Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Incêndio do Teatro Baquet, no Porto



Correio da Manhã
Baquet’ passa este fim-de-semana por Montemor-o-Novo
Por:Ana Maria Ribeiro

Teatro: Incêndio mata 120 no Porto

Cento e vinte pessoas morreram no incêndio que destruiu o Teatro Baquet, no Porto, na madrugada de 20 para 21 de Março de 1888. A história desta tragédia é agora recordada no palco do Cine-Teatro Curvo Semedo, Montemor-o-Novo, até domingo, num espectáculo intitulado ‘Baquet’.

A partir de um texto original de Jayme Filinto, o encenador Carlos Marques evoca a história de um espaço mandado construir por um mecenas: o alfaiate portuense António Pereira Baquet, que, regressado de Espanha com dinheiro no bolso, decidiu mandar construir um teatro com o seu nome. 
Inaugurado em 1859, o Baquet teria, porém, vida curta e é a forma como terminou, engolido pelas chamas, que este espectáculo evoca. Para ver em Montemor-o-Novo sexta, sábado e domingo, sempre às 21h30.
FITEI

QUINTA-FEIRA, 2 DE FEVEREIRO DE 2012


A grande catástrofe do Teatro Baquet em cena no Cine-Teatro Curvo Semedo


A partir da obra “A grande catástrofe do Teatro Baquet. Narrativa fidedigna do terrível incêndio ocorrido na noite de 20 para 21 de Março 1888”, de Jayme Filinto.


Onde eram os camarins são os quartos, os arrumos, e o elevador. A recepção era a bilheteira, a plateia ficava situada onde hoje está o bar. De teatro resta apenas o nome e a memória que hoje remexemos.

Esta é uma história trágica que aconteceu na noite de 20 para 21 de Março de 1888 no Porto. Um espectáculo de homenagem decorria, a sala estava lotada, perfazendo cerca de seiscentos espectadores quando em menos de meia hora um fogo destruiu um teatro por completo.

Sabia que um teatro, desde que o fogo lhe pegasse, ardia depressa e não havia meio de o salvar; mas o que não sabia era que ardesse tão rapidamente.

O texto propõe uma fragmentação do discurso em vozes. A palavra e a sua escuta serão o espaço privilegiado para a emergência de imagens. Depois já só falta chegar à forma, à acção teatral (ou a sua recusa), à possibilidade de estarmos em 1888 ou de estarmos no aqui e no agora. O Teatro Baquet desapareceu ficando para a história apenas um mausoléu no cemitério de Agramonte no Porto em homenagem às vitimas desse trágico incêndio. É uma metáfora perigosa!

Estreia no dia 9 de Fevereiro, no Cine-Teatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo.





Histórias e imagens da cidade




7 de Maio de 2008


Teatro Baquet (3)


FOGO & HISTÓRIA


Da Exposição "Na 'Era dos Guilhermes'"

GUILHERME GOMES FERNANDES: UM INSPECTOR DE GÉNIO

Era Guilherme Gomes Fernandes Inspector dos Serviços de Incêndios quando, a 21 de Março de 1888, deflagrou um pavoroso incêndio no Teatro Baquet, em pleno centro do Porto.

Tendo como origem a chama de um bico de gás de uma gambiarra do palco, que pegou fogo a uma bambolina, destruiu por completo o edifício e motivou inúmeras mortes. 

Decorria uma representação e a sala acolhia muito público, o qual entrou em pânico.

Viveram-se momentos de horror, durante e após o acontecido, conforme testemunha a imprensa da época.

Uma das fontes consultadas aponta para 84 vítimas mortais e 86 feridos, enquanto outra refere que perderam a vida cerca de 170 pessoas.

A ocorrência do incêndio viu-se envolta em polémica, mormente na avaliação da sua causa, sendo alegada a falta de segurança do edifício e a demora no socorro por parte dos bombeiros.

Guilherme Gomes Fernandes previu um sinistro daquela dimensão. Inclusive, com base num relatório da sua responsabilidade, elaborado onze meses antes do incêndio, havia sido indicada a necessidade da realização de obras tendentes a criar condições de segurança no teatro, o que foi ignorado. Em consequência, entendeu oficiar às entidades competentes afirmando não se responsabilizar por o que pudesse vir a acontecer. Não obstante a sua actuação preventiva, a classe política procurou culpabilizá-lo, mas o Inspector, de consciência tranquila, decidiu fazer frente e mostrar o seu génio. O facto foi relatado na revista Ilustração, por ocasião da Grande Parada dos Bombeiros Portugueses, realizada no Porto, em 1934, num artigo intitulado "Evocação dum herói: Guilherme Gomes Fernandes, uma vida ao serviço da comunidade".


 

No dia anterior ao desastre oficiára ao vereador do pelouro de incêndios nos seguintes têrmos:
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«Faça V.Ex.ª o que quiser. Mais dia, menos dia, teremos a lamentar uma grande desgraça da qual eu não poderei arcar com a mais pequena parcela de responsabilidade. Nesse momento serei eu a pedir contas a quem, tendo o dever de evitar uma desgraça, manifestou empenho, ao que parece, de que ela sucedesse».
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Horas depois, o teatro Baquet era pasto de chamas...
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Dias volvidos, o governador civil, o presidente da Câmara Municipal do Pôrto e o vereador do pelouro de incêndios, reunidos em conselho pediram a comparência de Gomes Fernandes, a fim de se proceder - diziam êles - ao apuramento de responsabilidades.
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Na sua ignorância crassa e criminosa, aqueles três homens não viam, ou não queriam vêr que os únicos culpados de "tudo aquilo" eram êles próprios que, quando lhes falavam em prevenir a desgraça futura, faziam ouvidos de mercador e lançavam no cêsto dos papéis inuteis as reclamações feitas nesse sentido...
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No entanto, Guilherme Gomes Fernandes compareceu. Em certa altura, perante a impertinência de perguntas que lhes faziam, deu largas ao seu espírito impulsivo, e, levantando-se de chofre, replicou:
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- Alto!... Mas eu estou a ser interrogado como réu!? Não posso consentir em tal. Os que devem sentar-se no banco dos réus são V. Exas.ªs...
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E indicava nervosamente os três magnates que, repoltreados nos seus fôfos cadeirões, tomavam o aspecto de juizes sevéros e infléxiveis.
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- Sim - prosseguiu Gomes Fernandes - os senhores é que devem prestar contas á cidade. A responsabilidadedessa horrível desgraça cabe-lhes inteira pela incuria que manifestaram, apesar das minhas instantes reclamações. Bem os prevenimos.
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São, portanto, os únicos responsáveis do pavoroso desastre V. Ex.ª - e indicava o vereador do pelouro dos incêndios - sente-se aqui no meu logar.
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Se alguém têm o direito de ser juiz, nêste tristissimo caso, sou eu que procurei evitar a catástrofe por todos os meios.
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Os três "julgadores" esmagados por tão terrível acusação, decidiram dar tôdas as satisfações ao intrépido bombeiro e confessar, adentro das quatro paredes daquele gabinete, o seu misero "mea culpa".
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Mas, como as paredes têm ouvidos, tudo o que se passou nesta reunião secréta foi posto em relatório que os portuenses lêram horrorisados.


In Ilustração, 16 de Setembro de 1934

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