Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Amália, a Resistência e os Poetas

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Chveik55 20 de Dezembro de 2009 — Poema sobre os presos políticos de Peniche durante a ditadura fascista de Salazar - Letra de David Mourão Ferreira Música Alain Oulman
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ABANDONO

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Por teu livre pensamento
foram-te longe encerrar.
Tão longe que o meu lamento
não te consegue alcançar.
E apenas ouves o vento.
E apenas ouves o mar.

Levaram-te a meio da noite:
a treva tudo cobria.
Foi de noite, numa noite
de todas a mais sombria.
Foi de noite, foi de noite,
e nunca mais se fez dia.

Ai dessa noite o veneno
persiste em me envenenar.
Ouço apenas o silêncio
que ficou em teu lugar
Ao menos ouves o vento!
Ao menos ouves o mar!
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vitaskaly 1 de Março de 2008 — David Mourão Ferreira neste poema fez homenagem aos presos politicos do anterior Regime Português, que eram deportados para o campo do Tarrafal nas Ilhas de Cabo Verde, Alaín Oulman fez esta música tão envolvente que até uma pessoa se arrepia a ouvir a Grande Amália, em uma das suas mais belas criações.Um grande abraço . Américo
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correligionariou 4 de Abril de 2008 — A los migrantes, exiliados, desterrados y expatriados.

Trova do vento que passa


Música: Antônio Portugal
Letra: Manuel Alegre
1963

Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça
O vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas
E os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
Ai rios do meu país
Minha pátria à flor das águas
Para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
Pede notícias e diz
Ao trevo de quatro folhas
Que morro por meu país.
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Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.


Trova del viento que pasa. (En castellano)
-Mi traducción-

Pregunto al viento que pasa
noticias de mi país
y el viento calla la desgracia,
el viento nada me dice

Pregunto a los ríos que llevan
tanto sueño a flor de las aguas
y los ríos no me sosiegan,
llevan sueños dejan penas.

Llevan sueños dejan penas
ay, ríos de mi país
mi patria, a flor de las aguas
¿Para dónde vas? Nadie dice.

Si el verde trébol deshojas,
pide noticias y di
al trébol de cuatro hojas
que muero por mi país.
______________________________
Pregunto a la gente que pasa
por qué va mirando al suelo.
Silencio, es todo lo que tiene
quien vive en la servidumbre.

Vi florecer las verdes ramas
directas al cielo volteadas.
Y a quien gusta de tener amos
le vi siempre los hombros encorvados.

Y el viento no me dice nada
nadie dice nada nuevo.
Vi mi patria clavada
en los brazos en cruz del pueblo.

Vi mi patria en el margen
de los ríos que van al mar
como quien ama el viaje
pero tiene siempre que quedarse

Vi navíos partir
(mi patria a flor de las aguas)
vi mi patria florecer
(verdes hojas, verdes penas)

Hay quien te quiere ignorada
y habla, patria, en tu nombre.
Yo te vi crucificada
en los brazos negros del hambre.

Y el viento no me dice nada
sólo el silencio persiste.
Vi mi patria detenida
en la orilla de un río triste.

Nadie dice nada nuevo
si noticias voy pidiendo
en las manos vacías del pueblo
vi mi patria floreciendo.

Y la noche crece por dentro
de los hombres de mi país.
Pido noticias al viento
y el viento nada me dice.

Cuatro hojas tiene el trébol,
libertad, cuatro sílabas.
No saben leer, es verdad,
aquellos para quienes escribo.

Pero hay siempre un candil
dentro de la propia desgracia,
hay siempre alguien que siembra
canciones en el viento que pasa.

Lo mismo en la noche más triste
en tiempos de servidumbre
hay siempre alguien que resiste
hay siempre alguien que dice que no.
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CMLLIS 31 de Outubro de 2008 — This video is for educational and entertainment purposes only.
All materials belong to the original artists.
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http://www.youtube.com/watch?v=jZXeLfFsJ9A&feature=related
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Incorporação desactivada por pedido 
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BARCO NEGRO

Do álbum "Fado em Mim".
Lyrics by David Mourão-Ferreira
Music by Caco Velho-Piratini
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Um fado brasileiro: «Mãe Preta» e «Barco Negro»
     Em meados dos anos 50 (1954) dois brasileiros, Piratini (Antônio Amábile) e Caco Velho (Matheus Nunes) criaram uma notável canção cujo texto e música dispensam comentários (é ouvir e ler): "Mãe preta".
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O texto foi proibido em Portugal. David Mourão-Ferreira escreveu outro texto, também bom, que nada tinha que ver com o brasileiro – "Barco negro". Amália Rodrigues tornou a música mundialmente famosa. No texto português a tragédia do pescador tinha substituído a tragédia da exploração e do racismo.
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Em 1978 Amália Rodrigues gravou "Mãe preta"
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Mais recentemente, "Barco negro" foi gravado por Mariza e Ney Matogrosso (este para uma telenovela brasileira – "O Quinto dos Infernos") e "Mãe preta" por Dulce Pontes  num dos seus mais notáveis discos.
         
Mãe preta

(Piratini e Caco Velho)
    
velha encarquilhada
carapinha branca
gandola de renda
caindo na anca
embalando o berço
do filho do sinhô
que há pouco tempo
a sinhá ganhou
era assim que mãe preta fazia
criava todo branco
com muita alegria
enquanto na senzala
seu bem apanhava
mãe preta mais uma lágrima enxugava
mãe preta, mãe preta,
mãe preta, mãe preta
enquanto a chibata
batia em seu amor
mãe preta embalava
o filho branco do sinhô

     
Barco Negro


(David Mourão-Ferreira)
         
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

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http://ocastendo.blogs.sapo.pt/171083.html
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pimpolleromayor 11 de Agosto de 2007 — Música: Alain Oulman  Letra: Ary dos Santos  In: "Com que Voz", 1968  - "UNL - Literatura"
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Meu Amor, meu amor lyrics
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Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.
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swan5046 21 de Agosto de 2007 — First recorded by Amalia in 1955 this now classic Fado has been masterfully re-interpreted in 1968 for this recording .
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Amalia had some doubts in merging the jazz sax of Don Byas with her voice in twelve classic fados of her repertoire and the release of the album "Encontro" was postponed for some years: today we can consider her mellow voice next to this sensuous sax is pure magic : and this is just one of twelve jewels.

" Libertação"

D. Mourao-Ferreira - S. Moreira
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Fui à praia, e vi nos limos
A nossa vida enredada,
Ó meu amor, se fugirmos,
Ninguém saberá de nada!

Na esquina de cada rua,
Uma sombra nos espreita.
E nos olhares se insinua,
De repente, uma suspeita.
Fui ao campo, e vi os ramos
Decepados e torcidos.
Ó meu amor, se ficamos,
Pobres dos nossos sentidos!
Em tudo vejo fronteiras,
Fronteiras ao nosso amor.
Longe daqui, onde queiras,
A vida será maior!
Nem as esperanças do céu
Me conseguem demover.
Este amor é teu e meu,
Só na Terra o queremos ter.
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rodvr 5 de Setembro de 2009 — Este vídeo é uma homenagem minha à Rainha do Fado: Amália Rodrigues. Esta canção é muito bela, tal como o poema. Esta canção retrata o fatalismo português que é derradeiro. Espero que gostem e que comentem.

Gaivota
Amália Rodrigues
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Composição: Alexandre O'Neill  (Letra) / Alain Oulman (Música)
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Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
Dos sete mares andarilho,
Fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse,
Se um olhar de novo brilho
No meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
As aves todas do céu,
Me dessem na despedida
O teu olhar derradeiro,
Esse olhar que era só teu,
Amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
Morreria no meu peito,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde perfeito
Bateu o meu coração.
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jacaetano 2 de Março de 2008 — Amália Rodrigues - Lágrima
Lyrics: Carlos Gonçalves

Last album recorded in studio by Amália in 1983

Cheia de penas me deito
E com mais penas me levanto
Já me ficou no meu peito
Jeito de te querer tanto

Tenho por meu desespero
Dentro de mim o castigo
Eu digo que não te quero
E de noite sonho contigo

Se considero que um dia hei-de morrer
No desespero que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile no chão
E deixo-me adormecer

Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias de chorar
Por uma lágrima tua
Que alegria me deixaria matar


Full of sorrow
Full of sorrow I go to bed at night
And full of sorrow
Full of sorrow I went up in the morning
And in my chest
It is already in my chest
That way
The way of wanting you so much

I Despair
I have got by despair
Inside me
Inside me the punishment
I don't want you
And I say that I don't want you
But at night
At night I dream about you

If I consider
That one day I have to die
In the despair
that i've got not to see you again
So I lie down my shawl
I lie down my shawl on the floor
I lie down my shawl
And just let myself to fall asleep

And if i knew
If I knew that by dying
that you would
that you would cry for me
for one tear
for one of your tears
oh what a joy
I would let myself die
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bruninhoart 22 de Outubro de 2008 — Mais um vídeo de Amália Rodrigues, esta grandiosa mulher que me enche o peito com sua voz e que mosgra tanto de mim... Espero que os agrade!
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Another video done with Amalia's great voice, which fullfils my chest with all the truth of my existance. Hope you oike it!

Amália é, foi e sempre será uma das que mais diz de mim, além de mim mesmo. O Fado "Primavera" fala de amor, mas eu dedico este Fado aos meus mortos, a Amália e a mim mesmo!

Amália, was and will always be the one who tells more about my own life, in her songs and thoughts, beyond myself. I dedicate this video to my departed ones, to Amália and to myself!
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correligionariou 14 de Março de 2008 — Un video de un tema musical del que, antes de empezar a hacerlo, no tenía ninguna información. Gracias a la petición de Cibusana conocí el significado de esta canción vinculada con la "Revolução dos Cravos" (Revolución de los claveles) del 25 de abril de 1974 en Portugal, e interpretada por la grandiosa Amália Rodrigues. Espero que lo disfruten.

Actualizado (Aunque plagien mi trabajo - Aínda que plagiem o meu trabalho)

Grândola vila morena - Letra e Música - José Afonso

Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade
Dentro de ti ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

Grándola, villa morena (En castellano)

Grándola, villa morena,
tierra de la fraternidad;
el pueblo es quien más ordena,
dentro de ti. Oh, ciudad.

Dentro de ti, oh, ciudad,
el pueblo es quien más ordena;
tierra de la fraternidad,
Grándola, villa morena.

En cada esquina un amigo,
en cada rostro, igualdad.
Grándola, villa morena,
tierra de la fraternidad.

Tierra de la fraternidad,
Grándola, villa morena;
en cada rostro, igualdad,
el pueblo es quien más ordena.

A la sombra de una encina
de la que ya no sabía la edad,
juré tener por compañera,
Grándola, tu voluntad.

Grándola, tu voluntad,
juré tener por compañera,
a la sombra de una encina
de la que ya no sabía la edad.

Información sobre la canción
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Español: http://es.wikipedia.org/wiki/Grândola%2C_Vila_Morena
Português: http://pt.wikipedia.org/wiki/Grândola%2C_Vila_Morena
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NOTA VN - Durante o fascismo muita gente considerava Amália fascista, sendo por isso molestada  a seguir ao 25 de Abril de 1974. Contudo o seu compositor preferido - Alain Oulman, foi expulso de Portugal pela PIDE, enquanto ela cantava versos de poetas desafectos ao regime, como David Mourão Ferreira e, depois do 25 de Abril, convivesse abertamente com este último e com Ary dos Santos (militante do PCP), com Natália Correia (também desafecta do regime fascista, com Vinicius de Morais e outros poetas. Quando faleceu o Governo de então resolveu sepultá-la no panteão  do Mosteiro dos Jerónimos, ao lado de Alexandre Herculano, (escritor e historiador (século XIX)), Fernando Pessoa (poeta) - sec XX), Luís de Camões (poeta - séc XVI), D, Manuel I (rei - séc XV), Vasco da Gama (navegador e descobridor do caminho marítimo para a Índia - séc XV e XVI), D, João III (rei - sec XVI), D. Sebastião (rei - séc XVI), D Henrique (inquisidor, cardeal e rei - séc XVI), entre outros membros da realeza
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Então o escritor  comunista José Saramago e o então Secretário Geral do PCP, Carlos Carvalhas, fizeram declar4ações públicas sobre a ajuda de Amália, durante o fascismo, a presos políticos, incluindo os comunistas, com donativos em dinheiro. Foi um escândalo com a direita toda a  berrar e o Governo, dada a popularidade de Amália junto do povo,  resolveu sepultá-la no Panteão Nacional de Santa Engrácia,, ao lado dos Presidentes da República Teófilo Braga, Sidónio Pais (ambos da I República - 1910-1926 - tendo este último instaurado uma ditadura sendo assassinado), e Óscar Carmona, (do regime fascista), dos escritores João de Deus (sec XIX), Almeida Garrett (sec XVIII) ne  Guerra Junqueiro (séc XIX),   e os monumentos evocativos de Luís de Camões (poeta - séc XVI), Pedro Alvares Cabral (navegador e descobridor do Brasil (sec XV e XVI), Afonso de Albuquerque (navegador e militar - sec XV e XVI), Nuno Alvares Pereira (fidalgo e militar - séc XIV), Vasco da Gama (navegador séc XV e XVI) , do Infante D. Henrique (príncipe real e impulsionador dos descobrimentos - sec XIV e XV), Aquilino Ribeiro (escritor - sec  XVIII e XX, presumivelmente implicado no assassinato do Rei D. Carlos I, em 1908) e o General Humberto Delgado (sec XX - assassinado pela PIDE a mando de Salazar, que na altura atribuiu o crime ao PCP)
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1 comentário:

Victor Nogueira disse...

Maria Jorgete Teixeira
A Amália é imortal, tem uma voz única, expressiva, e soube escolher bem os autores que cantou! Saber que ela, em certas alturas, também se colocou ao lado dos que resistiam ao tempo da escuridão e do medo, só a torna ainda maior!