de Maio adquiriu também características de acção de massas e de dia de luta». | . | . |
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