Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 17 de janeiro de 2010

Brasil - Entidades pedem fim do genocídio contra juventude negra


Movimentos

Vermelho - 28 de Novembro de 2009 - 13h31

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Integrantes de diversas entidades defensoras do direito à igualdade racial denunciaram que está em curso no país um verdadeiro “genocídio” contra a juventude negra. Eles cobraram dos governantes medidas para coibir a violência e também denunciaram a sociedade civil por se manter alheia à questão. 

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O assunto foi tratado no seminário “Políticas Públicas de Juventude: a favor da vida, contra o genocídio da juventude negra”, que aconteceu esta semana no auditório da Secretaria Nacional da Juventude, em Brasília.
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Segundo a mediadora do evento, a coordenadora da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), Ângela Guimarães, a questão é preocupante, pois hoje em dia no país os jovens negros estão sendo vítimas de um verdadeiro “genocídio”. Todas a estatísticas que tratam de homicídios praticados com armas de fogo as principais vítimas são os jovens de cor negra na faixa etária dos 17 aos 23 anos.
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Ela disse que as consequências são alarmantes e denunciou que a matança tem influído no decréscimo dessa população. “As pesquisas censitárias ao longo dos últimos dez anos mostram claramente que a curva demográfica dessa parcela da população vem diminuindo claramente”, denunciou.
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A solução segundo ela, é uma tomada de consciência sobre o problema por parte de toda a sociedade civil, sobretudo a mídia que tem banalizado a questão e pressionar os órgãos governamentais para atacar o problema.
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“Isto não é um problema somente do executivo, mas também do legislativo e judiciário. Ele deve ser tratado não somente a nível federal, mas estadual e municipal com ações coordenadas e políticas públicas inclusivas voltadas para o jovem negro”, afirmou.
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Estatísticas alarmantes
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Os participantes citaram várias estatísticas sobre a questão, sobretudo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), ao afirmar que, no Brasil, a possibilidade de ser uma vítima de homicídio é maior entre os adolescentes e jovens e a probabilidade de ser assassinado é quase 12 vezes maior quando o adolescente é do sexo masculino do que do feminino. O risco também é quase três vezes maior para os negros em comparação aos brancos.
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O vice-presidente do Conjuve, Danilo Moreira reconheceu que o momento é oportuno para trazer para a sociedade civil esse debate. Segundo ele, existem muitas ações governamentais voltadas para a juventude, mas a pauta primordial deve ser a garantia à vida. “Devemos concentrar esforços em políticas e ações que garantam o direito à vida dos jovens, sobretudo a juventude negra”, comentou.
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O assessor da Secretaria Especial de Direitos Humanos, o pesquisador Ivair dos Santos reconhece a gravidade do problema e afirma que o combate à mortalidade juvenil dever ser a prioridade de todas as prioridades das ações do governo. Segundo ele, esses crimes não podem ser tratados simplesmente como uma questão racial. “Esse é um problema de segurança, de saúde pública, e também econômico. O país está abrindo mão de uma mão de obra importante e que tem muito a contribuir para o crescimento da economia”, alertou.
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Santos ainda denunciou a questão dos homicídios como um problema de “racismo institucionalizado” e difícil de ser combatido. Ele citou como exemplo a mídia que banaliza a questão e trata o assunto de modo sensacionalista e abusivo. “Hoje o jovem negro da periferia é tratado como uma besta fera que precisa ser combatido a todo custo”,comentou.
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A solução para o problema é o reconhecimento por toda sociedade que esse jovem está sendo massacrado e que hajam ações sociais coordenadas entre todas as esferas governamentais para combater esse mal.
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O coordenador de políticas públicas de juventude, do Ministério da Justiça, Reinaldo Gomes afirmou que o Seminário apresenta um tema que deve ser tratado como prioridade nas políticas de segurança do país, que é a “proteção à vida”.
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“Todos os aspectos que dizem respeito à segurança como a jurídica, a social, a política são muito importantes, mas a garantia do direito à vida tem que estar à frente de toda discussão nesse sentido”, comentou. Ele reconhece que o principal desafio do Governo atualmente é construir um projeto de segurança pública vinculado às políticas públicas de juventude.
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“É fato, segundo estatísticas que quem mata e morre nesse país é o jovem, em especial, o negro e pobre. Assim, devemos dar ênfase às políticas de prevenção e não repressão para diminuir as estatísticas de mortes”, afirmou.
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Ele disse que o Ministério desenvolve um trabalho junto aos estados e municípios de “repressão qualificada”, que é a valorização dos serviços de inteligência e estatísticos de combate ao crime, abordagem não letal e uso da força bruta, somente em últimos casos. “Tenho a convicção de que com a união dos esforços entre governo e sociedade temos plenas condições de estabelecer uma política sólida de proteção à vida do jovem”, concluiu. 

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